Nascente 991
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EDITORIAL
Muito além do Lula
Há muitas críticas ao Lula, inclusive na esquerda. É um político, um ser humano, alguém tão falível quanto qualquer um. E, como figura pública, deve mesmo todas as explicações e está sujeito a toda sorte de investigações. Mas, daí a ser escolhido como alvo prioritário de uma perseguição jurídica e midiática que demonstrou, sem qualquer pudor, negligenciar exigências mínimas de imparcialidade, há uma grande distância.
Para nós, de um sindicato, a questão vai além: há o Lula pessoa física, há o Lula ex-presidente, mas há também um Lula que, ao ser atingido, leva com ele o simbolismo de toda uma visão de mundo, toda uma luta social. Ele é um dos milhares de construtores dessa caminhada, mas inegavelmente uma das suas maiores expressões, e não apenas no Brasil.
A mobilização social em torno do ex-presidente não significa a legitimação de seus eventuais erros — não comprovados até agora, diga-se, a despeito de todos os esforços legais e ilegais —, mas a defesa dos inúmeros acertos que a luta dos trabalhadores e trabalhadoras já produziu neste país. O que queremos para Lula é um julgamento justo, como deveria ocorrer para com qualquer agente público, mas sem que isso signifique criminalizar todo um pensamento social. É preciso entender a questão como processo histórico, não como vínculos a personagens.
O ódio ao Lula é a expressão do ódio de classe no Brasil. Todo o aparato de repressão montado para o depoimento da última quarta, em Curitiba, não pode ser visto apenas como uma proteção física ao inquiridor Moro. Tratou-se de uma espécie de desfile militar e um aviso: se o povo se levantar, haverá derramamento de sangue, como houve em 1964.
O julgamento, portanto, não é apenas de Lula. É um julgamento de todos os que se insurgem contra as injustiças, contra a miséria, contra a concentração de renda, contra os privilégios históricos da elite. É uma luta que havia antes de Lula, com Lula, e terá que seguir pelas próximas gerações.
ESPAÇO ABERTO
Acreditar na luta e apostar na vitória*
Daniel Gaio, Janeslei Albuquerque, Milton Rezende e Rosana Fernandes**
A histórica Greve Geral do último dia 28 de abril parou o Brasil e teve como base a unidade da classe trabalhadora, através das centrais sindicais, e a reafirmação da unidade da esquerda, através das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. A ampla adesão, organizada e espontânea, e as manifestações de apoio de importantes instituições como a CNBB, a OAB, o MPT e de artistas e intelectuais dos mais variados segmentos demonstram a sintonia da nossa luta com os anseios da classe trabalhadora e do povo brasileiro.
A adesão à greve foi impactante. Os trabalhadores/as atenderam ao chamado e cruzaram os braços, ficaram em suas casas ou foram a uma das centenas de manifestações nas ruas. A resistência à greve não veio do povo querendo chegar aos seus locais de trabalho, mas da mídia tentando projetar uma realidade paralela na véspera e no dia da mobilização, do governo com bravatas de seus atônitos e imorais porta-vozes e da polícia militar que não nega suas origens e mente, prende e bate naqueles que lutam por seus direitos, a mando dos que querem retirá-los. Ao fim do dia, com a consolidação da narrativa vitoriosa da greve impulsionada pela cobertura da imprensa alternativa e colaborativa nas redes sociais, nem mesmo a mídia mais reacionária pode deixar de mostrar a força da mobilização.
Por isso é fundamental levar o recado à Brasília, da forma mais contundente que pudermos, e fazer os poderosos enjaulados no Congresso e no Planalto entenderem que não haverá submissão a reformas contra o povo e contra a democracia. É preciso, se necessário, construir outra greve e mostrar que não haverá sossego até que tirem as mãos de nossos direitos.
