Parece estar ultrapassada a máxima de que, no Brasil, o ano começa depois do Carnaval. Na verdade, este 2017 não só já começou com uma agenda pesada de ataques aos trabalhadores e ao patrimônio público, como se mostra cada vez mais uma espécie de continuação funesta de 2016.
Nesta semana, enquanto a alegria resiliente do brasileiro começou a ganhar as ruas carnavalescas país afora, os abutres do governo e do Senado trabalhavam com afinco no projeto de direitização das nossas instituições, aprovando a indicação para o Supremo Tribunal Federal de um reacionário tosco de extensa folha corrida.
Também enquanto a folia esquenta, uma intervenção oficiosa do governo federal no Rio força a entrega da Cedae, com a cumplicidade criminosa da maioria dos deputados estaduais. Os movimentos sociais resistem e buscam a realização de um plebiscito sobre o tema.
“São tempos difíceis para os sonhadores”, como preconiza um dos diálogos do filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain”.
Por outro lado, a expectativa é de aumento dos protestos de rua a partir de março, com paralisação nacional prevista para o dia 15. E todo o esforço precisa ser feito para acordar a população sobre a necessidade de reagir. Uma das formas é centrar fogo em um grande trabalho de esclarecimento sobre alguns dos principais golpes do Golpe em curso, abrigados nas reformas da Previdência e Trabalhista.
Não será fácil. Toda a pauta na mídia está direcionada para construir um cenário de recuperação econômica e de eficiência do governo Mishell em “arrumar a casa”. Há muitos brasileiros acreditando nisso e reverter essa tendência é uma tarefa urgente da militância.
Mas, quando foi fácil para a classe trabalhadora? Não há outro caminho possível fora da luta.