CLIPPING: Sindipetro vai denunciar Petrobras por lançar plataformas inacabadas ao mar

Compartilhar no facebook
Compartilhar no twitter
Compartilhar no whatsapp

RIO – O Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) vai encaminhar denúncia ao Ministério do Trabalho e à Marinha contra a Petrobras por estar tirando dos estaleiros plataformas inacabadas. A informação foi dada nesta sexta-feira pelo presidente do Sindipetro-NF, José Maria Rangel, ao explicar que o sindicato está levantando uma série de dados relativos à plataforma P-62, para serem encaminhados aos órgãos fiscalizadores na próxima semana.
A P-62 foi entregue pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Pernambuco, em dezembro do ano passado, em evento que contou com a presença da presidente Dilma Rousseff, da presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, e do governador Eduardo Campos. Com capacidade de produção de 180 mil barris diários, a P-62 está sendo instalada no campo de Roncador na Bacia de Campos e deve iniciar a operação no segundo trimestre deste ano.
Exportações só ‘no papel’
O presidente do Sindipetro-NF afirmou que a P-62 foi lançada ao mar faltando uma série de componentes primordiais à segurança do equipamento e dos trabalhadores. Rangel citou o caso de alguns equipamentos de navegação que não estariam em condições de operar quando a unidade saiu do estaleiro.
— Esta história não é nova na Petrobras, de retirar de estaleiro plataforma que não está pronta e concluí-la no mar. Sempre alertamos que isso é muito perigoso— destacou Rangel.
Para o sindicalista, os principais motivos para a companhia acelerar a operação das novas plataformas seriam a pressão do mercado pelo aumento da produção e o anseio de favorecer a balança comercial do país, já que esses equipamentos são “exportados no papel” para receberem incentivos fiscais. Só no ano passado, as exportações de plataformas teriam contribuído com US$ 7,7 bilhões na balança comercial.
Em nota, a Petrobras garantiu que a P-62 passou por rigorosos processos de controle de qualidade antes de sair do estaleiro. A empresa informou ainda que que obteve todas as autorizações e licenças necessárias junto às autoridades competentes antes da retirada da P-62.
Segundo a Petrobras, é normal que um navio-plataforma sofra o que a estatal chamou de “esforços estruturais”, o que exige a execução de serviços de ajustes. A companhia destacou também que é normal e previsível a realização de trabalhos de verificação da estanqueidade (para verificar eventuais vazamentos) das tubulações e de comissionamento para início da operação com óleo e gás.
Petrobras: há segurança
O Sindipetro-NF garantiu, porém, que a unidade saiu com uma série de equipamentos sem funcionar, como o sistema principal de geração de energia. A plataforma estava com geração secundária com um gerador auxiliar, o que teria facilitado um incêndio ocorrido no início de janeiro último.
— Como uma plataforma pode estar em alto-mar sem o sistema de detecção de gás funcionando? E foi isso que aconteceu. Há alguns sistemas da própria unidade que não estão operacionais, e isso é muito preocupante — destacou Rangel.
Na nota, a Petrobras assegurou que a unidade só deixou o estaleiro após passar pelos processos de verificação da segurança. Ainda segundo a a estatal, existe uma série de serviços de ancoragem e de interligação das tubulações aos poços que só podem ser executados no local.
Para a produção nacional voltar a crescer, a Petrobras está instalando nove novas plataformas, com capacidade adicional de 1,1 milhão de barris diários de petróleo.