Trabalhadores de P-54 encaminham manifesto ao Sindipetro-NF

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Os trabalhadores de P-54 realizaram assembleias conforme orientação do Sindicato e se posicionaram contra os indicativos. Veja manifesto encaminhado pelo grupo:

Ao Sindipetro Norte Fluminense,
 
Nós, trabalhadores da plataforma P-54, queremos nos manifestar, através desta, contra o apoio do nosso sindicato a mobilização conhecida como “Dia Nacional de Luta”, marcada para acontecer no dia 11 de julho. Desde já, deixamos registrado que não somos contrários a esta mobilização e sim, contra o envolvimento do Sindipetro NF nesta causa.
Acreditamos que estamos presenciando um momento histórico no Brasil. A saúde, educação, segurança e os transportes continuam com os mesmos problemas de sempre e, provavelmente, vão continuar assim por algum tempo ainda. Mas então, o que mudou para estarmos vivendo um momento tão especial? -A postura do povo brasileiro. Deixamos de ser expectadores e nos tornamos protagonistas das mudanças profundas que o Brasil precisa passar para se tornar um país decente de se viver, justo e preparado para enfrentar os desafios do futuro.
Ficou evidente que a luta do povo brasileiro não é contra um político ou contra partidos políticos, muito menos contra quaisquer instituições. A luta é pelos direitos garantidos na Constituição Brasileira e que nunca foram respeitados. É imensa e de longa data a insatisfação com o modo que o brasileiro vem sendo tratado. Desrespeitado na verdade! Alguma atitude precisava ser tomada. O descontentamento geral é tão abrangente, que iniciaram-se grandes manifestações por todo o Brasil. Curiosamente, não foi possível observar uma liderança destacada, alguma instituição ou organização que levantasse uma bandeira, uma causa. Parece óbvio, no fundo não pode existir uma liderança nesta conjuntura, porque as manifestações partiram do povo para resolverem os problemas do povo. Democracia pura!
Estamos receosos com as reais intenções das Centrais Sindicais em se engajarem nessa luta. Aos nossos olhos, essas questões não lhes cabem. A grandiosidade e o impacto causado pelas manifestações se deram, em grande parte, pelo fato de não ter sido possível identificar a liderança do movimento. O verdadeiro líder estava em cada cidadão com voz de protesto e na mão um cartaz expressando sua indignação. Apresentar, ou melhor, se apresentar como uma liderança, agora, é trilhar o caminho inverso já percorrido por todos os aqueles brasileiros que foram às ruas lutar por um Brasil melhor. Como nós apoiamos que as manifestações sejam elaboradas com as mesmas características da sua origem popular, não pretendemos ser parte integrante das mobilizações do “Dia Nacional de Luta”, pois elas terão instituições organizadas e com interesses próprios à sua frente.
A luta dos cidadãos brasileiros deve ficar a cargo dos brasileiros. Como cidadãos, que somos, já conhecemos o caminho para vencer essa batalha. Trazendo a realidade macro, do Brasil, para a micro, da Bacia de Campos, podemos fazer um paralelo e perceber que se tratam de situações semelhantes. A vida a bordo de uma unidade marítima não está nada fácil. Nenhum serviço prestado, de modo que possamos embarcar e realizar o nosso trabalho com tranqüilidade, tem qualidade. Na Bacia de Campos não temos saúde, transporte, segurança e educação decentes. Quem vai comprar essa briga? Quem pode orientar e liderar os petroleiros nessa batalha? -O Sindipetro NF.
