Cabiúnas impede acesso de diretores do NF até para beber água

A cada dia, novos episódios confirmam o recrudescimento da repressão aos movimentos sindicais e sociais. Ontem, pouco antes do início da assembleia das 17h no grupo administrativo da base de Cabiúnas, da Transpetro, em Macaé, diretores do Sindipetro-NF foram impedidos pela segurança patrimonial, de modo truculento, de entrarem na empresa para beber água.

“Até há bem pouco tempo, era comum que entrássemos na área próxima ao portão, para beber água ou ir ao banheiro. Agora, nem isso querem permitir. Antes, fazíamos assembleias e outras atividades sindicais na área do estacionamento, depois colocaram um portão afastado da recepção e passaram a impedir o acesso”, explica o coordenador de comunicação do sindicato, Marcelo Nunes, que estava no local.

Por volta das 16h30, os diretores Marcelo Abrahão e Rafael Crespo foram até ao portão e, quando questionados pela segurança sobre com quem queriam falar, disseram que iriam beber água. O acesso não foi permitido e o portão passou a ficar fechado até mesmo para que os trabalhadores deixassem a base. 

Abrahão conta que ficou claro que a orientação da empresa em relação ao bloqueio ao acesso dizia respeito especificamente aos dirigentes sindicais.

“Vieram com uma história de que havia uma ordem para, a partir daquele horário, ninguém mais entrar, só sair. Mas ficou evidente que a questão não era essa, era mesmo de impedir que nós, do sindicato, entrássemos. Depois, ainda tiveram o descaramento de tentar colocar os trabalhadores contra nós, afirmando que o sindicato estava impedindo a saída de quem queria ir embora”, disse Abrahão.

Tensão aumenta

Diante da atitude da empresa, o sindicato reagiu e passou a travar a saída de veículos próximo à rodovia. O impasse foi criado, houve momentos de tensão e a polícia foi chamada pela empresa.

“Apareceram umas cinco viaturas em menos de dez minutos, em clara tentativa de intimidação dos trabalhadores. Se estava acontecendo uma ocorrência com necessidade real de policiamento em Macaé deve ter faltado viatura. Quando é chamada pela empresa para coagir trabalhador a polícia aparece de modo rápido”, protestou Marcelo Nunes.

O portão permaneceu fechado por quase uma hora, “até que, depois de muitas intervenções autoritárias de representantes da segurança patrimonial, um outro coordenador teve o bom senso de permitir o que os diretores entrassem para beber água. Não precisava de nada disso”, como explicou Abrahão.

O diretor do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, que interinamente responde pela coordenação geral e estava na assembleia do administrativo de Cabiúnas, condenou de modo veemente a atitude da empresa. “É uma verdadeira palhaçada querer demonstrar força até com questões ridículas como permitir o acesso para tomar água, o que só mostra o momento golpista em que vivemos. Mas nós não vamos recuar”, disse.

Resposta na mobilização

Mesmo com as atitudes truculentas da empresa, a assembleia foi realizada, na parte de fora da base — como estava programado —, com a participação de aproximadamente 50 petroleiros. A categoria aprovou os indicativos de rejeição da proposta da empresa e de realização, a partir do dia 31 de outubro, de mobilizações intensas.

Também participaram da assembleia os diretores Leonardo Ferreira, Valdick Sousa e Antônio Bahia.