24 horas de advertência!

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Atendendo ao indicativo da FUP, os petroleiros estão rejeitando a proposta apresentada pela Petrobrás no dia 19 e aprovando a greve de 24 horas que o Conselho Deliberativo indicou para quarta-feira, dia 26. As assembleias já começaram no Rio Grande do Norte, Minas Gerais, Ceará, Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Duque de Caxias e Rio Grande do Sul, onde os petroleiros estão aprovando todos os indicativos da FUP. Nas demais bases, as assembleias começam no final de semana e prosseguem até terça-feira, 25.

A proposta apresentada pela Petrobrás representa aumento real entre 0,9% e 1,2%, ou seja, um desrespeito aos trabalhadores que se arriscam cotidianamente para fazer da empresa a principal locomotiva da economia do país. Além de não atender à reivindicação dos petroleiros, o índice proposto pela Petrobrás está aquém do que tem sido conquistado por outras categorias.

97% das categorias com ganhos reais

Estudo do Dieese baseado em 370 negociações coletivas do primeiro semestre deste ano apontou que 97% das categorias conquistaram reajustes que, em média, representaram 2,23% de aumento real acima do INPC. Segundo o Dieese, foi o melhor resultado das negociações salariais desde 1996.

Crise não justifica

Nada justifica os 6,5% na RMNR propostos pela Petrobrás. Usar a crise econômica internacional como desculpa não cola, muito menos os resultados temporariamente negativos da empresa alardeados pela mídia. Sabemos que essa é uma disputa política. A estimativa para o terceiro trimestre é de que os números voltem a refletir os resultados dos anos anteriores.

A Petrobrás só faz crescer e já é uma das maiores potências do setor energético mundial. Tudo isso graças à competência e aos esforços de seus trabalhadores. Portanto, além de um ganho real condizente com a importância do trabalho que realizam, os petroleiros exigem que essa campanha salarial estabeleça também regras democráticas e justas para o pagamento e distribuição das PLRs.

A greve de 24 horas na quarta-feira, 26, será de advertência. Na sexta-feira, 28, o Conselho Deliberativo da FUP volta a se reunir para discutir um calendário de luta mais contundente. Bancários e trabalhadores dos Correios já estão em greve em todo o país. Portanto, se a Petrobrás não apresentar uma proposta que contemple, os petroleiros serão a próxima categoria a cruzar os braços.

Ato unificado em São Paulo mostrou força das categorias em luta

Na quinta-feira (20), os petroleiros participaram junto com os bancários, metalúrgicos, químicos e trabalhadores dos Correios de uma grande mobilização na Avenida Paulista, em São Paulo. A concentração teve início pela manhã cedo, em frente à sede da Petrobrás, com a presença de dirigentes da FUP, do Unificado-SP e representação do Sindipetro-NF. Os trabalhadores próprios e tercerizados do Edisp aderiram à mobilização e atrasaram em três horas o expediente. 
A manifestação reuniu cerca de dois mil trabalhadores na Avenida Paulista e fortaleceu as pautas das categorias do setor privado e público que estão em campanha neste segundo semestre. A luta principal das categorias é pela valorização do salário. Outros atos unificados estão previstos para acontecer no Rio de Janeiro e em Brasília.

Terceirização faz mais uma vítima na Petrobrás

No último dia 12, mais um trabalhador terceirizado morreu em acidente na Petrobrás. Givaldo Carlos da Silva, 49 anos, era motorista da Produman Engenharia, empresa prestadora de serviços em Carmópolis, no Sergipe. Ele foi atingido pela caçamba de um caminhão basculante na Estação de produção de Bom Sucesso. Só esse ano, foram seis acidentes fatais na Petrobrás, todos com trabalhadores terceirizados. 
Mobilizações denunciaram precarização
Na quarta-feira, 19, a FUP e seus sindicatos denunciaram o aprofundamento da precarização gerada pela terceirização e cobraram responsabilidade da Petrobrás para frear esse processo.  O Dia Nacional de Luta dos Trabalhadores do Setor Privado teve adesão total dos petroleiros da Rlam, Fafen e Temadre, na Bahia, que cruzaram os braços em solidariedade aos terceirizados da Tenace, Leme e WBS, que estavam há dois meses sem receber salários. Após quatro dias de paralisação, as empresas foram obrigadas a restabelecer o pagamento dos trabalhadores. 
No Rio Grande do Norte, os petroleiros também participaram do Dia Nacional de Luta. Na base operacional do Canto do Amaro, houve adesão total do trabalhadores próprios e terceirizados, que atrasaram em mais de quatro horas o expediente. No Paraná e em Santa Catarina, o Sindipetro realizou panfletagens em todas as bases da Petrobrás e Transpetro, distribuindo um folheto explicativo sobre as condições inseguras do trabalho terceirizado na Petrobrás e as propostas da CUT para acabar com a precarização gerada pela terceirização. 
Em Pernambuco, o sindicato realizou na sexta-feira, 21, uma mobilização com os motoristas que prestam serviço para a Refinaria Abreu e Lima. No Espírito Santo, o sindicato transferiu as mobilizações para a próxima quarta-feira, 26, quando serão realizadas atividades em todas as bases, envolvendo trabalhadores próprios e terceirizados.

