Da Imprensa da CUT – Milhares de pessoas ocuparam as ruas de São Paulo e Porto Alegre neste domingo (14) para protestar contra o fascismo, o racismo e pelo “Fora, Bolsonaro”.
Para se prevenir dos riscos de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19), a maioria usou máscaras e álcool em gel e os organizadores pediam a todo momento para os manifestantes manterem o distanciamento social recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma das formas de prevenção à doença.
Nem sempre as aglomerações foram evitadas e essa é uma das maiores preocupações da direção da Executiva Nacional da CUT vem reafirmando nas últimas Resoluções que, apesar da gravidade das crises sanitária, política e econômica. “não vai convocar as categorias para manifestações de massa para evitar a aglomeração de pessoas, o que pode impulsionar a disseminação da contaminação e agravar a situação sanitária”.
Em Porto Alegre, o protesto contra o fascismo e o racismo e pelo ‘Fora Bolsonaro’, que também começou as 14h, foi o sexto consecutivo realizado na capital gaúcha, e desta vez foi liderado pelo movimento #VidasNegrasImportam, slogam criado pelos manifestantes antirracistas nos Estados Unidos, que tem mobilizado multidões de norte-americanos, europeus e de outros continentes. Após concentração junto ao Monumento ao Expedicionário, no Parque da Redenção, os manifestantes, na sua maioria negros, partiram em caminhada pela Avenida João Pessoa até o Largo Zumbi dos Palmares. Confira na página da CUT-RS mais informações e fotos.
Em São Paulo, os manifestantes ocuparam a Avenida Paulista na terceira manifestação de rua organizada por torcidas organizadas e pela Frente Povo sem Medo. A manifestação, que começou às 14h, em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), reuniu em torno de duas mil pessoas e foi pacífica do início ao fim, sem registro de conflitos com a Polícia Militar, e marcado pela união entre torcidas rivais, como mostrou reportagem do Brasil de Fato.
Além dos torcedores anti-fascistas, o #ForaBolsonaro em São Paulo foi marcado pela diversidade de organizações, movimentos e atores da sociedade civil unificando suas lutas na defesa da democracia, como o Mulheres Contra Bolsonaro. O movimento divulgou, no sábado, o manifesto “Levante das Mulheres Brasileiras” e foram à Paulista para “derrubar o governo que, embora eleito, provou que age de forma inconstitucional e que representa de fato uma ameaça para todas as minorias políticas articuladas pelo movimento feminista.”
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Guilherme Boulos, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) também participaram do ato. A deputada federal pelo Paraná vestia uma camiseta da Gaviões da Fiel e uma máscara vermelha escrito “Fora, Bolsonaro”. Ela esteve no dia anterior em uma carreata contra o governo em Brasília.
Vidas negras importam
“Estamos diante de uma calamidade, um dos piores países para se viver. E o povo foi para a rua por direitos, por hospitais de campanha nas periferias, por testes massivos, e para que pare a morte de pessoas negras no Brasil e no mundo”, afirma Simone Nascimento, integrante da coordenação estadual do Movimento Negro Unificado (MNU).
Para a ativista, o governo federal instrumentalizou a pandemia do coronavírus para aprofundar o projeto de “genocídio secular” da população negra, dos indígenas, e dos mais pobres. Isto se evidencia, segundo ela, na ausência de políticas de proteção social e combate à fome, e também na precarização do Sistema Único de Saúde (SUS) – que persiste sob efeitos perversos da Emenda Constitucional 95, o “teto dos gastos” estabelecido por Michel Temer.
Na opinião de Simone, não haverá democracia sem que “as vidas negras importem nesse país”, mas isso passa essencialmente pela derrubada de Jair Bolsonaro, que não tem se solidarizado com as mais de 41 mil mortes acumuladas no país.
A gente tem a pressão pela morte do povo através do atraso do auxílio emergencial, da ausência de testes em massa, e através da polícia. Nós não tivemos o fim das operações policiais nas periferias, então o movimento negro aqui tem tanto motivo de ir pra rua quanto o movimento negro dos Estados Unidos. Lá a gente viu o caso do George Floyd, mas aqui em São Paulo, o Juan e o David, na Zona Leste, foram mortos dentro de casa, ou o próprio João Pedro (no Rio), que foi morto com um tiro nas costas, afirmou a liderança, que viu com bons olhos a união de movimentos sociais em torno da pauta antirrascista nesta tarde.
“Outro lado”
Também na tarde deste domingo, menos de 100 pessoas pediram por intervenção militar em ato pró-governo, realizado no Viaduto do Chá, na região central da capital paulista. Os manifestantes atacaram o Congresso, as autoridade de saúde e o Supremo Tribunal Federal (STF).
[Foto: Paulo Pinto/CUT]