Os funcionários da Petrobrás e das empresas por ela contratada tem demandas de muitos anos travadas. Defender e lutar pelos interesses que a classe necessita é o mínimo que se espera de um sindicato. O sindicato está para servir os sindicalizados e não o contrário. Ele deve permanecer preocupado em apresentar para os seus substituídos planos de conquistas objetivos, com metas alcançáveis e traçar estratégias exeqüíveis de mobilização para seja conquistado àquilo que a categoria almeja. A revolução social que estamos vivendo, aliada a consciência política histórica dos sindicalizados no Sindipetro NF e a nossa capacidade de organização, mostra um cenário ideal para cobrar todos os anseios da classe petroleira. Nunca, na história deste país, foi tão favorável buscar e conquistar aquilo que se precisa, isso em todas as esferas da sociedade.
Os companheiros da P-48, num documento muito bem elaborado, já mostraram diversos pontos que poderiam ser objeto de luta constante do nosso sindicato e sua base. Nós da P-54 compartilhamos todos eles, os problemas deles são os nossos e acreditamos que sejam os da maioria das plataformas da Bacia, também. Abaixo, vamos apenas citar mais alguns exemplos de nossas demandas:
1- Condições de vida a bordo: os colegas de empresas contratadas ainda fazem 14×14. Até quando isso vai continuar? As refeições, em alguns casos, são de péssima qualidade. A relação truculenta da chefia é quase uma unanimidade nas plataformas. A capacidade da empresa em dificultar a nossa comunicação impressiona. As ligações telefônicas para nossas famílias em terra são restritas e a internet é lenta e limitada;
2- Transportes: estamos fazendo o percurso de Macaé a Campos em vans lotadas. Os aeroportos de Campos e São Tomé não oferecem estrutura aos trabalhadores e não são compatíveis com a importância do trabalho que vamos executar nas plataformas. As aeronaves estão sobrecarregas e apresentam problemas periodicamente. Conquistar um transporte digno, Rio de Janeiro/Campos/Rio de Janeiro, custeado pela empresa seria uma grande conquista, porque as passagens de ônibus estão cada vez mais caras;
3- Segurança: Sem comentários para a política de INSEGURANÇA da Petrobrás;
4- AMS: Estender o plano de saúde para inclusão dos pais é uma dos desejos mais antigos dos funcionários da Petrobrás;
5- Educação: financiar educação para os filhos dos funcionários foi um avanço. Mas e para os próprios funcionários? Temos a impressão que os cursos de idiomas são liberados apenas se você fizer parte do ciclo de amizade do gerente;
6- Economia: Os salários são muito baixos, defasados, principalmente, os dos companheiros contratados. A verdade é que os trabalhadores de uma indústria que lucra bilhões ainda não são bem remunerados;
7- Transparência: A Petrobrás prega a transparência em suas ações, mas o processo de avanço de nível por mérito deste ano permaneceu obscuro, como sempre. O Índice de Satisfação do Empregado da P-54 ainda não foi divulgado;  
8- RSR: Até quando funcionários que executam a mesma tarefa e tem a mesma função, vão receber valores diferentes pelo mesmo trabalho?
9- Regramento da PLR: O Sindipetro NF tem alguma novidade sobre esse assunto?
São muitas perguntas e poucas respostas, tanto por parte da empresa, quanto do sindicato que nos representa.
Aqui na P-54, não somos alheios ao que acontece no país, até porque ajudamos dia-a-dia a construí-lo. Fazemos parte dele. Apoiamos e apoiaremos todo e qualquer movimento, pacífico, que busque o respeito aos direitos garantidos por lei, a justiça e, consequentemente, uma melhor condição de vida à população como um todo. Para que essa idéia fique clara aos nossos colegas e até para a sociedade, solicitamos gentilmente que esta carta seja publicada no site do Sindipetro NF na sua íntegra.
Vale salientar que não somos adversários deste sindicato e, apesar de algumas discordâncias, temos orgulho de ter os nossos direitos, como trabalhadores offshore, defendidos por esta organização. Respeitamos o Sindipetro NF e os nossos colegas e como não poderia ser diferente, acataremos a decisão que as assembléias tomarem e faremos o movimento no dia 11 de julho, caso essa seja a vontade da maioria.
 
Atenciosamente,
 
Trabalhadores da P-54