* Editado em razão de espaço. Íntegra originalmente publicada e disponível em bit.ly/2qTGnzn. ** Dirigentes nacionais da CUT nas secretarias de Meio Ambiente, Mobilização e Relação com os Movimentos Sociais e Combate ao Racismo.
GERAL
Insegurança e descaso a bordo
Duas denúncias recentes, recebidas pelo Sindipetro-NF, mostram as consequências da política de desmonte da Petrobrás. Os casos ocorrem na plataforma P-33 e na UMS Cabo Frio (Unidade de Manutenção e Segurança). Para a entidade, tratam-se de exemplos de descaso com a vida e com o respeito devido aos trabalhadores.
Na P-33, a gestão está substituindo os guarda corpos de aço carbono por outros de fibra de vidro no projeto do turret do primeiro ao terceiro piso que se encontravam em estado avança de corrosão. Segundo os trabalhadores a bordo, a opção de substituição por esses guarda corpos ocorreu porque os equipamentos que já se encontravam na plataforma.
No mês de abril, um contratado que estava no terceiro piso do turret ficou com a travessa superior de um guarda corpo de fibra de vidro na mão, depois que a plataforma balançou mais a forte. Depois foi verificado que outros dispositivos também estavam soltos e podiam causar algum tipo de acidente mais grave.
Para a diretoria do Sindipetro-NF, a Petrobras e o SMS parecem não aprender com seus erros em acidentes. Em PCH-2 ocorreu um acidente fatal por causa do mau uso de materiais compósitos (que são formados pela união de outros materiais com o objetivo de se obter um produto de maior qualidade) em piso gradeado. E em P-20 a brigada de incêndio teve dificuldades de combater o incêndio na unidade, porque os pisos gradeados derreteram.
Falta comida em UMS
Da UMS Cabo Frio, que está acoplada à P-20, na Bacia de Campos, chegou denúncia ao sindicato sobre a baixa qualidade na alimentação a bordo. Os relatos são de que até mesmo, em alguns momentos, chega a faltar alimentos.
Cerca de 400 trabalhadores estão a bordo. Os trabalhadores que passam da UMS para a P-20, às 6h, não podem usar o refeitório da plataforma e também não podem retornar à UMS para o lanche das 9h — que é servido em um container em péssimas condições, de acordo com os relatos. Também há denúncias de que as acomodações e instalações sanitárias são precárias.
Denúncia à SRTE
O Sindipetro-NF, representado pelos diretores Flávio Borges e Valdick Oliveira, acompanhou os dois casos, cobra das gerências da Petrobrás a resolução dos problemas e formalizará denúncia na SRTE (Superintendência Regional de Trabalho e Emprego).
Povo com Lula enfrenta elites
Das Imprensas do NF e da CUT
Milhares de trabalhadores e trabalhadoras realizaram na última quarta, 10, em Curitiba, manifestação popular em defesa do ex-presidente Lula, que foi à cidade prestar depoimento no processo da Lava Jato. A parcialidade do juiz Sérgio Moro foi denunciada e voltou a repercutir no Brasil e no mundo, chegando ao topo de comentários nas redes sociais.
Em participação no Encontro pela Liberdade de Expressão, uma das atividades da Jornada pela Democracia, em Curitiba, o presidente Nacional da CUT, Vagner Freitas, afirmou que a direita fracassou mais uma vez ao acreditar que iriam transformar a capital paranaense em um tribunal de inquisição e destruição de Lula.
“Continuam esquecendo que o Brasil tem democracia, movimento social organizado, povo que luta, enfrenta, não tem medo”, falou.
Ele disse ainda que a defesa de Lula é, na verdade, um combate pela classe trabalhadora. “As pessoas me perguntam se estamos defendendo o Lula e digo que não estamos aqui para defender a pessoa Luiz Inácio Lula da Silva, mas para defender a classe trabalhadora. A perseguição a ele é para mandar recado e tentar quebrar espinha dorsal da classe trabalhadora, pegar o exemplo principal da resistência. É para acabar com Previdência, direitos trabalhistas e liberdades democráticas”, falou.
