Gestão Temer/Parente se recusa a valorizar a vida ao não investigar acidente fatal em sua área de operação

No dia 23 de Fevereiro SindipetroNF enviou ofício para a Petrobrás e para a Baker solicitando participação na investigação do acidente com uma vítima fatal e quatro feridos na Bacia de Santos, na embarcação Normand Maximus. Apesar do acidente não ser na Bacia de Campos, todos os funcionários afetados pelo sinistro estão lotados na Baker Hughes em Macaé e, portanto, são representados pelo SindipetroNF. Sendo assim, o sindicato requer participar de um estudo isento e efetivo acerca do acidente, pois pensa que essa análise será primordial para tentar evitar outras tragédias na indústria de petróleo.

Na contra mão do respeito à vida, entretanto, a gestão de Parente & Cia alega que a investigação do acidente ficará apenas sob a responsabilidade das empresas Baker e Saipem, negligenciando, assim, as responsabilidades que a Petrobrás tem como operadora do bloco (BMS-11), consequentemente, beneficiária e responsável pelos trabalhos realizados por todas empresas dentro do seu campos .

O diretor Tadeu Porto argumenta que é uma vergonha uma empresa do porte da Petrobrás não assumir suas responsabilidades frente a um acidente que ocorreu “nos seus domínios”.

“Assim fica fácil, né? Na hora de pegar o petróleo e vender, a Petrobrás é dona do campo. Mas na hora de dividir a responsabilidade por causa das tragédias que ocorrem justamente pelo trabalho de Exploração e Produção desse óleo, finge que não tem nada a ver com isso. Esse tipo de atitude apequena nossa empresa”, aponta Tadeu. 

Porto ressalta, ainda, que “a empresa conseguiu ser pior que Pilatos, pois não querer analisar um acidente fatal em seu campo de atuação é pior do que lavar as mãos.” E completa: “Se couber efetivamente uma comparação de personagens históricos, a omissão da empresa deveria equivaler ao assassino Barrabás, afinal, perder a oportunidade de estudar um episódio desses é digno de quem, no mínimo culposamente, compactua com a possibilidade da tragédia ocorrer novamente”.

Primeiro a festa, depois a vida?

Coincidentemente ou não, a gestão da Petrobrás informou ao sindicato que só responderá oficialmente o pedido de participação do NF na Quinta-Feira dia 02/03, pós feriado de carnaval. A diretoria do SindipetroNF reitera que está disponível de segunda a quarta, mesmo no período carnavalesco, para receber a resposta da empresa e, se necessário, participar de qualquer tipo de atuação que vise dar andamento aos trabalhos que investigue a fundo as causas e consequências dessa terrível tragédia.

O sindicato salienta, ademais, que é inadmissível que a empresa demore tanto tempo para responder um ofício de tamanha importância e que, com ou sem carnaval, espera que a companhia reveja seu posicionamento e atenda as demandas do sindicato o mais rápido possível.

Fantasma da P-36 ronda Petrobrás novamente

Diante ao alto números de acidentes nas duas últimas semanas e frente ao posicionamento das gerências da Petrobrás em não tratar os casos com o respeito necessário, o coordenador do SindipetroNF, Marcos Brêda, alerta todos petroleiros e petroleiras sobre a iminência de uma grande tragédia na Petrobrás e no Norte Fluminense: “Estou convencido que o plano da gestão Temer/Parente é reproduzir o cenário de 2001, quando o ex-ministro Chefe da Casa Civil de FHC era do CA da Petrobrás: recriar uma grande tragédia como o afundamento da P-36 que justificaria a privatização de todo Sistema Petrobrás.”

Brêda ainda salientou que “não investigar uma morte faz parte desse plano de desmonte que está a todo vapor” e que a categoria petroleira, de maneira alguma, aceitará tal arbitrariedade: “já sofremos muito com as mortes de diversos companheiros e companheiras em atividades de Petróleo por todo o país. Não vamos aceitar essa política de lucro a todo o custo calados” completou Marcos.