Nascente 955

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Nascente 955  

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Editorial

A luta continua

O Senado Federal cumpriu ontem uma das suas mais submissas tarefas em atendimento aos interesses do capital financeiro nacional e estrangeiro, afastando a presidenta Dilma Rousseff. Uma página obscura da história brasileira que deixa órfãos de democracia mais de 54 milhões de brasileiros que tiveram seus votos cassados por meio de justificativas frágeis e pueris.
Não se observou nem mesmo o princípio jurídico básico de decidir em favor do réu em caso de dúvida, tendo sido amplamente demonstrado o caráter controverso da tipificação do suposto crime que teria sido cometido pela presidenta. Foi um caso claro de ditadura da maioria parlamentar em detrimento da maioria do povo.
Guerreira, Dilma enfrentou, mais uma vez, um tribunal golpista — o primeiro, em 1970, para manter um golpe; o segundo, em 2016, para aplicá-lo. A sua condição, tanto naquele julgamento quanto neste, foi descrita como sendo a de ré. Todos sabemos, no entando, que a sua real condição foi outra: a de vítima.
Como militante valorizada pelos seus pares, mas desconhecida do grande público, que tem em sua trajetória política a militância no PDT e, depois, no PT, com passagens em cargos de perfis mais técnicos do que políticos no Rio Grande do Sul, antes de chegar à condição de ministra do governo do Lula, Dilma já teria o seu papel histórico reconhecido.
Mas quis o destino que ela também se tornasse a primeira mulher a presidir o País e, agora, passasse pela necessidade de enfrentar os velhos algozes da democracia. Ela torna-se ainda maior. É uma gigante que pode ser, sem favor, colocada na galeria dos maiores quadros produzidos pela esquerda brasileira nos últimos anos, uma geração após Brizola, Lula e Arraes.
Seu exemplo, aliado a uma necessária reorganização das esquerdas, acabará por produzir uma renovação nestes quadros, que se forjarão nas duras batalhas reservadas pelos próximos anos.
Foram muitos os que tombaram por democracia e por direitos. E a eles devemos a obrigação de não esmorecer. A luta continua.

 

Espaço aberto

O dia em que a Democracia morreu

Tezeu Freitas Bezerra*

Um dia, quando ainda criança, me disseram que muitas pessoas morriam de fome, não tinham casa, não tinham escolas, não tinham roupas, não tinham carro, não tinham sapato, não tinham atendimento médico, não tinham trabalho, não tinham emprego, enfim não tinham o mínimo de condições dignas de se viver.
Nascido em 87, cresci na década de 90 e, por ter pais funcionários públicos, a mãe da Companhia de Água e Esgoto no Estado do Ceará e o pai na Petrobrás, vi todo o massacre sofrido pelos trabalhadores nos anos de governos de direita. Foram greves e mais greves, lutas, ocupações de assembleias legislativas, marchas dos 100 mil, caravanas da cidadania, ausência dos pais em casa por estarem fazendo essas lutas e em outros momentos juntos com os pais nessa luta. Por um amanhã melhor, pelos direitos dos trabalhadores, pelo direito à educação, à saúde, por direito à casa, por direito a um prato de comida e por direito à dignidade.
Foram anos de lutas e massacre, listas de demissões, perseguições políticas, repressão policial e muita mobilização juntos aos trabalhadores do campo e da cidade. Até que se conseguiu pela luta e com a Democracia eleger um presidente vindo do meio do Povo que deu essa dignidade.
Hoje, 31 de agosto de 2016, vejo meu País calado enquanto os moralistas sem moral destituem uma presidenta inocente e que nunca desviou nenhum centavo ou cometeu qualquer crime contra nosso País ou nossa constituição.
Essa data fica marcada e podem ter certeza que estarei nas trincheiras da Democracia lutando para que ela seja restabelecida, para que minhas filhas tenham esperança de viver e crescer em um País com igualdade, liberdade e fraternidade.

* Diretor do Sindipetro-NF, coordenador do Departamento de Comunicação.

 

CAPA

PETROLEIROS SEGUEM HOJE COM OPERAÇÃO PADRÃO NAS PLATAFORMAS E NA UTG-CAB

Categoria denuncia perseguições e abusos das gerências. Mobilização é marcada por atos autoritários e de criminalização dos movimentos sociais, com a utilização de aparato policial no portão de Cabiúnas. Novas adesões ainda podem ocorrer hoje para fortalecer o protesto. Sindicato chama á participação

