O Sindipetro-NF realiza nesta manhã bloqueio do acesso aos voos para as plataformas da Bacia de Campos que partem do Aeroporto Bartolomeu Lisandro, em Campos dos Goytacazes. O ato marca a passagem do Dia Mundial em Memória das Vítimas das Doenças e Acidentes de Trabalho, neste 28 de Abril.
“Hoje é dia de refletir sobre segurança e de protestar contra a insegurança nas unidades das empresas do setor petróleo. Um incêndio recente e a queda de uma ponte na P-48 deixaram a clara certeza de que a gestão da Petrobrás está trabalhando com descaso e tratando a segurança como agenda secundária. Não podemos permitir essa irresponsabilidade”, afirma o coordenador do Sindipetro-NF, Marcos Breda.
Um dos exemplos de prática da empresa que leva à insegurança, citado por Breda durante o ato, é a redução do efetivo, que provoca o aumento de trabalho por empregado. Segundo ele, há operadores fazendo tarefas que caberiam a três ou mais trabalhadores.
Justamente para garantir a segurança, o sindicato conquistou a limitação de sete PTs (Permissões de Trabalho) por petroleiro, mas o sindicalista adverte que este é um teto, e não um número obrigatório.
“O máximo é de sete PTs, mas cabe ao trabalhador avaliar quantas poderá fazer, de acordo com a complexidade e os riscos de cada atividade. Tem gerência desvirtuando isso, achando que o trabalhador tem que necessariamente cumprir as sete. O petroleiro é que tem que avaliar quantas será possível executar com segurança”, explica Breda.
O também diretor do Sindipetro-NF, Valdick Souza, lembrou que a realidade de insegurança está muito próxima dos trabalhadores, não podendo mais ser considerada como “algo que só acontece com os outros”. Segundo ele, “todo mundo conhece alguém que se acidentou no trabalho, foi mutilado ou até morreu. Este tema tem que ser motivo de reflexão constante dos trabalhadores, não apenas no dia de hoje”, defende.
O protesto desta manhã parou 13 voos: dois para PGP-1, dois para PCH-1, dois para P-62 e um para cada uma das plataformas P-25, P-54, PCH-2, PCP-2 , PRA-1, PVM-2 e PVM-3, somando cerca de 150 petroleiros de braços cruzados até às 12h.
O sindicato denuncia as condições inseguras de trabalho nas áreas operacionais da Bacia de Campos. Nos últimos 20 anos, 365 trabalhadores morreram no setor petróleo no Brasil, vítimas de acidentes de trabalho. Destes, 297 eram terceirizados, as maiores vítimas da precarização. Uma tragédia que a Petrobrás continua perpetuando, ao insistir em descumprir normas e procedimentos de segurança.
Além de Marcos Breda e Valdick Souza, também participam do ato nesta manhã os diretores do Sindipetro-NF Luiz Carlos Mendonça, Leonardo Ferreira, Rafael Crespo, Sérgio Borges, Antônio Abreu e Alessandro Trindade.
Militantes do MST também se somam aos petroleiros no protesto, contribuindo no bloqueio do acesso ao local de embarque para os voos da Bacia de Campos, no aeroporto. O bloqueio dos voos para as plataformas não atinge os voos comerciais do aeroporto, operados a partir de outro saguão.
Atividades nacionais
Nacionalmente, outros sindicatos petroleiros realizam atividades para marcar a data e a CUT destaca a recente tragédia de Mariana (MG).
Porque 28 de abril
Em 1969, no dia 28 de abril, uma mina explodiu nos Estados Unidos, matando 78 mineiros. A tragédia fez com que os trabalhadores passassem a reconhecer essa data em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho.
Em vários países, o movimento sindical transformou o dia em atos de denúncia e protesto, dando visibilidade às doenças e acidentes do trabalho e aos temas relacionados à saúde do trabalhador. Em 2003, a OIT integrou oficialmente o 28 de abril ao seu calendário de lutas. Dois anos depois, a data passou a ser reconhecida também no Brasil, através da Lei 11.121/2015.
[Atualizado às 11:12]