Do boletim Nascente 954
Assembleias que começaram nesta semana, pelos grupos de Cabiúnas, estão aprovando indicativo do Sindipetro-NF de realização de um protesto com duração de 48 horas nas plataformas e no terminal, a partir de 0h do próximo dia 31. O indicativo do sindicato também será avaliado pelos petroleiros das plataformas, de amanhã a domingo, com retorno das atas até às 12h da segunda, 29.
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“Essa mobilização tem um tempero especial. Os petroleiros de Cabiúnas vão mostrar que estão prontos para resistir também às investidas de privatização da Transpetro, perda de emprego dos petroleiros e ao ataque à soberania nacional”, afirma Cláudio Nunes, um dos diretores do NF e que também enfrenta a perseguição autoritária da gerência da unidade.
Por uma questão estratégica do movimento sindical, o tipo de mobilização só será anunciada pelo Sindipetro-NF às vésperas da mobilização, repetindo procedimento adotado em protestos recentes com resultados favoráveis aos trabalhadores.
A data escolhida para o início da mobilização faz referência a um dos locais mais crônicos de perseguição na Bacia de Campos, a plataforma P-31, onde os trabalhadores estão em Operação Padrão desde o dia 26 de junho deste ano (confira histórico abaixo).
Em Cabiúnas, na P-31 e em em diversas outras plataformas (como P-56, P-54 e P-43), os petroleiros denunciam abusos e perseguições. Para o Sindipetro-NF, o momento é de reagir à ascenção do conservadorismo e do autoritarismo na Petrobrás e na Transpetro. De acordo com a entidade, esta tendência se acentuou após o início da gestão interina de Michel Temer.
Informações sobre casos de perseguições e punições nos locais de trabalho devem ser enviadas para [email protected].
Assembleias
Cabiúnas – Grupo B Quinta, 25 15h
Plataformas
De sexta, 26, a domingo, 28, com retorno de atas até 12h da segunda, 29.
Indicativo:
Mobilização de 48 horas a partir de 0h de 31/08. O tipo de mobilização será divulgado nas assembleias para UTGCAB e antes da realização de assembleias para as plataformas.
P-31 – Uma plataforma de problemas crônicas
O P-31 é um navio petroleiro que foi transformado em Navio Plataforma. O sindicato, por diversas vezes, denunciou problemas de insegurança nesta unidade, que ficou famosa por ter utilizado “batoque” para sanar vazamentos. A cultura de reparos provisórios nunca levou as gerências da plataforma ou do ativo Albacora a serem sequer questionadas sobre a continuidade das condições inseguras. Pelo contrário: um gerente de Albacora se tornou gerente geral da Bacia de Campos.
Dois anos antes, as válvulas e trechos de tubulação que foram envolvidas no vazamento de 5 de janeiro deste ano estavam na carteira de obras da parada da plataforma, que foram criminosamente adiadas.
Confira abaixo um resumo do histórico recente da P-31:
05 de janeiro de 2016
Vazamento de água oleosa com gás associado na Casa de Bombas, em braçadeira colocada em abril de 2015 para sanar outro vazamento. Sensores indicam 100% de concentração. Site do NF noticia ocorrência em 11 de janeiro, depois de denúncia dos trabalhadores.
07 de janeiro de 2016
Feita PT (Permissão de Trabalho) extraordinária a fim de apertar a abraçadeira. Não houve sucesso e situação se agravou. Feito shutdown 3P na plataforma, após os sensores de gás detectarem o vazamento. Equipe de bordo consegue mitigar o problema. Operação é mantida.
11 de janeiro de 2016
Cipa realiza reunião extraordinária. Cipistas avaliam que gestores da empresa estão subestimando a gravidade dos vazamentos. Na reunião, ainda não sabiam que criticidade havia sido alterada de “B” para RTI “C”.
18 de janeiro de 2016
Vazamento se agrava mais uma vez. É decidido, com ciência do geplat, realizar manobra para diminuir a pressão na linha para facilitar o ajuste da abraçadeira e mitigar novamente o vazamento.
