Do site do Coletivo de Entidades Negras (CEN) – O jornalista Paulo Henrique Amorim sofreu ataques de um hóspede do Hotel Fiesta, localizado no bairro do Itaigara, em Salvador, enquanto tomava café da manhã com sua esposa, no início deste sábado, 19, antes de embarcar de volta para São Paulo.
Em visita à capital baiana para participar de um evento do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro), o apresentador da RecordTV e autor do blog de esquerda Conversa Afiada foi chamado de “esquerdista” por um homem exaltado que defendia a prisão do ex-presidente Lula. Ele também afirmava, em tom destemperado, que Paulo Henrique Amorim havia recebido R$ 5 milhões da Lei Rouanet – o que não passa de uma fakenews (notícia falsa) espalhada criminosamente por grupos de direita anti-petistas e anti-lulistas.
Segundo relatos dos presentes, uma mulher loira que acompanhava o hóspede também ofendeu um sindicalista, dizendo que ele “pertence a uma raça inferior e nem deveria estar ali” – incorrendo em crime de racismo. O caso discriminatório ocorreu após o sindicalista, de prenome Djalma, mas conhecido como Boneco, ter dirigindo-se ao hóspede, pedindo que ele cessasse as agressões contra Paulo Henrique.
Após um princípio de confusão, todos foram encaminhados para a 16ª Delegacia Territorial, na Pituba. A vítima prestou queixa. O assunto está sendo acompanhado por advogados e pelo coordenador-geral do Coletivo de Entidades Negras, Marcos Rezende, que prestou solidariedade ao amigo Paulo Henrique Amorim e repudiou tanto as agressões fascistas contra o jornalista quanto o ato de racismo contra o sindicalista do Sindipetro. Situação semelhante aconteceu com a ex-vereadora e até então secretária de Trabalho, Emprego, Esporte e Renda da Bahia, Olívia Santana, que foi ofendida por uma mulher em um hotel de luxo em Salvador.
Para Marcos Rezende, esses casos devem-se ao aumento da tensão racial e de classe após o golpe institucional que empurrou o Brasil para um governo ilegítimo que tenta tirar direito dos trabalhadores e do povo pobre. “Agora fica exposto o que desde sempre é denunciado pelo movimento negro brasileiro: não existe democracia racial nesse país”, apontou o ativista, historiador de formação.
“Antes do debate de classe, em um país que foi o último a extinguir a escravidão legal no mundo, vem o debate racial, pois é a cor da pele o determinante principal para definir quem terá os direitos vilipendiados pelo Estado e pela burguesia que o governa”, defendeu.
[Foto: Na recepção do hotel, a agressora de cabelos louros / Registro de um hóspede do Sindipetro]