O Sindipetro-NF passa esta segunda-feira, 28 de abril, Dia Mundial da Segurança e Saúde no Trabalho e também Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho, dedicado a ações sindicais ainda marcadas pela a explosão em PCH-1, no último dia 21, na participação das investigações e no acompanhamento das vítimas.
O coordenador geral, Sérgio Borges, e a assistente social da entidade, Daniele Araújo, vão conceder entrevista coletiva às, 15h, na sede de Campos dos Goytacazes, para informar à sociedade sobre os desdobramentos do caso e compartilhar relatos dramáticos dos trabalhadores sobre as circunstâncias do acidente e sobre as falhas na evacuação da plataforma.
A entidade participa da comissão de investigação do acidente, representada pela diretora Bárbara Bezerra. Também está programada, par esta semana, um embarque em PCH-1 do coordenador do Departamento de Saúde do sindicato, Alexandre Vieira.
Encartada na edição desta semana do Nascente, vai circular uma edição especial (disponível aqui) totalmente dedicada ao 28 de Abril, com as ações da entidade na área de saúde e segurança. Com edição concluída uma semana antes do acidente em PCH-1, a publicação já alertava para as condições precárias das áreas operacionais da Petrobrás.
“Um dos relatos mais comuns é a precariedade na habitabilidade: comida ruim, falta de limpeza, troca de roupa de cama e outras questões relacionadas, como problemas no ar-condicionado, principalmente no verão. Quanto às áreas operacionais o que se tem visto é uma frequência muito alta na queda de objetos devido a corrosão. O que infelizmente tem chegado mais pelos avisos da Petrobrás sobre as comissões, do que pela categoria. O que traz uma conformidade perigosa. Não pode ser normal peças pesadas caindo a esmo. Nos demais casos, acidentes com a movimentação de materiais, vazamentos e incêndios vêm sendo os de maior ocorrência”, afirma Vieira, em entrevista publicada no boletim.
Entre as ações do NF destacadas pela publicação está a pesquisa sobre a Covid-19 longa em trabalhadores offshore, realizada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) com o apoio do sindicato. O estudo faz parte do projeto Rede Trabalhadores & Covid-19 e visa entender os impactos da doença nesses trabalhadores, afetados principalmente por surtos em plataformas e refinarias.
O Sindipetro-NF tem mobilizado a categoria a participar do projeto, tanto por meio de abordagens nos aeroportos quanto por contatos diretos por whatsapp. Os pesquisadores precisam coletar amostras de sangue e urina para identificar comorbidades relacionadas à condição pós-covid-19 bem como os impactos da doença em trabalhadores offshore.
O sindicato também vai dedicar o programa NF ao vivo de abril, que será veiculado nesta quarta, 30, às 19h30, ao tema da segurança, com uma avaliação do quadro geral das condições enfrentadas pelos petroleiros e petroleiras e os últimos informes sobre o caso PCH-1.
Além disso, a entidade convocará assembleias para que os trabalhadores listem, coletivamente, os problemas operacionais nos seus locais de trabalho, com o objetivo de mapear as condições de saúde e segurança. Confira aqui um chamado do coordenador Sérgio Borges.
Cenário geral dos trabalhadores brasileiros
Como ampliação do 28 de Abril, todo o mês passou a ser dedicado à conscientização sobre a relevância de prevenir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, no chamado Abril Verde.
De acordo com pesquisas e estudos, um dos maiores desafios encontrados no local de trabalho são às Lesões por Esforços Repetitivos e Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho – LER/Dort, que tem um dia específico para sensibilização, comemorado em 28 de fevereiro. Essas lesões, provocadas por esforços repetitivos e movimentos inadequados, afetam milhares de trabalhadores e podem ser prevenidas por meio da ergonomia, organização do trabalho e adoção de práticas adequadas no ambiente de trabalho.
As doenças respiratórias, como asma e bronquite, são comuns em ambientes com exposição a substâncias tóxicas, enquanto as dermatites afetam trabalhadores que lidam com produtos químicos irritantes. A perda auditiva induzida por ruído, doenças cardiovasculares e até cânceres ocupacionais, como o câncer de pulmão, também estão entre as preocupações mais graves.
Nos últimos anos, as doenças psicossociais têm se destacado, com o crescimento de transtornos mentais como ansiedade, depressão e síndrome de burnout provocados por ambientes de trabalho prejudiciais. Os especialistas informam que esses distúrbios não só comprometem a saúde mental dos trabalhadores e das trabalhadoras, mas também impactam a produtividade e o clima organizacional.
Em 2024, segundo o Ministério da Previdência Social – MPS, o Brasil registrou 472.328 afastamentos por transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Esse dado indica um aumento preocupante de 68% em comparação ao ano anterior, refletindo a crescente preocupação com a saúde mental no ambiente de trabalho.
Remígio Todeschini, diretor de Conhecimento e Tecnologia da Fundacentro, esclarece que, para que o Abril Verde se efetive, é fundamental que trabalhadores e CIPAs tenham participação ativa, exigindo sempre melhores condições de trabalho. “É necessário promover uma integração efetiva entre Trabalho, Saúde e Previdência, por meio de um plano de ação conjunto, restabelecendo, na íntegra, o Decreto nº 7.602/2011, afirma.”
O chefe do Escritório Avançado do Paraná da Fundacentro, Adir de Souza, salienta que o Abril Verde nasceu do compromisso com a vida e da urgência em transformar a realidade de milhares de trabalhadores e trabalhadoras expostos a riscos todos os dias. Para Adir, “cultivar uma cultura de prevenção é mais que uma escolha — é um ato de respeito, cuidado e responsabilidade, porque nenhuma vida deve ser perdida por falta de segurança”. Adir é um dos nomes que contribui de forma significativa para a consolidação do Movimento Abril Verde, em especial no estado do Paraná.
[Da Imprensa do NF e da Ascom Fundacentro]