Pouco mais de uma semana após a explosão na plataforma PCH-1, que deixou 34 trabalhadores feridos, o Sindipetro-NF realizou, na manhã desta quarta-feira (1º), um Ato Público no heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes. A mobilização marcou o Dia do Trabalhador com denúncias sobre o clima de insegurança nas plataformas da Petrobrás na Bacia de Campos, agravado por anos de sucateamento das unidades operacionais.
O ato começou às 6h30 da manhã no Heliponto do Farol, principal base de apoio para embarque de trabalhadores na região. Com faixas, discursos e panfletagens, o sindicato dialogou diretamente com os petroleiros que embarcavam para as plataformas.
Para o coordenador geral do Sindipetro-NF, Sérgio Borges, o momento é de união e resistência: “Nesse 1º de maio realizamos um grande ato no Farol de São Thomé onde nós tivemos a oportunidade de, junto com todos os trabalhadores que estavam embarcando, fazer uma grande manifestação contra o clima de insegurança que se instalou na Bacia de Campos, principalmente a partir do sucateamento das plataformas que o Sindipetro-NF vem denunciando ao longo dos últimos anos”
O ato contou com a compreensão de todos os trabalhadores que estavam embarcando. Nessa data o Sindipetro-NF teve a oportunidade de levar para o trabalhador relatos do que está fazendo por conta do acidente em PCH-1.
O sindicato também fez o chamado aos trabalhadores para uma rodada de assembleia de 2 a 10 de maio, onde eles vão poder aprovar um manifesto e apontar os principais problemas de insegurança que se encontram hoje nas plataformas da Bacia de Campos.
“A gente espera receber essas denúncias nas próximas semanas e, com essas informações, elaborar uma grande denúncia que vamos estar enviando para o Ministério Público do Trabalho, para a ANP, para a Superintendência Regional do Trabalho, além de estar cobrando as empresas responsáveis que resolvam os problemas o mais rápido possível. A segurança e a vida do trabalhador tem que ser uma prioridade para todos” – disse o Coordenador Sérgio Borges.
Durante o ato, os trabalhadores demonstraram solidariedade às vítimas do acidente na plataforma Cherne 1 e reforçaram a importância da segurança no ambiente offshore. Um dos momentos mais emocionantes da manhã foi protagonizado pelo petroleiro Dhonatan dos Santos Xavier, que fez questão de compartilhar sua vivência e prestar uma homenagem aos colegas feridos: “A gente vai para trabalhar, não vai para brincar e a gente sempre busca o melhor. Tive alguns amigos que perdi, por erro operacional, erro de trabalho, infelizmente foram a óbito. Colaboraram demais, né, fatal! Outro amigo também de PCH-2 foi fazer a movimentação de carga, o gradeado solto, na hora que ele pegou um carrinho para movimentar, a grade correu e caiu. Se quebrou todo!” – comentou.
Também falou sobre a política de segurança e sugeriu o que os trabalhadores devem fazer: “A gente trabalha um olhando pelo outro, então é sério o que a gente faz, a gente soma com o desenvolvimento do Brasil, do país. São vidas que estão juntas. Realmente, quando essa situação acontece, muitas empresas tiram o seu da reta e a gente fica. Então, a gente que está indo trabalhar deve ficar atento a situação a bordo, fazer o cartão alerta, procurar ver o que precisa e o que não precisa na unidade. Muitas das coisas estão fora da nossa mão, nesse caso, leva para o supervisor, para a gerência Petrobras, para o fiscal da Petrobras, porque o que está errado tem que ser regularizado, tem que ser certo. É triste uma situação de acidente fatal, porque você vai embarcar e não vai retornar para casa. Do filho, e chegar e perguntar, cadê meu pai? É triste, mas…” – falou com a voz embargada. Ao final de sua fala, Dhonatan pediu que todos se unissem em uma oração pelos companheiros atingidos no acidente
O ato contou com a participação de vários diretores e funcionários do sindicato e a reforçou a disposição do Sindipetro-NF em continuar lutando por melhores condições de trabalho e segurança na Bacia de Campos, cobrando das empresas ações efetivas para evitar novas tragédias. Nos próximos dias, o sindicato elaborar o dossiê dos trabalhadores e formalizar as denúncias aos órgãos competentes.
“A vida do trabalhador tem que estar acima de qualquer meta ou lucro. Não vamos aceitar o descaso com a segurança de quem faz a indústria do petróleo acontecer”, concluiu Sérgio Borges.
Fotos: Luciana Fonseca