Nascente 941

  Nascente 941 

 

 

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EDITORIAL

Tenha juízo, prefeito

O Sindipetro-NF voltou a repudiar, na semana passada, declarações do prefeito de Macaé, Aluízio dos Santos Júnior, em favor de projeto que quer facilitar a entrega do pré-sal para as empresas estrangeiras do setor. O governante havia defendido suas posições em audiência na Câmara dos Deputados, em Brasília.
A argumentação desse tipo de gestor de pensamento neoliberal é o de que o dinamismo da economia está baseado no aporte de capitais privados, pouco importando que estes capitais sejam voláteis, criem pouco ou nenhum lastro local, não tenham responsabilidade nacional ou regional, não estejam relacionados a um projeto de sociedade.
Macaé tem sido beneficiada por décadas de atuação da Petrobrás — embora em razão dela também sofra todos os impactos urbanos em razão da ausência de planejamento e de boas políticas públicas. Era de se esperar que os representantes formais do município retribuíssem essa relação histórica com o mínimo de zelo nos posicionamentos em relação à empresa.
Na mesma audiência da qual participou o prefeito, o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Cloviomar Cararine, apresentou dados que mostram os impactos positivos da produção do pré-sal em investimentos, lucros, salários, juros e posicionamento do País em acordos geopolíticos. É estratégico, portanto, que todo este potencial esteja sob o comando do Brasil e dos brasileiros.
Utilizar o momento adverso pelo qual passa a Petrobrás para fazer coro com aqueles que sempre pretenderam dilapidá-la é uma atitude antinacionalista e até mesmo contraproducente sob o ponto de vista da economia local. Ao agir desse modo, o prefeito joga contra o município e contra os seus munícipes.
O NF espera que o governante reflita sobre estes pontos e se coloque aberto ao diálogo para entender este tema pela ótica alternativa àquela que tem origem nos grupos aos quais deve fidelidade partidária. Os interesses do povo devem estar acima dos interesses circunstanciais da política eleitoral. A Petrobrás é um patrimônio que nos foi legado por várias gerações e pelo qual temos o dever de zelar para as futuras gerações.
Tenha juízo, prefeito.

ESPAÇO ABERTO

Dilma e a história no último grau*

Altamiro Borges**

Boa parte da população brasileira estava querendo saber o que a oposição que gritava ‘Fora Dilma’ tinha para apresentar como solução ao país. E o que está sendo apresentado não vai até a esquina de uma disputa eleitoral. Façamos um teste rápido, pois.
Qual a porcentagem de votos que você acha que teria um candidato que defendesse o seguinte programa no debate eleitoral?

– Fim do Ministério da Cultura. [Revisto após muita pressão]
– Diminuição do SUS e ampliação do atendimento por planos de saúde.
– Aposentadoria no mínimo aos 65 anos para homens e mulheres.
– Reajuste diferenciado do salário mínimo para trabalhadores da ativa e aposentados.
– Fim do reajuste do salário mínimo com base na inflação e no crescimento do PIB.
– Interrupção do Minha Casa Minha Vida.
– Redução em até 30% dos recursos para o Bolsa Família.
– Privatização de bancos públicos como o BB e a CEF.
– Privatização da Petrobras.
– Abrir o governo para indicações políticas de Eduardo Cunha.
– Convocação de sete políticos investigados na Lava Jato para assumir cargos em ministérios.
Quantos votos você acha que este candidato teria?

E, por este motivo, é muito provável que o governo Temer não se legitime. Dilma parece ter convicção de que isso vai acontecer. E, ao mesmo tempo em que luta para reassumir o governo, parece estar disposta a negociar uma outra solução, se necessário for, para defender a democracia.
Ela não diz isso claramente, mas deixa nos detalhes de algumas de suas falas frestas abertas para essa possibilidade.
Por isso, não é exagero dizer que o que está acontecendo no Brasil hoje é história no último grau.

* Trecho de artigo publicado originalmente no blog do autor, em bit.ly/1OL2NUO. **Jornalista.