19 de janeiro de 2016
Vazamento aumenta. Feito by pass dos sensores de gás da casa de bombas e iniciou-se a manobra operacional que resultou na ativação dos sensores que estavam em by pass. Produção foi paralisada às 12h. Sequência de eventos leva a denúncias dos trabalhadores e do sindicato, culminando com interdições da ANP por dois longos períodos. Foi formado GT (Grupo de Trabalho) para apurar as ocorrências, com primeira reunião em 20 de janeiro. O Sindipetro-NF foi representado na comissão pelo diretor Tadeu Porto. O coordenador do Grupo era exatamente o gerente da área de inspeção que é responsável pela atividade que reavaliou a criticidade de “B” para “C”. Em razão disso e de outros desmandos dos representantes da empresa na comissão, o sindicato deixou o grupo em 3 de fevereiro. Após o término do GT, o seu coordenador foi nomeado pelo gerente geral como gerente da P-31 e iniciou punições na plataforma — que sequer tinham motivos claramente identificados e devidamente justificados.
05 de Junho de 2016
Assembleia a bordo aprova Manifesto onde é denunciado que “Nestas duas últimas semanas todos os envolvidos em liberação de serviço (emitentes e técnicos de seguranças) na casa de bombas, durante o intervalo de tempo no qual ocorreram os eventos, vêm sendo advertidos de forma escrita”. Documento é publicado no site do Sindipetro-NF no dia 06 de junho. Nele, trabalhadores reivindicam o cancelamento do GT (Grupo de Trabalho) e das advertências.
26 de junho de 2016
Diante da insistência da Petrobrás em manter punições, petroleiros a bordo realizam assembleia e aprovam o início de uma Operação Padrão na unidade. Sindicato divulga em seu site, no dia seguinte, o apoio à decisão e o indicativo para todas as plataformas que passam por situações de abusos gerenciais semelhantes também entrem em Operação Padrão.
04 de julho
Diretoria do Sindipetro-NF se reúne com representantes do RH da Petrobrás e coloca em pauta as punições recebidas pelos trabalhadores de P-31. Representantes do RH afirmam que o gerente geral da Bacia de Campos vai tratar diretamente a questão em reunião específica.
14 de julho de 2016
Diretoria do sindicato se reúne com o gerente geral e com o gerente de RH da UO-BC. Sindicato condena comportamento da empresa e cobra retirada de punições. Gerente geral afirma que vai manter as punições. Sindicato se coloca contra esta forma de tratar a insegurança no trabalho, ainda mais da forma como foi feito, sem o direito efetivo de defesa dos trabalhadores. Operação Padrão continua.
16 de julho de 2016
Petroleiros realizam assembleia a bordo e decidem manter o movimento de Operação Padrão na unidade, contra a ação punitiva da gerência contra os trabalhadores e pela anulação de Grupo de Trabalho que geraram advertências em relação a ocorrência na casa de bombas. Sindicato mantém indicativo de que petroleiros das demais plataformas, que estejam passando pela mesma situação, também realizem assembleias para aderir à Operação Padrão.
21 de julho de 2016
Boletim Nascente divulga que sindicato entrará no Ministério Público do Trabalho com denúncia contra a Petrobrás pela prática de perseguição a trabalhadores que exercem o direito de manifestação e organização sindical, enumerando vários casos, mas com destaque para a P-31.
12 de agosto de 2016
Gerente inicia transferências de pessoas na unidade para tentar desmobilizar os trabalhadores. Boletim Nascente publica indicativo do Sindipetro-NF que chama mobilização de 48 horas a partir de 0h de 31 de agosto, nas plataformas e em Cabiúnas.
18 de agosto de 2016
Sindipetro-NF divulga, no boletim Nascente, convocação de assembleias para avaliar indicativo de mobilização contra abusos e perseguições. Calendário vai dos dias 22 a 25 agosto no terminal de Cabiúnas e de 26 a 28 de agosto nas plataformas.
[Atualizado às 15:42 para inclusão do modelo de ata de assembleia]