Saúde mental em debate no NF
A assistente social do Sindipetro-NF, Maria das Graças Alcântara, fez nesta semana, na Sipat Integrada da Petrobrás Bacia de Campos, palestra com o tema “O Desgaste Mental dos Trabalhadores – Observações do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF”.
A palestra esteve prevista na programação para dois momentos, um no último dia 8 e outro ontem. Durante sua exposição, Graça demonstrou como alguns casos de saúde mental podem estar relacionados ao trabalho e apresentou dados do atendimento do serviço social. De 2012 a 2016, o Departamento registrou seis casos de suicídio e 17 de mal súbito. Em 2017, de todos os 22 atendimentos do serviço social 36,36% foram casos de saúde mental relacionada ao trabalho e 4,5% de assédio moral.
“Nossa intenção com essa palestra é chamar atenção da categoria para as relações de trabalho e essas pessoas adoecidas”, comenta Graça, que também explica que o sindicato é um espaço para dar apoio a esse trabalhador adoecido e que só através da luta coletiva é que se consegue melhorias na saúde, principalmente dentro dos Acordos Coletivos.
Programação até hoje
Organizada pela Cipa Petrobrás, a Sipat começou no último dia 8 e segue até hoje em todas as bases de terra da empresa em Macaé.
NOTA OFICIAL
Aos companheiros e companheiras das bases administrativas
Atenção bases administrativas: votação termina nesta sexta, 12
Termina nesta sexta-feira, 12 de maio, o período de funcionamento das urnas nas bases administrativas de Terra em Macaé — Edinc, Parque de Tubos e Imbetiba. Elas têm potencial para atingir um grande número de trabalhadores e é essencial que a participação seja massiva, para demonstrar a força da categoria petroleira.
Como bem sabem os petroleiros e as petroleiras, um sindicato é uma construção permanente que exige o empenho de todos. O Sindipetro-NF é, desde o seu nascimento, resultado da dedicação de várias gerações que não delegaram o direito de expressão política e de mobilização para outros, assumindo com altivez a missão de lutar.
As conquistas que temos hoje no ACT, nas normas regulamentadoras, nas fiscalizações, nas investigações de acidentes, nos benefícios sociais, nas batalhas jurídicas, na disputa de comunicação com a sociedade, na atuação junto aos demais movimentos sociais, são resultantes de muita participação da categoria ao longo de mais de duas décadas de criação e consolidação do NF, um dos maiores sindicatos do Brasil.
Tudo isso precisa ser defendido, preservado e até mesmo ampliado, especialmente nestes temerários tempos de ataques aos direitos dos trabalhadores. Sabemos que a tradição da categoria petroleira é de muita participação. E não será diferente agora. Mas é preciso estarmos atentos aos prazos para não perdermos a votação.
Não deixe de votar, não deixe de participar deste momento do seu sindicato. Ele é um indicativo vigoroso da disposição da categoria em defender direitos, fortalecer suas organizações, comportar-se como agente político em defesa da classe trabalhadora.
É assim que ficamos mais fortes nas Campanhas Reivindicatórias, nas Greves, nos enfrentamentos diários contra o assédio, a insegurança e o corte de direitos. Cada voto conta muito para seguir a luta.
Saudações sindicais
Macaé, 09 de Maio de 2017
Diretoria do Sindipetro-NF
CURTAS
Conselho
O Conselho Deliberativo da FUP se reúne no próximo dia 23, às 10h, na sede da CUT no Rio de Janeiro. Os representantes dos sindicatos petroleiros que estarão presentes na reunião vão debater temas de interesse da categoria petroleira. Em pauta a conjuntura nacional, Programação do Confup e orientações para os Congressos Regionais; Eleições da Petros, Efetivo nas unidades da Petrobrás e a privatização das refinarias.
