Nascente 1035

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Nascente 1035

 

Editorial

Não é o Lula, somos nós

Desde o início dessa perseguição implacável, parte do Golpe de 2016, a sanha golpista nunca foi contra o cidadão Lula e o que ele eventualmente tenha feito de errado e não restou provado. A sanha é contra o que ele representa. É por isso que a esquerda, mesmo imersa em tantas correntes diferentes, algumas até em princípio discordantes do ex-presidente, entenderam que defendê-lo, além de uma justiça histórica, é estratégico para manter a disputa pela agenda popular neste País de coronéis rurais e urbanos.
Se for mesmo realizada, as próximas eleições serão cruciais. É essencial que todos os lutadores do povo cheguem fortalecidos para este embate nas urnas, com potencial para esclarecer a sociedade sobre tudo o que está em jogo, manter ou ampliar as bancadas legislativas em favor dos trabalhadores e retomar o curso democrático interrompido pelo Golpe — com a eleição de um presidente ou presidenta com legitimação popular. Tudo isso passa por manter a imagem de Lula influente, uma voz presente, seja como candidato ou seja como o maior cabo eleitoral da disputa.
A resistência histórica de São Bernardo, as mobilizações por todo o País, as crescentes denúncias internacionais sobre o que ocorre no Brasil, refletem uma vitalidade dos movimentos sociais que precisam se reverter em apoio popular.
A categoria petroleira reúne algumas características que contribuem enormemente nesse processo: é politizada, bem informada, fortemente organizada, tem capilaridade nacional, atua em um setor estratégico para qualquer País e é integrada por pessoas que costumam ter grande influência nos seus círculos familiares e de amizade.
Essas características precisam ser utilizadas para contribuir na construção dessa resistência e dessa virada. Cada um e cada uma é muito importante. Não é o futuro de Lula que está em questão. É o nosso.

Espaço aberto

A coluna petroleira

Tadeu Porto**

Foi no ínicio do ano de 2015, no auge dos ataques da Lava-Jato que, numa reunião de colegiada que tinha tudo para ser uma qualquer, um petroleiro levantou a mão, pediu a palavra enquanto fitava a todos e todas presentes e disse: “se eles querem nos fazer ter vergonha da Petrobrás, mostraremos orgulho. A partir de hoje, esse jaleco laranja, uniforme do nosso trabalho, será nossa segunda pele”.
E não havia outra saída para aquela ocasião. Àquela altura do jogo, já estava mais do que desenhado que a operação mais badalada do momento precisava destruir a maior empresa do país para ter sucesso na sua agenda entreguista e vira-latas. A defesa da empresa e de seus empregados e empregadas se tornou primordial para resistir ao desmonte do Estado e da agenda social que engrandeceu o Brasil do Século XXI.
Os petroleiros sabiam onde encontrar esse orgulho: da descoberta do Pré-Sal, do salto na participação do PIB, dos estaleiros lotados de trabalhadores e trabalhadoras mostrando ao mundo que poderíamos construir aqui as plataformas de referência na exploração e produção de águas profundas e das novas refinarias, que não coincidentemente rima com soberania.
Os petroleiros encontraram na Petrobrás de Lula – dos números aos fatos – o escudo ideológico para se protegerem dos ataques baixos que lavajateiros de plantão aplicavam dia após dia contra, até então, a maior empresa da américa latina.
Três anos depois, quis o destino que esses jalecos laranjas marchassem lado a lado com o presidente que lhes deu vida e significado, reeditando a história do operário que, mais uma vez, encontra a opressão que deseja destruir sua luta.

* Editado em razão de espaço. Íntegra publicada originalmente no Blog O Cafezinho, em bit.ly/2qlfq66.
** Diretor do Sindipetro-NF e da FUP.

 

Capa

A CAUSA DE TODAS AS CAUSAS

O Brasil e o mundo se levanta para defender a liberdade para Lula.
Ex-presidente é o maior símbolo das lutas e das conquistas populares das últimas décadas no País. Defendê-lo é uma obrigação histórica e uma forma de resistência contra ataques aos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras. Na região, militância fechou ontem rodovia entre Campos e o Porto do Açu

