Que fique bem claro. Não estamos em um país democrático. Não estamos atuando sob regras republicanas. Nossas instituições estão tomadas, sem nenhum constrangimento, pelas forças reacionárias que aplicaram o Golpe de 2016. Na Petrobrás não é diferente. Só com muita força vamos impedir o maior retrocesso no Acordo Coletivo em toda a história da companhia. Será uma guerra dura, mas que precisa ser feita. O retorno hoje à mesa de negociações, às vésperas da data limite imposta pela Petrobrás para a implantação das mudanças da reforma trabalhista, não significa qualquer alívio neste ambiente de tensão. Pelo contrário: requer ainda mais atenção e mobilização.
O Golpe, como agora todo sabem — até mesmo os paneleiros, embora talvez não o admitam — foi uma resposta das elites e da especulação financeira a um projeto nacional, de avanços das políticas públicas e de ascensão do consumo das classes populares. Esse rancor ideológico, essa adesão irresponsável a uma agenda de demolição das conquistas do período anterior, está assentado na noção de que só o deus mercado salva, de que o mundo é dos indivíduos fortes e que a competição, a truculência, o autoritarismo, são necessários para manutenção da ordem social. Não passa pela cabeça dessa gente que os trabalhadores possam ter direitos e salários dignos, que possam ser felizes no trabalho e em momentos de folga, que possam ter garantidas condições seguras nas áreas operacionais e administrativas.
Por isso, o confronto de hoje, na mesa de negociações, e os confrontos dos próximos dias, devem ser compreendidos sob uma conjuntura maior de enfrentamentos. A categoria petroleira — e em momento dessa gravidade isso inclui todos, absolutamente todos empregados e empregadas da Petrobrás e subsidiárias, independentemente dos cargos que ocupem — não pode e não vai aceitar qualquer corte de direitos. Do contrário, estaria dado o aval para que a dilapidação das relações de trabalho avançasse ainda mais sobre todos os trabalhadores e trabalhadoras do País, em cenário de exploração cada vez mais acentuado.
Nossa data limite é o 11 de novembro, quando entram em vigor a nefasta contrarreforma trabalhista. Se a gestão da Petrobrás insistir em cortar direitos, verá a força de uma categoria que não se curvou nem diante dos tanques do Exército enviados por FHC. Que não ousem duvidar da capacidade de luta dos petroleiros e petroleiras.