Explosão na Pemex mata 29 trabalhadores, dos quais 24 eram terceirizados

Menos de um mês após a explosão na maior refinaria da Venezuela, que matou 42 pessoas e deixou mais de 100 feridos, um novo acidente de grandes proporções coloca em xeque a segurança na indústria de petróleo. No último dia 18, um incêndio  no Centro Receptor de Gás Condensado da PEMEX, a estatal petrolífera do México, matou 29 trabalhadores, dos quais 24 eram terceirizados. 
Para controlar o incêndio, cujas chamas chegaram a 40 metros, foram acionados bombeiros da Pemex, do estado de Tamaulipas e do município de Reynosa, na fronteira com os Estados Unidos, onde está localizada a refinaria. Esses dois graves acidentes ocorridos na PDVSA e na PEMEX, duas gigantes do petróleo, acende a luz vermelha sobre as condições de trabalho e segurança no setor e, particularmente, na Petrobrás.
Na explosão da refinaria mexicana, cujas causas ainda são desconhecidas,  80% dos trabalhadores mortos eram terceirizados. Já na refinaria venezuelana, a explosão ocorreu após uma série de acidentes de menor proporção e em meio ao adiamento das paradas de manutenção que estavam programadas para 2011 e não aconteceram. 
Ou seja, realidades muito semelhantes a que acontece no Sistema Petrobrás, onde a FUP e seus sindicatos vivem denunciando as condições precárias de manutenção e a insegurança crônica que atinge, principalmente, os trabalhadores terceirizados. Só este ano, tivemos seis companheiros mortos em acidentes na empresa, todos eles terceirizados.  Desde 1995, a FUP vem chamando a atenção para essa situação. De lá pra cá, 317 petroleiros morreram em acidentes na Petrobrás, dos quais 257 eram terceirizados.  Assim como na explosão da refinaria da PEMEX, 80% das vítimas eram trabalhadores terceirizados.

Retomar a luta contra os leilões de petróleo

O  ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou recentemente que o governo deverá retomar no próximo ano os leilões de blocos petrolíferos, que estavam suspensas desde 2009. Segundo ele, serão realização duas sequências de licitações em 2013, sendo que a 11ª Rodada está prevista para maio, com a oferta de 174 blocos de petróleo e gás, dos quais 87 em terra e 87 em áreas do pós-sal no mar, principalmente no litoral Norte e Nordeste. 
A realização desses leilões, no entanto, ainda está condicionada à aprovação do novo modelo de distribuição dos royalties do pré-sal, cujo Projeto de Lei do governo continua aguardando votação na Câmara dos Deputados Federais. A FUP considera um erro o governo colocar em pauta novamente os leilões de concessão de petróleo e gás, recursos cada vez mais estratégicos para as nações. Em reuniões com o próprio ministro Lobão, a Federação já havia expressado o seu posicionamento e cobrado o cancelamento de todos os processos licitatórios.
A FUP, portanto, convoca os trabalhadores a retomar a luta contra os leilões de concessão do nosso petróleo e gás. O que está em jogo é a soberania nacional. Mais do que nunca, precisamos fazer andar no Senado o Projeto de Lei dos movimentos sociais (PLS 531/2009), que defende a retomada do monopólio estatal através de uma Petrobrás 100% pública.
 “A retomada dos leilões de petróleo e gás significa um imenso prejuízo à nossa soberania e ao futuro do Brasil enquanto nação. O petróleo é e continuará sendo por décadas um recurso estratégico para o desenvolvimento das nações, portanto não deve ser disponibilizado para interesses privados, principalmente estrangeiros, que têm o lucro em primeiro lugar, colocando em risco o futuro das novas gerações”, afirma o coordenador da FUP, João Antônio de Moraes
É bom lembrar que a OGX, do empresário Eike Batista, foi criada especialmente para disputar a 9ª Rodada, em 2007, último leilão de petróleo no mar, que privatizou blocos estratégicos, inclusive, no pré-sal. Com a ajuda de ex-executivos da Petrobrás, Eike arrematou algumas dessas valiosas áreas e fez de sua empresa uma das principais concorrentes da estatal brasileira.