O assentamento Normandia, do MST, em Caruaru, região do agreste de Pernambuco, transformou-se em um imenso caldeirão cultural, integrando petroleiros de todas as regiões do país e trabalhadores rurais do estado, durante a IV Plenária Nacional da FUP, que foi aberta quinta-feira, 06, e prossegue até domingo, 09. Mais de 150 delegados estão reunidos no Centro de Formação Paulo Freire, onde funcionava a antiga casa grande da fazenda ocupada pelo MST e desapropriada em 1997, após uma longa e árdua luta dos trabalhadores sem terra.
As lideranças políticas e sindicais que compuseram a mesa de abertura ressaltaram a importância da unidade da classe trabalhadora e dos movimentos sociais na construção de um país soberano e com justiça social. O coordenador do Sindipetro-PE\PB, Marcos Aurélio, deu as boas vindas às delegações e destacou o orgulho de ser o anfitrião de uma plenária histórica, realizada em um local que é símbolo da luta pela reforma agrária.
Jaime Amorim, coordenador do MST em Pernambuco e integrante da Coordenação Nacional da entidade, lembrou que o Assentamento Normandia completou 20 anos no dia primeiro de maio, ressaltando que a antiga fazenda foi utilizada pelos militares na ditadura militar como local de repressão. “Os trabalhadores rurais enfrentaram nesta ocupação o que há de pior no latifundiário brasileiro, o autoritarismo dos antigos coronéis, arraigados ao poder do Estado. Esse é um espaço construído e conquistado com muita luta”, declarou, destacando que as 40 famílias de agricultores que vivem no assentamento produzem os alimentos fornecidos pelas escolas públicas da região.
O coordenador da FUP, João Antônio de Moraes, encerrou a solenidade de abertura da IV Plenafup, evocando um dos gritos de luta da Via Campesina: “Se o campo e acidade se unir a burguesia não vai resistir”. Ele frisou que sem unidade, a classe trabalhadora não conseguirá superar os desafios que tem pela frente. “Nossa categoria vive hoje sob o risco constante de precarização das condições de trabalho e segurança, em função do avanço da terceirização e da apropriação do capital privado sobre os recursos de petróleo. Dos 189 blocos que foram leiloados na 11ª Rodada, a Petrobrás é operadora em apenas três”, denunciou. “Esse é um setor extremamente estratégico para a nação só teremos chance nessa batalha, se soubermos estabelecer alianças importantes, como a que temos com o MST e o MAB”, revelou.
Também participaram da solenidade de abertura da IV Plenafup, o presidente da CUT\PE, Carlos Vera, o secretário de Relações Internacionais da CTB e diretor da FUP, José Divanilton, a diretora da CNQ e integrante do Coletivo Nacional de Mulheres Petroleiras, Cibele Fogaça, o deputado federal Fernando Ferro (PT-PE) e o diretor do Instituto Paulo Freire, professor Moacir Gadotti. A Plenária prossegue até domingo e apontará os eixos políticos que nortearão a categoria ao longo do próximo ano, calendários de luta e também aprovará as pautas e bandeiras das campanhas reivindicatórias.
Acompanhe pelo portal da FUP a cobertura da IV Plenafup: WWW.fup.org.br
Em defesa dos trabalhadores ameaçados pela terceirização
Vamos ocupar terça-feira, 11, o Congresso e barrar a votação do PL 4330
Apesar do compromisso assumido pelo governo com as centrais sindicais de garantir que o PL 4330 não entrasse em votação enquanto não fosse discutido com os trabalhadores uma proposta alternativa de regulamentação para a terceirização, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania da Câmara dos Deputados Federais (CCJC) colocou o projeto novamente em pauta. O PL deverá ser votado na próxima terça, 11, justamente no dia da reunião da Mesa Permanente de Negociação das centrais com o governo, cuja pauta principal é a construção da proposta dos trabalhadores.
Para impedir que o PL 4330 seja aprovado, as centrais sindicais estão convocando uma grande mobilização nacional em Brasília na terça-feira, 11. A concentração será no escritório da CUT Nacional em Brasília, de onde os manifestantes partirão para a Câmara por volta das 13h30. A FUP orienta os sindicatos a enviarem para o ato delegações com o maior número possível de representantes. O objetivo é fazer uma ocupação pacífica do Congresso e barrar a votação do PL na CCJC, pois se for aprovado, seguirá direto para o Senado.
A pretexto de regular a terceirização, o PL 4330 amplia a precarização ao abrir espaço para o trabalho terceirizado até mesmo nas atividades fim. Além disso, acaba com a responsabilidade solidária das empresas contratantes, ataca direitos históricos e permite que uma prestadora de serviço atue sem contratação direta de qualquer trabalhador, entre outros retrocessos.