A categoria petroleira continua firme, hoje, no movimento iniciado à 0h de ontem, com a adesão de 18 plataformas e do terminal de Cabiúnas. Para o Sindipetro-NF, a grande adesão ao protesto mostra a insatisfação e a indignação dos trabalhadores em relação ao modo como têm sido tratados pelas gerências da Petrobrás e da Transpetro.
Mesmo nos momentos que antecederam ao movimento e durante a sua realização, as chefias insistiram nos comportamentos autoritários e antissindicais que cresceram nos últimos meses. Como denunciou o sindicato em seu site, foram registrados casos de ameaças a trabalhadores que participaram do protesto, propagação de boatos e uso de força policial — como no caso de Cabiúnas.
Gerentes espalham boatos
Entre os boatos esteve o de que os petroleiros que participassem do movimento estavam passíveis de punição, “em razão de o sindicato não ter comunicado à empresa sobre o protesto”. A entidade afastou a mentira dos gerentes, com a divulgação da informação de que, embora não precisasse — pois não se trata de uma greve —, o sindicato informou às empresas que faria a mobilização.
Para a entidade, estas são mostras de como a atual gestão da Petrobrás, em sintonia com o governo que acaba de se confirmar no poder por meio de um golpe parlamentar, tratam os movimentos sindicais e sociais.
As orientações para o dia de hoje continuam as mesmas já divulgadas pelo NF, com o prosseguimento da Operação Padrão nas plataformas e em Cabiúnas. Novas adesões ainda podem ser manifestadas para fortalecer o movimento. O sindicato avalia que este protesto é também uma forma importante de a categoria mostrar a disposição de luta para as duras batalhas que estão previstas para a Campanha Reivindicatória em um cenário extremamente hostil aos trabalhadores.
Informe abusos
Todos os casos de comportamento autoritário das gerências devem ser informados ao sindicato, preferencialmente com a produção de provas em áudio, vídeo ou outras formas de documento, por [email protected].

 

Cabiúnas

Polícia e “código azul” no terminal

Petroleiros da UTG-CAB realizam, assim como nas plataformas, Operação Padrão no terminal por 48 horas. Desde a 0h de ontem, os trabalhadores seguem as orientações do sindicato, específicas para cada área (divulgadas em bit.ly/2ceTDHF), em protesto contra as perseguições, assédios e práticas antissindicais da gestão da Transpetro.
A gerência de Cabiúnas tem um longo histórico de perseguição a trabalhadores, incluindo a até mesmo o afastamento de um diretor sindical, reconhecidamente uma liderança da base — atitude contra a qual o sindicato continua a tomar medidas políticas e jurídicas.
O comportamento autoritário típico da gerência do terminal foi verificado mais uma vez neste movimento. Na noite da terça, 30, horas antes do início do protesto, dois carros da Polícia Militar e um carro do Serviço Reservado da Polícia foram mantidos no portão de Cabiúnas, em atitude coercitiva típica dos tempos autoritários que retornam ao País. Até mesmo um chamado “código azul” de segurança foi adotado.

 

Golpe 2016

Senado golpista derruba presidenta

O Senado Federal aprovou ontem, por 61 votos a 20, o impedimento da presidenta Dilma Roussef. No mesmo dia, deu posse ao vice golpista Michel Temer. Para o Sindipetro-NF, a FUP, demais entidades cutistas e dos movimentos sociais, trata-se de um golpe parlamentar que abre uma grave instabilidade institucional e demonstra fraqueza da democracia.
O mesmo plenário aprovou, no entanto, que a presidenta manterá os seus direitos políticos e não estará inabilitada a ocupar cargos públicos — em curiosa manifestação de admissão que, na verdade, Dilma não cometera crime e não merecia a pena, apenas precisava ser afastada por razões políticas.
Os petroleiros e tantas outras categorias de trabalhadores se orgulham de ter tomado o lado certo nessa batalha, e anunciam que continuarão na luta pela democracia, contra os anunciados cortes de direitos e pela soberania nacional. As entidades prenunciam tempos difíceis e será necessária muita luta para que ainda mais retrocessos e ataques não ocorram.

 

Plebiscito tem projeto da FUP

Proposta do movimento sindical e de bancadas progressistas quer que povo decida sobre pré-sal

Da Imprensa da FUP

Após um mutirão de duas semanas pelos corredores e gabinetes da Câmara dos Deputados Federais, a FUP e seus sindicatos concluíram a campanha de coleta de assinaturas de parlamentares favoráveis ao Projeto de Decreto Legislativo que propõe um plebiscito para que os brasileiros se posicionem sobre a exploração do Pré-Sal.
O projeto foi protocolado na terça, 30, sob o número PDC 507/2016, e é subscrito por 171 deputados federais, ou seja, um terço da Câmara, mínimo necessário para que fosse acolhido pela Casa. A proposta é um contraponto ao Projeto de Lei 4567/16, que está prestes a ser votado pelo Plenário da Câmara e que, se aprovado, acabará com a garantia legal da Petrobrás ser a operadora exclusiva do Pré-Sal, transferindo para as multinacionais o controle destas reservas.
A ideia de um plebiscito para que a população se posicione sobre o futuro da maior reserva de petróleo da atualidade foi lançada pela FUP e acolhida pelos deputados que subscrevem o PDC 507/2016. É mais uma importante frente de luta para que o Pré-Sal continue sob o controle do Estado, sendo explorado por uma empresa nacional, em benefício do povo brasileiro.
“Esperamos que a Câmara acate a nossa proposta de plebiscito e permita que a população decida sobre o futuro do Pré-Sal”, declarou o coordenador da FUP, José Maria Rangel.

