11 de julho de 2013. O Dia Nacional de Luta entrou para a história da classe trabalhadora brasileira. Como há muito tempo não acontecia, todas as centrais sindicais do país somaram força, resgatando a unidade nacional em torno de reivindicações que há mais de uma década estão na pauta dos trabalhadores, como o fim do fator previdenciário, a redução da jornada de trabalho e o combate à precarização.
Petroleiros, metalúrgicos, bancários, rodoviários, metroviários, ferroviários, professores, químicos, portuários, eletricitários, telefônicos, comerciários, funcionários públicos, operários da construção civil e da indústria naval e diversas outras categorias comprovaram a capacidade de organização da classe trabalhadora. Todos os estados do país foram tomados por manifestações e paralisações.
Foram realizados atos públicos e passeatas em mais de 150 municípios brasileiros. O MST mobilizou 17 estados, além de ocupar a sede do INCRA, em Brasília. Houve bloqueios em mais de 50 rodovias e protestos nos pedágios, com liberação das catracas. Os acessos para diversos pólos industriais foram interditados, paralisando milhares de trabalhadores em todo o país. No ABC paulista, 40 mil metalúrgicos cruzaram os braços. Os serviços de transporte público foram interrompidos em seis capitais. Vários portos do país também tiveram suas operações suspensas ou reduzidas.
Os petroleiros, que sempre estiveram na vanguarda das lutas sociais, mais uma vez fizeram história. Em todo o Sistema Petrobrás, trabalhadores próprios e terceirizados se manifestaram com paralisações de até 24 horas, suspensão de Permissões de Trabalho, atrasos no expediente, entre outras mobilizações nas unidades operacionais e administrativas. Nos locais de trabalho ou nos atos públicos, a categoria protestou contra os leilões de petróleo e o Projeto de Lei 4330, que aprofunda a precarização do trabalho terceirizado e coloca em risco uma série de direitos e conquistas.
Além de unificar as lutas dos movimentos sindical e social, o dia 11 de julho deu o recado para o governo e o Congresso Nacional de que os trabalhadores organizados estão prontos para maiores embates. As centrais sindicais anunciaram novas mobilizações conjuntas nos dias 06 e 30 de agosto.
Dia Nacional de Luta
Manifestantes protestam contra monopólio da Globo e cobram democratização da mídia
As centrais sindicais e movimentos sociais encerraram o Dia Nacional de Luta com manifestações em defesa da democratização dos meios de comunicação – uma das bandeiras do dia 11 de julho – e atos em frente às unidades da Rede Globo e TVs associadas à emissora. Houve manifestações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belém, Porto Alegre, Salvador e Aracaju. Os protestos condenaram o monopólio o monopólio da Rede Globo que, além de concentrar a maior parte das verbas publicitárias do país, detém poder de veto na definição dos canais da NET e da SKY, que possuem 80% do mercado midiático nacional.
Os manifestantes exigiram o fim da propriedade cruzada de empresas de mídia, a revogação de concessões pertencentes a políticos e a regulamentação do artigo 226 da Constituição Federal, que trata da comunicação. O coordenador do Coletivo Brasil de Comunicação Social Intervozes, Pedro Ekman, explicou que a reivindicação é pela efetivação do que já está na Carta Magna brasileira. “A Constituição proíbe o monopólio e o oligopólio. Também proíbe a propriedade cruzada, ou seja, o mesmo dono ter emissoras de rádio e TV, revistas, jornais. Mas isso nunca foi regulamentado, não existe um conjunto de leis que explique o que fazer para impedir isso”, disse.
Para o diretor do Centro de Estudos de Mídia Barão de Itararé, Altamiro Borges, a revolta dos manifestantes contra os meios de comunicação se dá pela própria forma como eles lidam com os acontecimentos. “Em um primeiro momento, no início das manifestações do mês passado, muitos veículos exigiram firmeza do governo estadual e da Polícia Militar paulista contra os manifestantes. Logo em seguida, mudaram de lado, tentando pautar o movimento. As pessoas vêm aqui hoje afirmar que não se aceita mais que apenas sete famílias controlem a mídia e o que pode ou não ser dito”, concluiu.
“Globo Sonega”
Em São Paulo e em outras capitais, os manifestantes gritaram palavras de ordem como “Globo Mente” e “Globo Sonega”, fazendo referência ao processo por sonegação fiscal que a emissora responde na Receita Federal, por não ter declarado valores repassados à Fifa pelos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002.
Unidade petroleira nas mobilizações
O Dia Nacional de Luta contou com a participação de todos os sindicatos de petroleiros do país. A FUP parabeniza todos os trabalhadores próprios e terceirizados que participaram desta mobilização histórica, inclusive os companheiros das bases dissidentes. Veja na página da FUP a participação de todos os sindicatos no dia 11 de julho e as fotos das mobilizações:
http://www.fup.org.br/2012/noticias/manchetes/2221444-petroleiros-de-todo-o-pais-soman-se-as-manifestacoes-do-dia-nacional-de-luta
Nova mobilização 06 de agosto contra o PL 4330
Uma das principais bandeiras das manifestações do dia 11 de julho, a luta contra o Projeto de Lei 4330, que escancara a terceirização e ataca direitos dos trabalhadores, será intensificada pelas centrais sindicais. Uma nova mobilização nacional foi anunciada para o dia 06 de agosto. Na pressão, os trabalhadores conseguiram evitar que o projeto fosse votado na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados Federais, onde tramita em fase terminal.
No último dia 10, o presidente da CCJC, deputado Décio Lima (PT-SC), anunciou que o PL 4330 não será votado antes do dia 13 de agosto. Até lá, haverá novas reuniões com a comissão quadripartite, formada por representantes das centrais sindicais, governo, parlamentares e empresários, que já realizou três rodadas de negociação. Haverá mais quatro reuniões do grupo e, se tiver consenso, a proposta deverá ser apresentada no dia 05 de agosto.
A FUP e seus sindicatos têm participado ativamente das mobilizações em Brasília, fortalecento a luta das centrais para derrubar o PL 4330, que flexibiliza a CLT e libera por completo a terceirização, inclusive nas atividades fim.