Editorial do Nascente: Há mil edições, olha aí o nosso guri

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“Quando, seu moço, nasceu meu rebento / Não era o momento dele rebentar / Já foi nascendo com cara de fome / E eu não tinha nem nome pra lhe dar”. A letra de Chico Buarque, de 1981, que obviamente nada tem a ver com este boletim, bem que poderia, em licença poética e em descompromisso cronológico, ser tomada para ajudar a explicar o nascimento desta publicação, mil edições atrás, em um distante 23 de julho de 1996.

É que este rebento nasceu assim de modo apressado, como são apressadas as lutas sindicais, poucos dias depois de empossada a primeira diretoria do Sindipetro-NF. Vinha com cara de fome, gritando sobrevivência e denúncia, e ainda não havia um nome pra lhe dar. Constou da sua certidão provisória o batismo de “SurgenteNF”, tomando emprestado o nome do irmão mais velho, em referência ao boletim Surgente, do Sindipetro-RJ, que já tinha estrada junto à categoria.

A sua primeira edição, no entanto, anuncia o desejo de autonomia: “O nome do nosso jornal é provisório. A partir desse número abrimos para a categoria um concurso para escolha do melhor nome. O prazo para sugestões vai até 25 de agosto. Participe”.
E assim foi feito. Em sua sexta edição, de 4 de setembro de 1996, o jornal passou a circular com o nome escolhido entre várias sugestões enviadas pela categoria ao Departamento de Comunicação: Nascente. Era o nome definitivo “pra finalmente eu me identificar, olha aí”.
Esse nosso guri teve sorte diferente daquela do rebento da letra do Chico. Cresceu, se desenvolveu, e tem contribuído para registrar justamente a luta para que o País não siga com a exposição de milhões de meninos e meninas às mais cruéis condições de vulnerabilidade social.
Este Nascente chega à edição 1000, fiel ao seu espírito de ter um pé nas pautas específicas da categoria petroleira e outro nos temas mais amplos da classe trabalhadora. Impressiona a atualidade dos assuntos tratados na primeira edição, naqueles anos FHC: “Governo quer mudar legislação trabalhista”, dizia o título de uma notícia. “Reforma da Previdência: perigo”, alertava outro. Além de um “Sucessão de acidentes revela erro profundo”, que poderia muito bem ser usado em qualquer edição recente para noticiar o crescimento do risco a que estão expostos os petroleiros e petroleiras nos locais de trabalho.
Vida longa ao nosso Nascente. “Ele disse que chegava lá”.