Os novos da Petrobrás ouviram os relatos e o pessoal da velha guarda vai se lembrar bem: em março de 2001, quando a então maior plataforma do mundo, a P-36, explodiu e levou para o fundo do mar, uma semana depois, os corpos de 11 petroleiros, o País vinha de um ciclo neoliberal que só não entregou de vez a companhia para as multinacionais do setor porque a categoria resistiu, tendo dado recado contundente desde a greve de 1995 de que não aceitaria a venda do patrimônio brasileiro.
Fernando Henrique Cardoso, que assumiu seu primeiro governo justamente em 1995, não conseguiu vender a Petrobrás, mas conseguiu aprovar no Congresso o fim do Monopólio Estatal do Petróleo, congelar os concursos públicos para a Petrobrás e implementar uma gestão de cortes que tornaram as operações cada vez mais inseguras.
Poucos meses antes da tragédia da P-36, ainda em 2000, o País havia visto a atrapalhada tentativa da gestão da companhia, então presidida por Philippe Reischtul, com aprovação do governo FHC, de mudar o nome da Petrobrás para PetroBrax, em processo tão grotesco e desconectado com as aspirações nacionais que a própria Presidência da República teve que recuar e desistir da ideia. Diziam, sem constrangimento, que era necessário desassociar a Petrobrás do Brasil, para torná-la uma empresa mais palatável ao mercado externo.
Depois de 2003, com a posse de Lula, a Petrobrás passou a ter uma política nacionalista. Nem todos os graves problemas da empresa foram resolvidos, inclusive na área de segurança do trabalho, mas em termos da macropolítica uma guinada pôde ser percebida. Houve a retomada dos concursos, a política de conteúdo nacional, o desenvolvimento do setor naval, o aumento dos empregos no setor, a conquista da autossuficiência, a descoberta do pré-sal e a melhoria dos canais de diálogo entre os sindicatos petroleiros e a gestão — ainda que nesta ainda estivessem vários dos capatazes conservadores de outrora.
Agora, os tempos neoliberais estão de volta. E em cenário ainda pior, pois em meio a uma onda conservadora que parece legitimar qualquer retrocesso. Para salvar a Petrobrás do desmonte, para manter a qualidade do emprego, para brigar por condições seguras de trabalho, nunca foi tão importante lutar. Em nome dos que se foram. E em nome dos que virão.