 

GERAL

Um caso claro de assassinato

O Departamento Jurídico do Sindipetro-NF está preparando denúncia para ingressar nos próximos dias, no Ministério Público do Trabalho, na Agência Nacional do Petróleo e na polícia, com queixa crime contra a a Petrobrás, por flagrantemente ter incorrido em negligência em relação à conservação dos pisos de algumas plataformas da Bacia de Campos, entre elas PCH-2, onde morreu um petroleiro nesta semana.
O sindicato está fazendo levantamento de atas de cipas, denúncias publicadas no Nascente e relatos de trabalhadores e diretores sindicais para subsidiar a denúncia. O sindicato pedirá, na queixa crime, a interdição de todas as áreas com problemas no piso até a correção das instalações.
A tragédia
Movimentador de cargas da empresa RIP Serviços Industriais, Victor Geraldo Brito, 29 anos, caiu de um piso na plataforma PCH-2, no domingo, 22, e não resistiu ao impacto. O diretor do NF Wilson Reis representa o sindicato na comissão de investigação do acidente e embarou na segunda, 23, e desembarcou na quarta, 25,da unidade.
“O que vimos lá é que a grade do piso gradeado estava solto, sem fixação na estrutura da plataforma, e o trabalhador caiu com piso e tudo de uma altura de 12 metros”, afirma o sindicalista, que trabalha agora na produção do relatório sobre o caso.
Ainda jovem, casado e sem filhos, o trabalhador morava em Campos dos Goytacazes, onde foi sepultado após ter o corpo velado em uma igreja evangélica.
Ao mesmo tempo em que manifestou as suas condolências à família do trabalhador neste momento de dor, o sindicato condenou em seu site a insegurança no trabalho, que tem levado a centenas de mortes, mutilações e adoecimentos na Bacia de Campos nos últimos anos. As vítimas mais frequentes da insegurança do trabalho são os petroleiros das empresas privadas do setor petróleo, que prestam serviço à Petrobrás.
Informe ao sindicato
O Sindipetro-NF mantém a orientação para que os trabalhadores que tiverem informações sobre as circunstâncias do acidente em PCH-2, ou sobre condições inseguras de trabalho em qualquer unidade, para que as enviem para [email protected].

Mulheres são as primeiras vítimas

A resistência a um golpe contra a primeira mulher a presidir o País, Dilma Rousseff, foi um dos principais temas tratados durante o 4º Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras, no último final de semana, na sede do Sindipetro-NF, em Macaé. Uma das integrantes da mesa de abertura do evento, na noite da sexta, 20, a militante do Levante Popular da Juventude, Julia Garcia de Souza Silva, defendeu que dentro da categoria petroleira sejam criados planos para combater uma conjuntura que coloca as mulheres como primeiras atingidas.
Representante da Marcha Mundial das Mulheres, Elaine Bezerra também destacou que as mulheres são as principais vítimas do golpe, assim como negros e LGBTs. Para a dirigente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Fátima Maria de Oliveira, o encontro consolidou a organização de uma Secretaria de Mulheres da FUP. Ela e a representante da CUT, Marlene Miranda, avaliam que a interrupção do mandato da presidenta Dilma Roussef é um golpe e que se faz necessário restabelecer as bases de um governo democrático.
Entre os destaques da programação também estiveram as participações da representante da UNE (União Nacional dos Estudantes), Simone Claudino, da coordenadora do Coletivo de Mulheres Petroleiras, Rosângela Maria, da coordenadora Geral do Sindipetro Unificado de São Paulo, Cibele Vieira, da professora do IFF (Instituto Federal Fluminense), Guiomar do Rosário Barros Valdez, e da diretora do Sindipetro-NF, Conceição de Maria Rosa.

Repúdio ao ataque de Temer

A FUP e a CUT divulgaram nota conjunta na terça, 24, onde repudiam as medidas anunciadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer. O documento destaca o ataque à soberania nacional na exploração do pré-sal e denuncia que intenção dos golpistas é entregar “a mais cobiçada reserva de petróleo do planeta” às multinacionais.
Confira abaixo trechos do documento. A íntegra está disponível em http://bit.ly/1RqJlfZ.

