Peça “Estamira – Beira Mundo” apresenta críticas ao mundo de exclusão que vivemos

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O Sindipetro-NF apresenta na próxima segunda e terça, 10 e 11 de outubro, respectivamente, a peça “Estamira – Beira Mundo”, monólogo que rendeu os prêmios Shell, APTR e Questão de Crítica de melhor atriz, para Dani Barros. Estamira Gomes de Sousa foi moradora do lixão de Gramacho. Tinha problemas mentais e morreu aos 70 anos, em 2011. Essa senhora ganhou fama internacional ao ser tema de um documentário com seu nome, dirigido por Marcos Prado (o mesmo cineasta de “Paraísos Artificiais”). Segundo divulgado no site Teatro em Cena, “o filme recebeu 23 prêmios no Brasil e no mundo e impressionou o público, porque, apesar de sofrer de transtornos mentais, aquela senhora também dizia verdades muito lúcidas”. 

“Estamira é o contraditório, o paradoxo, é que essa mulher dentro do lixo fala o lixo que a nossa sociedade está vivendo” – afirma Dani Barros. Seu caso revela de que maneira o entrelaçamento social de exclusão reflete na condição do sujeito. Diagnosticada com esquizofrenia, ela representa, assim como o lixo – no qual convive e tem contato diariamente – o resto e o desmerecimento de um sistema de estruturação econômico. A peça faz diversas críticas em relação ao trabalho, à educação e a medicalização

Em entrevista ao site Teatro em Cena a atriz Dani Barros conta que, quando assistiu ao documentário, ficou fascinada por aquela que passou a considerar sua heroína, uma Mulher Maravilha. A atriz também passou grande parte da vida em hospitais psiquiátricos, primeiro por causa do diagnóstico de sua mãe, e depois por causa do trabalho com os Doutores da Alegria, não foi difícil se identificar com tudo que viu. “Eu encontrei nela o que eu sempre quis dizer, estava ali” – disse. Para o teatro, conta que juntou momentos emblemáticos do filme com recortes próprios de sua história com sua mãe. Por isso, chama o projeto de acerto de contas e diz que entra em cena com sangue nos olhos.

 

(Foto: Luis Alberto Gonçalves)

(Foto: Luis Alberto Gonçalves)

O autor da matéria, conta que a atriz fala do além com a mesma leveza com que conta sua visita ao Jardim Gramacho, suas apresentações em clínicas psiquiátricas, e seu encantamento absoluto por Estamira. “Ela só se altera quando fala sobre políticos, muito indignada com o processo de impeachment e “com a cara de pau do Cunha”, e sobre o caos que é o sistema de saúde pública, em especial a psiquiatria. Não esconde suas mágoas em relação ao tratamento destinado à sua mãe, que faleceu aos 54 anos “muito mal tratada, com muita química errada”, e à própria Estamira, que ficou um dia sem atendimento no corredor do Hospital Miguel Couto”.

Estamira, a inspiradora (Foto: Divulgação)

Estamira, a inspiradora (Foto: Divulgação)

A peça dialoga como momento vivido há pouco no Brasil, quando Cunha ainda era presidente da Câmara. Cita na entrevista uma frase da peça: “Eu não tenho raiva de homem nenhum, eu tenho é dó. Eu tenho raiva sabe de quê? Do ‘trocadilo’, do esperto ao contrário, do mentiroso, do traidor, desse que eu tenho raiva, ódio, nojo”. E depois comenta:  “São frases que parecem que ela está dialogando com o [presidente da Câmara Eduardo] Cunha!”.

Leia a entrevista completa em Teatro em Cena

 

Serviço:

Estamira – Beira Mundo

Dias 10 e 11 de outubro – 19h

Teatro do Sindipetro-NF ( Rua Tenente Rui Lopes Ribeiro, 257 – Centro)

Ingressos: http://www.sindipetronf.org.br/peca-teatral