 

Normando

Sindicatos,fora!

É da raiz do liberalismo a concepção do indivíduo, abstrato, isolado em uma ilha, como o principal detentor de direitos. Todo o restante da lógica liberal gravita ao redor dessa ideia. Daí derivam posições contra a força jurídica de associações e o Estado de Direito. Um ramo dessa árvore é o antissindicalismo, tão antigo quanto o movimento sindical e desde sempre induzido pelos patrões.
O antissindicalismo depende de conseguir iludir o trabalhador (“você estará melhor sozinho, do que organizado coletivamente”) e se vale de chavões tão vazios quanto mentirosos – “chapa neutra”, “sindicato independente”, “entidade apolítica” – para chegar à extrema contradição de conquistar representações de trabalhadores, a mando do patrão, como no caso de recente eleitor declarado de Bolsonaro.
Na indústria do petróleo norte-americana o antissindicalismo ganhou formas explícitas, com panfletos e cartazes propagandeando que a sindicalização é uma forma de escravidão ao coletivo, incompativel com o indivíduo “livre”. E o sindicato é taxativamente proibido de embarcar em unidades off-shore.
Quando a Petrobrás “foi pro mar”, nos anos de 1970, seus gestores copiaram acriticamente a cultura organizacional repressora dos EUA. É verdade que o Reino Unido também o fez. Poderiam, porém, ter examinado o exemplo da Noruega, a qual “filtrou” as práticas indesejáveis.
O fato é que toda essa construção é desumana e falsa. Porque sua pedra fundamental não resiste à mais breve chuva crítica: ninguém nasce ou vive isolado. Somos seres sociais, por mais que não desejemos. Para que nossos direitos mais fundamentais sejam realizados, é necessário que o sejam para a maioria da sociedade.
A verdadeira ameaça às liberdades individuais, em nossa Era, não vem da coletividade, mas do Império do Deus-Mercado. Ele é que determina se você pode nascer, crescer, viver, estudar, e minimamente se realizar, enquanto ser humano. Nas relações de trabalho, somente a organização coletiva pode dar ao trabalhador a chance de contestar esse domínio.
Por isso o acordo coletivo de trabalho complementa a legislação. Devido à autonomia coletiva da vontade, expressa em assembleias, conceito que surgiu na França de fins do século XIX.
E exatamente por isso a Petrobrás golpista de Parente realiza pesquisas individuais, para que cada empregado, em lugar de debater e se unir aos demais, pense em seu umbigo, como se sozinho tivesse condições de negociar com o patrão.

 

Curtas

FUTSAL
Equipe Submarino, campeã do 12º Torneio de Futsal do Sindipetro-NF, posa com demais colegas de trabalho. Em segundo lugar ficou CABP, seguida da Normatel. Também participaram os times Cartoleiros, Baserv, FEA Futebol Clube, SMS Futebol Clube, Albacora, ATMEQ, Guerreiros de Imbetiba, Velha Guarda, Baker Hughes Lagomar, Expro Group, Amigos da Servimar, Sindipetro-NF e União da Produção. O sindicato parabeniza a todos.

Luto e luta
O Portal da CUT passou ontem a utilizar preto e branco em sinal de luto contra o golpe sobre a democracia. Em nota, a Central afirmou que “O golpe na democracia afetará profundamente a vida dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade e dos brasileiros e brasileiras que mais precisam da manutenção e ampliação dos direitos e das políticas públicas, tanto hoje quanto no futuro”. Confira a íntegra do documento em bit.ly/2bCBbnE.

Coral
O Sindipetro-NF está convidando todos os envolvidos no projeto de criação do Coral dos Petroleiros para reunião no próximo dia 8 de setembro, às 19h, na sede do sindicato em Macaé, com as presenças do maestro e de músicos. De acordo com o diretor da entidade, Wilson Reis, a proposta é a de realização de um primeiro ensaio nesta data.

Adesive-se
O NF ainda mantém em suas sedes de Campos e Macaé adesivos do pré-sal perfurados para vidro traseiro de carro. O adesivo faz parte de uma campanha do movimento sindical petroleiro em defesa do patrimônio brasileiro, que está sob risco de ter suas reservas entregues nas mãos de empresas estrangeiras. Saiba mais sobre a campanha em www.presalemjogo.com.br.

P-20
Os petroleiros da P-20, uma das 18 plataformas que realizam o movimento de 48 horas indicado pelo Sindipetro-NF, enviou manifesto de adesão e solidariedade, que registra a pertinência do conjunto de denúncias que os trabalhadores e o sindicato têm feito sobre o aumento de perseguições e abusos na Bacia de Campos. Confira em bit.ly/2c56FoU.