Mais uma vez a história impõe à categoria petroleira a opção madura e transparente de priorizar causas macro-políticas que determinam todas as demais. A ida de grande parte das diretorias da FUP e do Sindipetro-NF, assim como vários sindicatos e movimentos sociais, inicialmente para São Bernardo do Campo (SP) e depois para Curitiba, na luta pela libertação do ex-presidente Lula, representa a justa defesa de um símbolo político da classe trabalhadora e de uma política que, entre outros feitos, reergueu a Petrobrás, o setor naval e descobriu o pré-sal.
A entidade também atua regionalmente na manutenção da resistência à prisão de Lula, um dos desdobramentos do ambiente golpista do País. Na manhã de ontem, o NF esteve entre representantes de partidos políticos de esquerda, outros sindicatos, movimentos sociais e estudantil no protesto que interrompeu o tráfego na BR-356, que liga o município de Campos dos Goytacazes ao município de São João da Barra (onde fica o Porto do Açu).
O protesto fez parte de um chamado nacional pelo “Dia de luta pela democracia Lula Livre”, organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Durante a atividade foi distribuído um panfleto que explicava os motivos do movimento. A interdição começou às 7h e durou cerca de 40 minutos.
Luta de classes
“A manifestação é um veemente repúdio à condenação e prisão de Lula, com acusações inverídicas e sem provas, sem garantir o efetivo direito de defesa, desconsiderando os mais elementares direitos assegurados pela nossa Constituição. Lula foi preso por uma questão de luta de classes. Para se tentar sequestrar a ideia de um país justo e democrático. A sistemática perseguição política a Lula e sua condenação e prisão visam retirá-lo da disputa para presidente da República, porque Lula lidera com folga todas as pesquisas eleitorais. Querem impedir que o povo reconduza Lula à presidência da República porque não querem que o povo volte a ocupar papel de destaque na economia, com emprego e oportunidade para todos e todas”, descreve o documento.
Categoria petroleira atenta
O Sindipetro-NF orienta a categoria petroleira a se manter atenta e mobilizada. O momento brasileiro requer coragem e posicionamento firme em defesa da Petrobrás, da democracia e de um projeto nacional que promova paz e justiça social.

Segurança no trabalho

Seminário em tempo de ataques

Evento discute insegurança em cenário de desmonte da Petrobrás e de direitos

Em meio a um cenário político denso, após a prisão do ex-presidente Lula (PT) e do assassinato da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco (Psol), o Sindipetro-NF realiza nesta semana, da última terça até hoje, o Seminário de SMS, na sede de Macaé. Na abertura do evento, o coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, afirmou que “a prisão do Lula foi pelos direitos dados à classe trabalhadora e pelos avanços que ele permitiu ao povo mais pobre, pelo enfrentamento feito ao capital nesse país”.
Além de Bezerra, também integrou a mesa de abertura do seminário, coordenada pelo coordenador do Departamento de Saúde do NF, Sérgio Borges, os debatedores e debatedoras Tadeu Porto (FUP e NF), Rodrigo Leão (Ineep), Duda Quiroga (CUT-RJ), Camile Fonseca (Movimento Estudantil da UFF) e Marcel Silvano (vereador do PT em Macaé).
A cobertura completa do Seminário de SMS está disponível em www.sindipetronf.org.br e nas redes sociais do sindicato.

Cabiúnas
Denúncias do NF levam à interdição

Com base em denúncias encaminhadas pelo Sindipetro-NF, o Ministério do Trabalho e Emprego interditou, na terça, 10, algumas das áreas da Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB). A decisão foi tomada após inspeção surpresa do órgão à base da Transpetro, em Macaé, realizada na semana passada.
A atividade de fiscalização nas áreas de saúde e segurança foi acompanhada pelo sindicato, representado pelo diretor Antônio Carlos Bahia. Foram interditadas a unidade 301 (em razão da falha de sensores e não confiabilidade das bombas de incêndio, que estão com a manutenção preventiva atrasada), a unidade de abastecimento de Diesel para os compressores de ar, além de áreas que possuem drenagem inadequada de placas de orifício, o que causou um acidente recente.

Normando

O dia seguinte

A melhor evidência de que não vivemos em um Estado Democrático de Direito nos foi prestada pelo comandante do Exército, às vésperas do julgamento do Habeas Corpus de Lula, em mensagem dirigida ao STF. Golpe Militar pelo Twitter, no qual Villas Bôas foi de pronto seguido por manifestações políticas de cinco outros generais da ativa.
O Exército exigiu, e o STF entregou. A afinação entre militares e juízes, pela manutenção e aprofundamento do Golpe de Estado de 16, é tão grande e descarada que minutos depois da “ordem” de Villas Bôas a página oficial do TRF4 “curtiu” a mensagem do comandante do EB.
Consumado o supremo estupro à Constituição, seu melhor significado foi evidenciado pelo Ibovespa: disparou 2% em poucos minutos de pregão, puxado por Petrobrás e BB (altas de 4% no dia). A leitura é clara: com o PT fora do caminho as privatizações do que resta de mecanismos estratégicos de intervenção do Estado na Economia estão no horizonte.
O Ibovespa, porém, despencou com a precipitada ordem de prisão de Moro, ante a resistência de Lula em São Bernardo, e as imagens a rodar o mundo. O Golpe descobriu que um juiz-meganha imbecil pode ser tão inconveniente quanto milicianos dele entusiastas, e assassinos.
Em meio a tudo isto, a força bruta do Golpe está nas ruas, a cada esquina. Nas manifestações em São Paulo, Rio, ou Curitiba, os infiltrados, mal disfarçados como agentes “secretos” de comédia barata, são visíveis.
O anão
No polêmico Livro 2° de “Dom Quixote”, Sancho Pança é alvo de uma longa troça, e pensa ser governador da inexistente Ilha de Barataria. Assim é Temer. O vampiro acha que governa, e tenta sucessiva e pateticamente ser ator político.
Primeiro, receoso do julgamento no STF, defendeu o uso das Forças Armadas na segurança pública (Estadão, 4/abr). Depois, no sábado, pediu “paz social”, lamentou “divergências radicais” na população e, num rasgo de sinceridade, assumiu que “aproveita a impopularidade para adotar medidas de interesse do país” (leia-se, “interesse dos golpistas”).
O fato é que Temer foi escanteado pelo Golpe. Manter a candidatura é apenas um ato formal de “saída honrosa”, em sua distorcida visão de mundo. E o próprio Golpe reconhece que nada tem de democrático. Significativamente um editorial de fim de semana da Folha de São Paulo, a propósito da crise deflagrada pela prisão de Lula, mencionou a necessidade de ser mantida a normalidade “republicana”, e não mais “democrática”.

