O movimento sindical petroleiro não nega uma tendência ao teletrabalho em grande parte das atividades do setor petróleo, mas cobra que possíveis mudanças nas empresas sejam feitas por meio de negociação com as entidades dos trabalhadores e das trabalhadoras, os maiores atingidos pelos impactos do home office. Na Petrobrás, há pelo menos duas referências a serem consideradas para esta negociação: o conjunto de propostas formuladas pela FUP e a experiência com os comitês que avaliam pedidos de redução de jornada.
Este é o recado central de mesa concluída há pouco, no 2º Conperj (Congresso dos Petroleiros e das Petroleiras do Rio de Janeiro), que reúne delegados e delegadas das bases do Sindipetro-NF e ao Sindipetro-Caxias, além de militantes da Oposição-RJ. Participaram como expositores a diretora da FUP, Cibele Vieira, e o técnico do Dieese-NF, Carlos Takashi, em conversa moderada pela diretora do Sindipetro-Caxias, Aline Babinsck, e pelo diretor do Sindipetro-NF, Silvando Nascimento.
Cibele lembrou que já havia, na Petrobrás, um projeto piloto de adoção do home office há cerca de um ano da pandemia. O que a empresa fez em 2020, explica, foi ampliá-lo e, agora, pretende adotá-lo no pós-pandemia, sem discussões com as entidades. “É praticamente um novo regime, que não foi negociado com o sindicato”, condena a sindicalista.
Ela criticou o modo como a gestão da empresa quer deixar em aberto os critérios para escolha de quem poderá e quem não poderá atuar em teletrabalho, deixando essa decisão nas mãos dos gerentes.
A sindicalista listou ainda algumas das preocupações presentes na proposta da FUP para o tema, como as que envolvem segurança da informação, ergonomia, atuação da Cipa, controle de jornada e direito à desconexão, além dos custos para manutenção de uma estrutura de trabalho em casa.
Até o momento, o único ambiente institucional para tratar destas questões tem caráter de “acompanhamento”, sem negociações com a empresa, que é o GT (Grupo de Trabalho) conquistado no Acordo Coletivo da categoria. “É um desafio, ninguém quer ficar parado no tempo, mas temos que conseguir uma regra segura”, pontuou Cibele.
Pesquisa Dieese-NF
Técnico da subseção do Dieese no Sindipetro-NF, o economista Carlos Takashi apresentou dados de pesquisa realizada na base do Norte Fluminense sobre os impactos do teletrabalho. Em geral há uma predisposição da maior parte da categoria do administrativo em adotar de forma definitiva o home office, mas são apontadas preocupações com os impactos na saúde, no orçamento e no controle de jornadas, entre outros pontos que estão sendo estudados pela entidade.