Da Imprensa da FUP – É no mínimo suspeito o leilão internacional que a Petrobrás anunciou para doar à concorrência sete sondas de perfuração. Pela bagatela de US$ 40 milhões, os gringos vão poder levar a P-59 e a P-60, que custaram à estatal US$ 720 milhões. O lance mínimo estipulado pelos gestores é 5,6% do valor original dessas unidades, que foram adquiridas há apenas cinco anos. Outras quatro sondas não têm sequer preço mínimo.
Além de dilapidar o patrimônio da Petrobrás, a atual diretoria está comprometendo o expertise da empresa em uma atividade onde sempre foi referência. O setor de perfuração e sondagem está sendo totalmente desmobilizado, assim como outras áreas estratégicas da companhia. Um desmonte que vem sendo implementado ao longo dos últimos dois anos, com a hibernação das sondas que agora serão doadas ao mercado.
Tudo isso com a anuência da diretora de Exploração e Produção, Solange Guedes, funcionária de carreira da Petrobrás, que chegou ao cargo no governo do PT, através de um projeto que salvou a empresa do limbo da privatização e do sucateamento herdado do PSDB.
Enquanto ela e o restante da diretoria fazem o jogo dos golpistas, a empresa gasta mensalmente milhões com os chamados flotéis e aluguéis de sondas terceirizadas, cujos valores tendem a aumentar nos próximos anos. É um contrassenso os gestores se desfazerem de unidades seminovas, como a P-59 e a P-60, que poderiam ser deslocadas para essas atividades, gerando economia para a companhia.
Estamos diante de um crime que não é só financeiro. O que está em jogo é também a perda da reserva de conhecimentos que os petroleiros levaram décadas para desenvolver e que é transmitida de geração para geração. Ao se desfazer de todas as suas sondas de perfuração, a companhia está jogando no lixo a excelência que sempre teve nessa atividade. Se daqui a alguns anos precisar destes profissionais, terá que investir anos em treinamento.
A Petrobrás está sendo esquartejada em praça pública, as petrolíferas estrangeiras avançam como abutres sobre o seu patrimônio e Pedro Parente comanda o espetáculo, ovacionado pelo mercado. O cidadão brasileiro precisa entrar em cena e mudar o rumo dessa história, antes que a tragédia seja consolidada.