Editorial do Nascente: Machismo petroleiro

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

A categoria petroleira, majoritariamente formada por homens, tem a oportunidade histórica de dar uma grande contribuição para o movimento sindical e social, ao enfrentar o debate acerca do machismo e mostrar que este é um tema de toda a sociedade, e não apenas das mulheres. Impulsionado pelo caso dramático da adolescente vítima de estupro coletivo no Rio, a violência contra a mulher ganhou centralidade e as pautas femininas, há muito conhecidas das entidades da área, tiveram visibilidade. 

A tolerância da sociedade para casos cotidianos de estupro, ao mais ocultar do que registrar este tipo de violência, é um traço cultural perverso que precisa ser superado. Também são minimizadas outras formas de crimes contra as mulheres, como o feminicídio.

Matam-se muitos homens também, poderão pensar alguns, mas nenhum deles em razão apenas do fato de serem homens. Contra as mulheres – e também contra outros grupos oprimidos – a agressão, o estupro, o assassinato tem como origem justamente a condição feminina. Trata-se claramente de um crime decorrente do sexo da vítima. De acordo com documento do Movimento Chega de Estupros em Rio das Ostras, citando dados do Ipea, estima-se que mais de 50 mil feminicídios ocorreram no Brasil entre 2001 e 2011. Na região dos Lagos, pelo menos três casos ocorreram nos últimos dias sem que houvesse a divulgação devida e uma esperada comoção social.

Na categoria petroleira, a cultura do machismo é reproduzida diariamente, assim como ocorre nas demais coletividades profissionais eminentemente masculinas e, tamanha é a sua força, que verifica-se a sua presença até mesmo entre as mulheres.

“O controle cotidiano sobre os nossos corpos e nossas roupas, sobre nossos projetos de vida e nossa capacidade de reprodução são formas naturalizadas da mesma violência machista, que é tolerada e fomentada pela grande imprensa; pelas religiões conservadoras e por forças políticas retrógradas que dominam a cena nacional”, aponta o Movimento Chega de Estupros, ilustrando aspectos da dominação masculina.

No movimento sindical petroleiro, algumas ações têm ganhado impulso para fazer frente a esta realidade, como as cotas por gênero das delegações e diretorias, a atuação do Coletivo de Mulheres Petroleiras e os debates do Encontro Nacional de Mulheres Petroleiras. Mas ainda é preciso mais para que esta consciência cresça entre todos os homens e mulheres também da categoria.

 

[Leia aqui outros textos da edição do Nascente desta semana]