“A FUP e a CUT repudiam as medidas anunciadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer, entre elas a intenção de abrir a exploração do Pré-Sal para as multinacionais. Como vínhamos alertando, o principal objetivo dos golpistas é tomar de assalto a mais cobiçada reserva de petróleo do planeta. Um tesouro que os especialistas estimam conter no mínimo 273 bilhões de barris de óleo.
Quando Temer anunciou nesta terça-feira (24) que irá priorizar a aprovação do Projeto de Lei 4567/16, que tira da Petrobrás a garantia de ser a operadora única do Pré-Sal e de ter participação mínima de 30% nos campos licitados, começou a pagar a conta dos financiadores do golpe.
Abrir a operação do Pré-Sal para as multinacionais é o primeiro passo para acabar com o regime de partilha, conquistado a duras penas pelo povo brasileiro para que o Estado possa utilizar os recursos do petróleo em benefício da população.
Além de ser a única petrolífera que movimenta a cadeia nacional do setor, gerando empregos e investimentos no país, a Petrobrás é também a única empresa que detém domínio tecnológico para operar o Pré-Sal com custos abaixo da média mundial. Menores custos significam mais recursos para a educação e a saúde, setores que o governo ilegítimo de Michel Temer anunciou que serão contingenciados. […]
Se a Petrobrás deixar de operar o Pré-Sal, nenhuma outra petrolífera investirá em nosso país, movimentando a indústria nacional, como faz a estatal brasileira. Mais de 90% das contratações do setor no país são feitas pela Petrobrás. Nenhum navio, sonda ou plataforma foram produzidos no Brasil a pedido das multinacionais que operam no país.
Os trabalhadores e a sociedade organizada não permitirão que o Pré-Sal seja entregue à Chevron e às outras multinacionais, como prometeu José Serra, autor do projeto de lei que Michel Temer que aprovar. Essa conta não será paga pelo povo brasileiro.”

Categoria abre Congrenf dia 31

Delegados das bases petroleiras da região e convidados participam na próxima semana do 12º Congresso Regional dos Petroleiros, que será aberto às 18h da terça, 31, na sede do sindicato, em Macaé, com representantes de entidades da categoria e dos movimentos sociais, como FUP, MST, CUT, UNE, CTB, CNRQ, MPA, Levante Popular da Juventude e os anfitriões, o Sindipetro-NF. Após a mesa de abertura, haverá palestra e debate com o deputado federal Wadih Damous (PT-RJ) e com o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel, sobre a conjuntura política nacional.
Na quarta, 01, após aprovação do regimento interno do congresso, serão realizadas três mesas nos períodos da manhã e da tarde, sobre “Impactos da Terceirização na Organização do Trabalho na Saúde dos Trabalhadores”, “Democratização da Comunicação” e “Norma Regulamentadora para Plataformas”.
E na quinta, 02, mesa pela manhã com o Dieese debaterá a “Conjuntura econômica e os riscos aos direitos e conquistas sociais”. No período da tarde, serão discutidas as pautas de reivindicações dos petroleiros e a construção de uma greve geral, além de eleição de delegados à Plenafup (Plenária Nacional da FUP).

 

CURTAS

12º Futsal

Começa no próximo dia 30 e segue até 10 de junho o prazo de inscrições para o 12º Torneio de Futsal do Sindipetro-NF. As inscrições podem ser encerradas antes do fim desse período se for atingido o número máximo de 16 equipes. A previsão inicial é a de que o torneio seja realizado em agosto, mas local e data ainda estão em fase de confirmação. Mais informações com Paulinho, funcionário do sindicato, em horário administrativo (22-27659550).

NF na Anapar

Os diretores do Sindipetro-NF Antônio Alves da Silva e Francisco Antônio da Silva foram eleitos para gestão 2016/19 da Anapar (Associação Nacional dos Participantes de Fundos de Pensão), em congresso nacional da entidade realizado nos últimos dias 19 e 20 de maio, em Belo Horizonte. O primeiro será titular no Conselho Fiscal, enquanto o segundo será diretor de Comunicação.

