Clemente Ganz Lúcio[1]
(Pré) ocupados com o futuro, vivemos um presente denso e de horizonte nebuloso. Esses tempos exigem que se desenvolvam novas sintonias propositivas com as essências do movimento invisível da história.
A vida não para e nem espera. Segue!
Presentes complexos pretéritos marcaram os 63 anos de história do DIEESE desde sua criação em 22 de dezembro de 1955. Trilhamos com o movimento sindical brasileiro campos, vales, abismos, florestas e sertões. Resistimos e avançamos. Observadas à distância, nessas décadas, simplesmente seguimos. Mas, o seguir de cada presente respondeu, naquele contexto histórico específico, às complexidades e aos desafiados. Vivos estamos porque as pretéritas sintonias históricas propositivas geraram vitalidades que, no seguir, nos fez chegar até hoje.
Para seguir, o sexagenário DIEESE se coloca hoje diante do desafio de planejar o seu futuro. Como no passado, será preciso fazer escolhas olhando para frente.
A missão institucional é produzir e aportar conhecimento para a intervenção social dos trabalhadores para promover, por meio da organização e luta sindical, desde o local de trabalho e em múltiplos espaços, transformações que favoreçam à justiça, à igualdade, à solidariedade, ao bem estar, à qualidade de vida e ao equilíbrio ambiental.
As profundas transformações patrimoniais e tecnológicas do sistema produtivo capitalista, do Estado e da divisão internacional do trabalho promovem mudanças disruptivas no mundo laboral. O inédito futuro desenvolve no presente novos paradigmas sobre o trabalho, os trabalhadores e os direitos. A produção e a distribuição econômica e social ganharão novas conformações políticas e culturais. No Brasil próximo, essas transformações ganham potencia em iniciativas, conflitos e contradições, muitos desconhecidos.
O que nos cabe? Na vida que segue, o sentido maior da luta, sempre!
Os trabalhadores do futuro produzirão todas essas transformações e tudo estará em disputa, aliais, como sempre esteve. Mobilizar o protagonismo da classe trabalhadora é essencial para disputar as transformações disruptivas e ter outras e novas possibilidades de futuro. O sindicato, como sujeito coletivo, também terá que mudar para se constituir na resposta coetânea às transformações em curso.
O DIEESE do futuro deverá prospectar sobre o trabalho do futuro e as grandes transformações disruptivas, lançando-se como fermento criativo para a invenção e intervenção sindical.
O DIEESE do futuro deverá mobilizar seu ativo de credibilidade para aportar racionalidade e diálogo em um mundo de insensatez múltipla.
O DIEESE do futuro deverá reinventar sua forma de organização e de financiamento.
O DIEESE se lança para o futuro determinado a mudar, animado pelos 63 anos em que travou a boa luta junto com o movimento sindical e com os incontáveis e fraternos amigos com que compartilha utopias.
[1]Diretor técnico do DIEESE.