Soberania
A FUP denunciou nesta semana que, o Ministério de Minas e Energia realizou consulta de apenas duas semanas, entre 17 de abril e 02 de maio, sobre a proposta de novas diretrizes para a Política Brasileira de Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural. Elaborada pelo Conselho Nacional de Política Energética, a minuta do texto beneficia claramente as operadoras estrangeiras. Saiba mais em bit.ly/2r0Ij5j.
Imposto sindical
Continua aberto o prazo para solicitação da devolução do Imposto Sindical, que começou em 13 de abril e dura 60 dias. O Sindipetro-NF disponibiliza um link no site por onde a categoria pode fazer a solicitação. O NF segue orientação e princípio da CUT e devolve a parte que lhe caberia do imposto sindical, que é 60% do que é recolhido do trabalhador. A entidade acredita que toda forma de contribuição deve ser espontânea e aprovada em assembleia.
Mãe petroleira
Neste domingo, Dia das Mães, o Sindipetro-NF saúda as mães petroleiras, mulheres de luta que atuam na construção de um mundo melhor em seus locais de trabalho, nas lutas sociais e também junto às suas famílias. Ainda há muita batalha pela frente por políticas públicas para as mulheres e por avanços na conscientização acerca das questões de gênero.
NORMANDO
A Direita sem noção
Normando Rodrigues*
Umas poucas expressões da Direita já compreenderam. A maioria, contudo, segue a retorcer a corda da instabilidade social, como se sua ruptura fosse impossível. Não entenderam o que? Que sua única chance de consolidar o mais grotesco e nocivo conjunto de agressões à Classe Trabalhadora já perpetrado na História do Brasil é derrotar Lula nas urnas, em 2018.
Qualquer outro cenário – o assassinato de Lula, sua inelegibilidade via magistratura do PSDB, adiamento das eleições via emenda, uma Constituinte da bancada Boi-Bala-e-Bíblia, etc. – colocará os interesses econômicos da Direita no limiar de uma Guerra Civil.
Guerra sem quartel e sem tréguas, sem certezas sobre o resultado final, nem mesmo de escaramuças e batalhas, e com poucas ilhas de convívio civilizado.
Alimentam o fogo
A Direita boçal continua a se expressar por seus assalariados como se não vivêssemos uma ruptura institucional e todas as contrarreformas a favor do Capital fossem normais. Seguem animados pela barbarização das relações de trabalho, e consequente maximização dos lucros, que o Golpe proporcionou.
De fato, a aparente inércia ante todo o retrocesso que lançou o país de cabeça no arcabouço jurídico do Século XIX – obviamente apresentado como “modernidade” – anima capitães do mato e bestas-feras, aqui compreendidos de fascistas a estupradores, passando pelo aparato policial.
Mas os senhores do Capital, não se iludam, observam com atenção indicadores sociais da crescente insatisfação popular. Por seus salamaleques midiáticos ainda vendem a ideia de que “a culpa de tudo isso é de Lula e do PT”. Há quem compre, de fato. Porém, cada vez mais dessas pílulas se acumulam nas prateleiras.
Reações
Um dos fregueses assíduos desse tratamento midiático, nosso querido personagem Gilmarzinho – recentemente confuso por ter que optar entre seu mestre, Gilmar Mendes, e o Golpista Janot -, lê com desdém essas linhas, e indaga jocoso por exemplos de reação. Já estão à sua volta, Gilmarzinho.
Na maior parte dos casos, as manifestações reativas ainda pertencem à esfera da criminalidade, tal como o aplaudido assalto à Lamborghini dourada, na Barra da Tijuca. Logo, todavia, transbordarão tais limites.
Os espoliados de cinco séculos tiveram uma breve experiência histórica de atenção estatal. Sabem, agora, que pode ser diferente. Ódio e ressentimento de classes estão a se aquecer em muitas veias.
A ebulição, sem saídas institucionais, não tardará.
*Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]