Diretora do NF destaca debates do Encontro Nacional de Mulheres no NF

Começa hoje e segue até o domingo, 22, o 4º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras da FUP, que reúne petroleiras de diversas bases do país. Estarão em debate, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé, a agenda nacional das trabalhadoras do setor petróleo e as condições das mulheres em nossa sociedade.

As atividades do sábado são abertas à comunidade. Para participar, basta fazer a inscrição no local do evento. Confira a programação na íntegra em bit.ly/1V9mI6J.

Em entrevista publicada pelo Nascente desta semana, a diretora do sindicato, Conceição de Maria Rosa, destaca os pontos que serão discutidos no evento. Confira:

Nascente – O Encontro Nacional acontece neste momento em que um governo federal interino nomeia todo um ministério composto apenas por homens. Qual o tamanho do retrocesso você avalia estar em curso por estes dias?

Conceição – Um cenário crítico que sufoca os avanços conquistados. Só nomeou homens e coloca em extinção a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPPM), que era o orgão implementador das políticas públicas e sociais para as mulheres no Brasil. O Encontro será uma grande reflexão da conjuntura atual. Retrocessos como esses nos dão força para a organização das próximas lutas.

Nascente – Os debates do evento não se limitarão à conjuntura. Há pautas históricas das petroleiras. Quais delas você poderia destacar?

Conceição – O Coletivo de Mulheres Petroleiras realiza o Encontro desde 2013. Os avanços se dão quando atualmente os eventos da FUP têm que garantir percentual (17%) da participação de gênero feminina nos Congressos Regionais e Nacionais, Seminários e Fóruns. Adequação do uniforme feminino no trabalho, as salas de aleitamento, a paridade da CUT Nacional, o funcionamento de creches e recreação nos Encontros Nacionais (facilita o acompanhamento dos filhos e filhas), o Sindipetro-NF garantir nas chapas eleitorais a participação de 30% de mulheres, segundo Estatuto, entre outros. São as mulheres petroleiras com encaminhamentos e deliberações para facilitar a participação feminina no setor petróleo.

Nascente – No sindicalismo também é pequena a participação da mulher, especialmente em categorias majoritariamente integradas por homens, com a dos petroleiros. Para você, quais são os principais obstáculos para esta participação?

Conceição– As mulheres, muitas vezes, não se aproximam pois está inculturado que o sindicalismo é para homens e nesse processo se afastam pois vêem o movimento como confronto à luta diária, em que há necessidade de dedicar tempo fora do horário de trabalho e longe do seio familiar. Teremos que implementar formação sindical e setoriais nas bases para que haja o entendimento de que temos que colaborar para o debate da questão de gênero.

Nascente – Qual avaliação você faz da atuação do Sindipetro-NF no tratamento das questões de gênero na categoria. O que está sendo feito e o que ainda há por fazer?

Conceição – Precisaremos debater, construir, avançar muito, muito e muito, e acreditar que as mulheres petroleiras estão lado a lado para a luta de classes, para os dissídios salariais, porém querem protagonizar a construção de um espaço sem machismo, sem sexismo e sem preconceitos e garantia da participação nas chapas sindicais.