Movimentos sociais e sindical testam unidade em protestos no 11 de julho

Viviane Claudino / Da Rede Brasil Atual

São Paulo – O dia nacional de luta marcado pela centrais sindicais e por setores dos movimentos sociais para a quinta-feira (11) já prevê dezenas de atividades em vários estados e no Distrito Federal. Os pontos que unificam as entidades do movimento de representação dos trabalhadores são redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias, destinação de 10% do PIB para a educação e de 10% das receitas da União para a saúde, reforma agrária, fim dos leilões de petróleo e mais recursos para melhoria do transporte público. Os dirigentes também rechaçam o Projeto de Lei 4.330, de 2004, sobre terceirização.

Desse item em diante, bandeiras diversas passam a ser erguidas em atos marcados em locais diferentes. A CUT divulgou uma agenda de protestos confirmados em 20 estados e em Brasília, com manifestações, paralisações, atos públicos e passeatas. Em São Paulo, bancários, químicos, petroleiros e trabalhadores da educação e da saúde estadual são algumas das categorias que participam da movimentação conjunta, marcada para começar às 12h, em frente ao Masp. Em Brasília, o ponto de partida da atividade será o Museu da República, às 15h, com passeata até o Congresso Nacional. No mesmo horário, no Rio de Janeiro, manifestantes se concentram na Candelária. Em Belo Horizonte, trabalhadores de saúde, educação e eletricitários já anunciaram paralisações localizadas e passeata conjunta saindo às 10h da Praça Sete, no centro.

A CUT considera ainda a reforma política com plebiscito uma das prioridades dos movimentos sociais. “As manifestações democráticas da sociedade estão totalmente vinculadas às nossas manifestações. Não lutamos somente por melhores salários, nós entendemos que precisamos atender uma pauta social. Precisamos de um plebiscito para que a população tenha o direito de manifestar a sua opinião, participar e não apenas pagar a conta, como costuma acontecer”, afirma o presidente da central, Vagner Freitas.

Ontem (9), porém, o Congresso derrubou a proposta do Executivo de realizar um plebiscito ainda este ano, para que as reformas aprovadas por expressão popular pudessem ser aplicadas já nas eleições de 2014.

A CUT apoia, ainda, o “primeiro grande ato contra o monopólio da mídia”, convocado por ativistas da democratização dos meios de comunicação para a mesma quinta-feira. A atividade deve começar às 17h, em frente à estação Berrini da CPTM, na zona sul de São Paulo, de onde deve sair em marcha até a sede paulista da Rede Globo, na Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini.

Em nível nacional, os petroleiros realizam greve pela suspensão dos leilões de petróleo. Representantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) marcham pela reforma agrária, cobrando solução dos problemas dos acampados, desapropriações, recursos para produção de alimentos sadios, legalização das áreas de quilombolas e pela reforma urbana, para enfrentar a crise das grandes cidades e a especulação imobiliária.

A Força Sindical rejeita a ideia de reforma política. Em alguns pontos de sua nota de convocação ao dia 11, adota bandeiras próximas às dos partidos de oposição ao governo, como os ataques à equipe econômica e à inflação. “Há um desconforto entre as famílias dos trabalhadores, que estão sentindo a corrosão dos salários. É importante mostrar o descontentamento dos trabalhadores com a equivocada equipe econômica que está permitindo a volta da inflação”, diz o presidente da Força, o deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).

A central informa que pretende fechar Marginal Tietê, Avenida do Estado, rodovias Anchieta, Castelo Branco, Raposo Tavares, Fernão Dias, Dutra e Mogi-Bertioga, todas vias importantes da região metropolitana de São Paulo. Estão previstas ainda manifestações nas cidades de Campinas, Piracicaba, Ribeirão Preto, Franca, Santos, Guarulhos, Osasco, Sorocaba, Piracicaba, Lorena, Araçatuba e São José dos Campos. Também ocorrerão atos em Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Bahia, Pernambuco, Ceará, Espírito Santo, Amazonas e Rio Grande do Norte. No Distrito Federal haverá concentração na catedral, com passeata até o Congresso Nacional.

Em nota, os metroviários de São Paulo, cujo sindicato é filiado à CSP-Conlutas, apoiam as manifestações pelo transporte público de qualidade, o enfrentamento dos problemas da mobilidade urbana e contra todas as formas de privatizações, entre as quais incluem as parcerias público-privadas e concessões. A categoria pode interromper atividades, mas a decisão depende de assembleia marcada para a tarde de hoje.

O Sindicato dos Comerciários de São Paulo de São Paulo, filiado à UGT, convoca concentração para as 10h, na rua 25 de Março, principal centro de comércio popular de São Paulo, para sair em passeata para a avenida Paulista. Os metalúrgicos de São Paulo, ligados à Força, preveem paralisações, atos em portas de fábricas e passeatas.

O movimento envolve CGTB, CSB, CSP-Conlutas, CTB, CUT, Força Sindical, Nova Central e UGT. Juntamente com o MST, essas centrais reuniram-se em 25 de junho para rearticular-se e reapresentar a pauta de 2010, com a chamada agenda trabalhista, que avaliam não estar sendo encaminhada pelo governo. Após as manifestações do mês passado, foi incluído o tema de melhoria do transporte público, além de um item sobre “defesa das liberdades democráticas”.