Cultura negra

Com apoio do Sindipetro-NF e da FUP acontece nos dias 7 e 8 de junho a Conferência Sublime Ancestralidade – Expressões Culturais Negras e Formação da Idendidade Brasileira, na sede da OAB no Rio de Janeiro. O evento tem como objetivo aprofundar, a partir de dados científicos, as expressões culturais negras e o papel que as mesmas ocupam na formação da identidade brasileira. Confira a programação em bit.ly/1NN5sTj.

Petroenge

O Sindipetro-NF recebeu nesta semana denúncia de que a empresa Petroenge Petróleo Engenharia atrasou o pagamento de salários e o plano de saúde desse mês, o que tem causado desconforto entre os usuários e familiares. Apesar da Petroenge não ser representada pelo Sindipetro-NF, o sindicato acompanha atentamente o caso.

 

OCUPA – Professores e estudantes, entre outros militantes sociais, ocuparam nesta semana, em Campos dos Goytacazes, a sede da Coordenadoria Regional de Educação, do governo do estado do Rio. O Sindipetro-NF apoiou o movimento, com as presenças dos diretores Luiz Carlos Mendonça, Leonardo Ferreira e Alessandro Trindade.

DIRETO DA TERRA – Os assentamentos do MST em Campos dos Goytacazes realizaram na manhã da quarta, 25, uma feira agroecológica na sede do Sindipetro-NF. Estiveram à venda produtos como laranja, abacaxi, melado, cachaça e compotas. Esse é um projeto inicial conjunto do MST e NF, que pretende realizar uma feira mensal, sempre casada com dias de reunião dos aposentados. Os assentamentos participantes são Zumbi dos Palmares, Paz na Terra, Luiz Maranhão, Oziel Alves e Dandara.

NORMANDO

Normando Rodrigues*

Convido a um exercicio de imaginação, na esperança de que seja didático para o esclarecimento dos iludidos de boa fé. É sempre odioso apartar agrupamentos. Porém, convenhamos, os que nutrem má fé quanto ao que aqui abordaremos são, no mínimo, indesejáveis na discussão que pretendemos desenvolver.
Imagine que tratamos aqui de escutas telefônicas. Em nada importa que sejam judicialmente autorizadas ou não, lícitas ou não, ou seletivamente divulgadas para favorecer ou atacar essa ou aquela personalidade. Seja honesto consigo mesmo. Você nunca se importou com esses detalhes quando o Partido da Imprensa Golpista revelou gravações.
Para nosso exercício, contudo, é necessário que o hipotético cenário imaginado ultrapasse o lugar comum dos enredos da Rede Globo. Dessa vez não gravaram Lula a declarar o quão covarde é o STF. Nem gravaram Dilma a dizer que não tem provas de que é golpe, mas que o declara porque a literatura jurídica permite.
Gravaram gerentes
Construa em sua mente uma narrativa na qual viessem a público gravações de diálogos entre gerentes da Bacia de Campos. Algo a respeito de uma hipotética corrosão de hipotéticos pisos e seus suportes, na hipotética plataforma de Cherne II. Um diálogo no qual a identificação do problema fosse clara e inequívoca há uns 6 anos.
Nessa ficção você leria o necessário alerta, seguido de sua desconsideração, por ação ou omissão gerencial, admissível, todavia, uma hipotética fala parecida com “espera! Vamos desabitar essas após a experiência das Vermelhos. Pra que manutenção, agora?”
Em seguida há uma hipotética ocorrência trágica: um trabalhador “vaza” piso corroído, cai 12m e morre. É claro que você gritaria “homicídio!”, e se vestiria de amarelo para sair às ruas e protestar, não? Não. Você não levantaria de seu sofá, nem deixaria de assistir o Bonner.
Patrão manda
Seu patrão te quer na rua para dar um golpe. E você vai. Mesmo que Romero Jucá te demonstre que é golpe. E seu patrão não quer que você se indigne contra o assassinato de um trabalhador. E você não se indigna.
Não adianta contar para você o nome do trabalhador assassinado em Cherne II. Nem que ele tinha família, sonhos, e expectativa de vida. Você, como bom cristão, no maximo rezará pela alma do falecido…
E, de resto, continuará a apoiar golpes contra os trabalhadores, e mesmo seus assassinatos. Tudo porque você acha que, tendo algum patrimônio, deve pensar como rico.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]