As relações de confiança, os laços de amizade e os “macetes” que os trabalhadores constróem nas plataformas são fundamentais para manter o bem estar e a saúde mental do trabalhador segundo o Mestre em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Marcelo Resende.
Resende que participou de algumas pesquisas com petroleiros pode perceber também que as relações de confiança são facilitadas quando as equipes são mais estávei e na contramão disso vem a terceirização, com sua alta rotatividade.
Durante sua palestra na terceira mesa do Congrenf “A degradação do ser humano: saúde mental e penosidade”, o pesquisador apresentou fatores ligados à organização do trabalho que levam ao adoecimento mental. “Esses fatores que não podem ser mensuráveis ou observáveis podem favorecer ao surgimento da descompensação ou do adoecimento. Isso dependerá da pessoa ou do que ela está vivendo no período” – disse.
Rezende explicou que os trabalhadores criam seus mecanismos subjetivos para não adoecer, que podem ser individuais como a criação de uma ideologia em torno da profissão ligada à bravura, à virilidade e ao heroísmo ou coletivos como os já citados. Sua sugestão é que sejam incentivados o fortalecimento dos laços coletivos.
O médico do trabalho e Assessor de saúde do Sindipetro-NF, Ricardo Garcia, expôs sobre o trabalho penoso na indústria do petróleo apresentando conceitos e enumerando atividades. Garcia contou que chegaram a ser apresentados alguns projetos de lei no senado para regulamentação da penosidade, mas que até hoje nenhum foi aprovado.
O Diretor do Sindipetro-NF, argumentou sobre a necessidade de fortalecimento das Cipas e do sindicato para que os trabalhadores possam resistir ao que vem acontecendo nas plataformas e terminais, que é uma desvalorização da operação, confusão hierárquica, assédios e ameaças. Também sugeriu que encaminhem denúncias ao sindicato para que possam ser tomadas ações imediatas para tentar amenizar a sobrecarga de trabalho que está acontecendo, principalmente por conta da redução do efetivo.