Nesta última semana, as centrais conseguiram impedir que o PL 4330 entrasse na pauta da Comissão, apesar de toda a pressão dos empresários. A luta continua e depende essencialmente do poder de mobilização de todas as categorias, já que a correlação de forças no Congresso é desfavorável à classe trabalhadora. A luta contra a precarização das condições de trabalho gerada pela terceirização é um dos temas centrais da IV Plenafup, que está prossegue até domingo (09), no assentamento do MST em Caruaru, Pernambuco, com participação de petroleiros de todo o país.
Vinte anos após ser privatizada, Ultrafértil é novamente 100% Petrobrás
A IV Plenafup deu as boas vindas à delegação do Sindiquímica-PR, o mais novo sindicato filiado à FUP, que pela primeira vez participa de um fórum de deliberação da categoria, em um momento histórico para a classe trabalhadora. Duas décadas após ser privatizada, a antiga Ultrafértil (rebatizada para Araucária Nitrogenados) foi reincorporada ao Sistema Petrobrás, como Fafen-PR, concluindo um processo de negociação, que se arrastava desde o ano passado. Ao longo desses 20 anos, os trabalhadores jamais desistiram da luta pela reintegração da fábrica. Mantiveram-se organizados, sempre denunciando os impactos na produção de alimentos que a privatização da indústria de fertilizantes gerou e cobrando a intervenção do Estado no controle desse estratégico setor.
A resistência valeu a pena e provou que a luta organizada constrói conquistas e vitórias. A FUP teve participação fundamental nesse processo, contribuindo na interlocução com o governo e os gestores da Petrobrás e fortalecendo a unidade dos trabalhadores do Sistema. Essa integração foi consolidada em fevereiro, quando uma assembleia do Sindiquímica-PR aprovou por unanimidade a filiação à FUP.
Resistência dos petroleiros impediu a privatização da Petrobrás
Em junho de 1993, a antiga Ultrafértil, responsável na época pela produção de 42% dos fertilizantes do país, foi privatizada em um dos mais escandalosos leilões do Programa Nacional de Desestatização (PND), que dizimou a Petrobrás Fertilizantes (Petrofértil), através da qual o Estado controlava esse setor estratégico para a agricultura. A Ultrafértil e as demais empresas que pertenciam à Petrofértil (Nitrofértil, Fosfértil, Goiasfértil, Arafértil e outras) passaram a ser controladas pela multinacional Bunge e em 2010 foram adquiridas pela Vale Fertilizantes.
O PND foi instituído em 1990 pelo governo Collor de Mello e teve continuidade nos governos de Itamar Franco e do tucano Fernando Henrique Cardoso, cujos planos eram também privatizar a Petrobrás. Foi o maior e mais escandaloso feirão do planeta, onde a Vale do Rio Doce, CSN, Embraer, Sistema Telebrás, diversas empresas do setor elétrico e petroquímico, entre outras estatais, foram vendidas a preços de banana e com subsídios do Estado. FHC acabou com o monopólio da Petrobrás na indústria de petróleo e só não entregou a estatal às multinacionais porque os petroleiros resistiram com greves e intervenções políticas na sociedade.
A reintegração da antiga Ultrafértil, assim como da Refap, que voltou a ser 100% Petrobrás, após FHC ter vendido 30% de seus ativos, são vitórias históricas que fortalecem a nossa luta contra as privatizações e em defesa de um Estado forte e soberano. Uma conquista que deve ser comemorada por todos os trabalhadores do Sistema Petrobrás, o qual defendemos 100% público e estatal.
FUP, MAB, CNQ, CNM e FNU discutem em seminário propostas dos trabalhadores para o setor energético, indústria e desenvolvimento
“Os trabalhadores – Energia, Petróleo e Pré- Sal, a Indústria e Desenvolvimento” é o tema dos seminários que os petroleiros, metalúrgicos, químicos, eletricitários, engenheiros e os camponeses atingidos pelas barragens realizam nos próximos dias 13 e 14, em São Paulo. O objetivo é aprofundar o debate em torno das propostas dos trabalhadores diante do atual momento histórico em que passa a economia mundial e a indústria brasileira, onde o setor energético é cada vez estratégico.
O seminário será realizado na sede Sindipetro Unificado do Estado de São Paulo, e contará com a participação de representações dos trabalhadores dos ramos químico e metalúrgico da CUT, bem como das entidades que integram a Plataforma Operária e Camponesa para Energia, da qual fazem parte a FUP, o MAB, a FNU, a FISENGE e o Sinergia-SC. O debate contará também com a participação de técnicos do Dieese, educadores populares e do economista Márcio Pochmann, que fará um panorama geral sobre o processo de industrialização e o setor energético no Brasil.