Uma pergunta clássica das reuniões dos movimentos sociais é: “quem vai redigir a ata?” Isso poderia se estender a “quem vai registrar o estatuto?”, ou “quem vai entregar o ofício?”. São ações aparentemente pequenas do dia a dia que exigem um envolvimento voluntário de milhares de pessoas na construção de lutas e sonhos.
Com um sindicato também é assim. Não há clientes, há construtores, agentes políticos, milhares deles, que garantem a solidez necessária para enfrentar antagonistas poderosos, como gestões empresariais e governos que querem cortar direitos dos trabalhadores.
Se esta participação é vital todos os dias, ela é especialmente importante em um momento como este pelo qual passa o Sindipetro-NF, de eleições, quando cada voto na urna não será apenas uma escolha em uma das chapas concorrentes: será também uma assinatura neste projeto dos trabalhadores do Norte Fluminense, que completou duas décadas no ano passado e demonstra vigor para seguir por muitas outras.
Para os petroleiros, que têm larga experiência em militância, pode parecer banal que milhares participem de eleições, que diferentes tendências disputem democraticamente a direção sindical, que uma entidade tenha estrutura institucional e física para tocar o processo com segurança e transparência. Mas a realidade é que, no Brasil, uma parcela muito pequena dos trabalhadores consegue ter este nível de organização.
Isso reforça a necessidade de valorizarmos essa obra coletiva, tanto pelo que ela representa para os próprios petroleiros quanto pelo o que ela tem de contribuição às demais entidades dos movimentos sindical e social. Mais ainda: pelo tanto que a sua voz, por vezes, precisa ser também a voz de milhões que nem sindicalizados ou mesmo empregados estão.
Um quorum elevado de votantes em uma eleição sindical é uma vitória de todos, eleitores e concorrentes. Trata-se de um recado direto aos patrões, para que pensem duas vezes antes de cometer atrocidades contra os trabalhadores. Que mais uma vez tenhamos essa experiência vigorosa no Sindipetro-NF, sempre um momento de celebração.
[Do Nascente 986. Clique aqui para ver outros conteúdos do boletim]