Editorial do Nascente: Um texto para homens

Nesta semana que abriga o Dia Internacional da Mulher, este é um editorial para homens, que formam a grande maioria da categoria petroleira. E o papo é sobre como parar de contribuir para a insistente permanência do machismo em nosso meio.

Senhores, é o seguinte: toda vez que seus amigos, colegas de trabalho ou parentes fizerem aquelas piadinhas clássicas sobre mulheres — sobre quem manda no relacionamento, sobre quem dirige melhor, sobre quem fala muito, sobre quem é muito instável, sobre quem é mais inteligente, entre tantas outras boçalidades —, por favor, não ria, não aprove, não passe adiante, não assine embaixo desse tipo de grosseria e desinformação.

Toda vez que alguém te disser que “não existe essa tal cultura do estupro, ela que estava dando mole”, duvide firmemente e procure pensar melhor sobre como desde pequenos os homens são criados para cometerem abusos aparentemente inocentes — todos riem na sala quando o garotinho rouba um beijo da garotinha —, a “cantarem” mulheres nas ruas, a trata-las sempre como objetos disponíveis. Como pais, festejamos os filhos “pegadores” e condenamos as filhas “vadias”.

Toda vez que alguém te disser “não existe esse tal de feminicídio”, também relute em aceitar de pronto uma afirmação dessa natureza, e procure informações sobre o número alarmante de mulheres que são assassinadas somente pelo fato de serem mulheres, por conviverem com companheiros que a subjugam e que reagem de modo violento ao que consideram insolência ou insubordinação da mulher. 

Toda vez que souber de casos de assédio sexual no local de trabalho, que quase em sua totalidade têm como vítimas as mulheres, denuncie, testemunhe, não se omita. Não faça vista grossa para a situação.

Se ainda não for possível uma mudança de conduta em razão de uma falta de identificação com a condição da mulher, se ainda não o for por falta de uma convicção da necessidade de levar adiante um processo civilizatório, que ao menos seja em respeito às nossas mães, às nossas filhas, às nossas irmãs. 

E nunca se esqueça: lugar de mulher é onde ela quiser.

 

[Clique aqui para ler outros textos da edição 982 do Nascente]