 

Setor Privado

Grevistas são demitidos

Na terça, 10, três trabalhadores da Halliburton que participaram da greve de 2017 foram demitidos pela empresa. Segundo informações da categoria, dois trabalhadores do setor de WP (Wireline & Perforating) e um de outra linha. Essas demissões descumprem um acordo feito entre o sindicato e a empresa, de que não haveria demissões enquanto estivessem sendo negociados os pagamentos das folgas suprimidas.
“A empresa está rompendo um acordo feito em mesa e nós não podemos aceitar isso. Ainda mais que a empresa está demitindo e contratando outros para substituir”, protesta o Coordenador do Departamento de Trabalhadores do Setor Privado do Sindipetro-NF, Wilson Reis.
O sindicato e a FUP cobram da Halliburton explicações sobre o motivo das demissões e do descumprimento do acordo. As dispensas acontecem no meio de um processo de criação de um Grupo de Trabalho que tem 120 dias para buscar uma solução para a questão das folgas suprimidas, motivo da greve de 2017.
Os trabalhadores do setor de WP da Halliburton realizaram 12 dias de greve em 2017. Entre as principais reivindicações estavam o pagamento do Dia de Desembarque, compra de 10% de dias acumulados, fim do banco de horas, reajuste/revisão anual do bônus, alteração na nomenclatura do bônus e promoções, que a categoria não recebe há cinco anos.

Curtas

MULHERES NA LUTA
Comitiva de mulheres do NF participou do 2° Encontro de Mulheres Petroleiras do Espírito Santo, no último dia 7, em São Mateus. Com o tema Unidas pela liberdade, pela vida e pelo respeito, o evento foi especial para as guerreiras que atuam e atuaram na indústria do petróleo. “Nossos desafios são muitos, e precisamos estar unidas e preparadas para enfrentá-los”, destacou a Diretora do Sindipetro-ES, Priscila Costa Patrício. Representaram o NF, a aposentada Marlene Rosário, a pensionista Ivanise Artiles e as diretoras Conceição de Maria e Jancileide Morgado.

NF de olho
O NF apura denúncias sobre agenda-mentos de cursos para técnicos de segurança no período das folgas. As gerências pressionam os trabalhadores a escolherem uma data para cursos obrigatórios no período de desembarque. O sindicato cobrou explicações da área de RH da empresa, que nega a prática. A entidade solicita à categoria que envie relatos em [email protected]. A entidade não revela a identidade do denunciante.

Baker
Com data base em maio, os trabalhadores da Baker/BJ começam a participar de setoriais convocadas pelo NF para construção da proposta de ACT 2018. No último dia 9, a base de Boa Vista apresentou suas propostas e debater a conjuntura desfavorável para a classe trabalhadora. Entre outros pontos, os trabalhadores pleiteiam que os benefícios sejam equiparados ao que era pago no Acordo da BJ.

Cipa de bordo
Diretores do Sindipetro-NF embarcaram nesta semana para participar de reuniões de Cipa de plataformas da Bacia de Campos. Representaram a entidade os sindicalistas Chico Zé, em P-53, Tezeu Bezerra, em P-25, Valdick Souza, em P-35, e Alexandre Vieira, em P-43. A participação do sindicato nas reuniões de Cipa é uma conquistas dos trabalhadores no ACT e tem contribuído para combater a negligência da gestão da empresa para com a segurança no trabalho.

Petros mente
O NF teve acesso a uma resposta da Petros, destinada a um participante, onde a fundação mente ao afirmar não ter recebido “qualquer informação sobre liminares referentes ao Sindipetro – Norte Fluminense”. A Petros foi notificada sobre a liminar obtida pelo Sindipetro-NF, como comprovam o mandado e a certidão do oficial de justiça. Os documentos estão disponíveis em bit.ly/2qnm4Zj.