Editorial do Nascente: Vinte anos

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Os golpistas devem ter alguma fixação com o prazo de duas décadas no Brasil. O tempo de 20 anos previsto pelo projeto de emenda constitucional que dá sequencia ao golpe, a PEC 241, é o mesmo de duração da recente ditadura civil-militar brasileira. E assim como naquele período, serão anos de concentração da riqueza, se a sociedade não se insurgir e interromper esse ciclo pretendido pela direita.

Esse deve ser um intervalo mágico que habita mentes autoritárias como sendo o necessário para que uma geração desfaça tudo o que a anterior fez. Deve ser por isso que eles tanto temiam que a esquerda ficasse 20 anos no poder. Era o horror diante da hipótese de que os avanços sociais dos últimos anos se tornassem irreversíveis se este conjunto de transformações perdurassem por duas décadas.

Na possibilidade de uma derrota nas eleições presidenciais de 2018, os setores conservadores da política brasileira atuam para deixar o máximo de amarras legais possíveis para reduzir os investimentos sociais, coibir a distribuição de renda, e entregar as riquezas nacionais, como o pré-sal. Eles têm pressa, apetite, maioria parlamentar e simpatias na mídia e no judiciário para fazer isso. 

Se o Congresso levar mesmo adiante essa emenda assassina, como tudo indica que o fará, e se não houver ruptura deste ciclo nefasto, o que se verá no Brasil é o retorno da miséria extrema, como a que havia até o início deste século, e o empobrecimento da classe trabalhadora. Menos renda, menos formalização, mais terceirização, mais criminalização dos movimentos sindicais e sociais.

Até antes do golpe, havia certo constrangimento entre deputados e senadores em apoiar medidas contrárias aos trabalhadores. Temiam ter seus nomes nos outdors da CUT, temiam ser denunciados pelos movimentos sociais. Depois do golpe, quando viram que conseguiram a medida suprema de derrubar a presidente Dilma, a atmosfera passou a ser a de “liberou geral” no Congresso. Pudor, não tinham para perder. O que perderam foi o que restava de temor. Creem que a esquerda não terá, tão cedo, condições de oferecer resistência efetiva à avalanche golpista.

O Sindipetro-NF, que para contrariedade dos golpistas completou 20 anos neste 2016, sabe que aos trabalhadores não há outro caminho senão o da luta e da resistência. Por muitas e muitas décadas.

 

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