Aos companheiros e companheiras do Norte Fluminense
Por que aprovar os indicativos do NF e da FUP nas Assembleias?
Se tem uma categoria que não delega responsabilidades é a petroleira. Enquanto muita gente fica apenas nas redes sociais dizendo que “alguém tem que fazer alguma coisa”, o petroleiro e a petroleira vai lá e faz. Isso não é apenas retórica ou jogo de palavras. É a verdade sustentada por vários exemplos históricos em que esta categoria foi muito além das suas reivindicações mais internas e imediatas — a ponto de ter, como em 2015, toda uma campanha reivindicatória e a realização de uma greve contra a privatização da Petrobrás, que de tal forma deu seu recado que os golpistas obrigam-se a raramente admitirem essa intenção abertamente, utilizando-se da rapinagem do desmonte, da entrega aos pedaços.
E é justamente contra esse desmonte, essa privatização não admitida para o público em geral, mas por demais evidente tanto aos que a encomendaram quanto para nós, que agora se impõe a construção de uma greve eloquente. Precisam saber que não sairá barato nomear executivo privatista da Shell e de outras multinacionais para o Conselho de Administração da Petrobrás — um escárnio típico de quem já perdeu todos os limites da decência —, não sairá barato entregar trabalhadores, terminais, refinarias, redes de dutos, plataformas e até campos de petróleo. Não sairá barato o avanço do desemprego, que atinge mais rapidamente os trabalhadores do setor petróleo privado, que têm amargado, quando ainda nos postos de trabalho, reduções de até 70% nos salários. Não sairá barata essa insistência criminosa em lesar o País de modo acintoso, “neste grande acordo nacional, com Supremo e tudo”.
Nos anos 90, ataques semelhantes contra a Petrobrás e o Brasil se sucederam. E foi a resistência petroleira que impediu, naquele momento, a venda integral da empresa. Os entreguistas foram até onde puderam, mas agora querem ainda mais. Em vários aspectos, o cenário atual é muito pior, pois estes consideram ter abatido toda a resistência possível, com o golpe de 2016 e a prisão de Lula, mas parecem subestimar a força e a capacidade de soerguimento de uma ideia justa, de uma causa legítima, de uma vontade que não é apenas de um ou de outro, mas de um grande coletivo, da classe trabalhadora.
Petroleiros e petroleiras têm consciência política, trajetória histórica, coragem e sabedoria para fazer o que sabem que precisa ser feito. Estamos sendo chamados a mais um daqueles momentos em que não se pode vacilar, e não vacilaremos.
Além de dizer que não aceitaremos a privatização da Petrobrás, é preciso dizer com toda a clareza que Lula é um prisioneiro político, um condenado sem provas, e por isso está colocado o dever ético de aprovar um manifesto em sua defesa, especialmente por vir de uma categoria que testemunhou o compromisso do ex-presidente com o crescimento da companhia, dos empregos, da indústria nacional. A omissão não seria uma opção digna para nós.
Também é necessário somar forças em aspectos mais práticos da luta, com a aprovação do desconto assistencial, porque a batalha é grande, precisa de muitos recursos para vencer a guerra midiática, disputar a comunicação, manter campanhas como a “Privatizar faz mal ao Brasil”, organizar estrutura de protestos, viabilizar a participação dos movimentos sociais, estar presentes em vários fóruns de resistência. Tudo isso, em um cenário de queda de receita do sindicato e de gastos maiores, como o do pagamento referente ao julgamento do RSR (Repouso Semanal Remunerado), de R$ 467 mil, pagos pelos trabalhadores por meio da entidade. Os desafios são diários e gigantes.
A democracia brasileira, tão jovem e que tantas vidas custou, está sob ataques gravíssimos. Por todo canto vê-se o crescimento de vozes fascistas, a criminalização dos movimentos sindicais e sociais, a repressão autoritária à cidadania e a judicialização da política. O sentimento geral entre os democratas, nacionalistas e comprometidos com a construção de um futuro justo para o País é o de que tudo precisará ser refeito, e não há outro caminho senão fazê-lo.
Os petroleiros e as petroleiras, que habituaram-se a ter consciência da importância estratégica do seu trabalho para a soberania do País, não se calarão agora. Gritarão com a greve o desejo de milhões de brasileiros e brasileiras.
Todos às assembleias!
Macaé, 10 de maio de 2018
Diretoria do Sindipetro-NF