José Maria Rangel*
O povo brasileiro precisa saber o que está acontecendo na Petrobras e a greve nacional também será uma forma divulgar o que a gestão criminosa de Temer/Parente está fazendo com a nossa maior empresa. Os petroleiros e petroleiras querem trabalhar e produzir combustíveis a baixo custo, já a gestão entreguista quer encher o bolso das grandes importadoras e dos países exportadores de combustíveis, o principal deles os Estados Unidos.
A atual política de realinhamento de preços que provoca reajustes diários é apenas parte de uma estratégia maior de entrega do mercado de derivados aos interesses internacionais. Fazem parte dessa estratégia: a brutal redução de trabalhadores da estatal nos últimos três anos; a redução crescente da carga de produção de derivados nas refinarias do país que já provocou a ociosidade de 25% da nossa capacidade de refino; a garantia de preços do mercado internacional dentro do mercado brasileiro e a já anunciada venda de refinarias.
A população está em parte iludida com o último balanço que contabiliza o dinheiro da privatização de áreas da empresa como se fossem resultados de uma gestão eficaz. A outra parte dos resultados de que tanto se orgulham os entreguistas, é na verdade o sacrifício do povo brasileiro que vem pagando o preço de uma política de realinhamento ao preço internacional, em um momento de alta do barril do petróleo por questões geopolíticas do outro lado do mundo enquanto os custos da produção de derivados no país são muitos baixos por conta do pré-sal.
A capacidade da categoria petroleira terá para enfrentar as estratégias de um governo de joelhos para o capital internacional, estará em grande medida na disputa de opinião que divide o povo brasileiro. A greve nacional dos petroleiros vai colocar em discussão os verdadeiros motivos da crise de combustíveis que afligiu o país.
* Coordenador Geral da FUP e diretor do Sindipetro-NF.
[Publicado originalmente na edição 1042 do boletim Nascente]