Com o tema “A energia a favor dos povos, com justiça social e ambiental”, começa nesta quinta-feira (02), em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a III Plenária Nacional da FUP (Plenafup). O evento se estende até o dia 05 de agosto, com participação de cerca de 150 petroleiros e petroleiras de todo o país, eleitos democraticamente nos congressos e plenárias regionais, além de observadores, convidados e assessores. Os trabalhadores irão deliberar sobre conjunturas política e econômica, organização sindical, pautas de reivindicações da categoria, estratégias e planos de luta.
“Privatizar faz Mal ao BRasil”
A escolha de Porto Alegre para sediar a Plenária Nacional da FUP ocorre em circunstâncias bem distintas das que marcaram o VII Confup, realizado na capital gaúcha, em junho de 2001, cujo principal mote de luta era a defesa do Sistema Petrobrás contra o projeto de privatização de Fernando Henrique Cardoso. Foi um dos mais emblemáticos Congressos da FUP, pois sedimentou a campanha “Privatizar faz Mal ao BRasil”, que unificou petroleiros de todo o país numa luta nacional contra a entrega da Refap e das duas fábricas da Fafen (na Bahia em Sergipe), as três unidades que eram a bola da vez do projeto tucano de desmantelamento da estatal.
A organização nacional da categoria foi o principal pilar da resistência dos trabalhadores da Petrobrás, que, com luta e unidade, conseguiram frear os planos de privatização do PSDB e do antigo PFL (atual DEM), partidos que comandavam o governo. Naquele mesmo ano do VII Confup, FHC e sua turma anunciaram a entrega de 30% das ações da Refap para a Repsol/YPF e ainda tentaram alterar o nome da Petrobras para Petrobrax, escancarando suas intenções de privatizar pelas beiradas a principal estatal brasileira.
Onze anos depois, os petroleiros estarão de volta a Porto Alegre na III Plenafup para celebrarem a retomada dos ativos da Refap, que voltou a ser 100% Petrobrás, após uma década de luta da FUP. Os petroleiros seguem em frente, buscando a incorporação de todas as subsidiárias e também da antiga refinaria Ypiranga. A retomada do monopólio estatal do petróleo, através da Petrobrás 100% pública é o principal mote da campanha que a FUP e seus sindicatos lideram pelo país afora, unificando os movimentos sociais numa luta nacional pela soberania energética.
Programação da III Plenafup
02 de agosto (quinta-feira)
15h às 19h – Credenciamento
14h às 18h – Debate sobre democratização da comunicação
19h – Solenidade de abertura
03 de agosto (sexta-feira)
8h às 9h – Aprovação do Regimento Interno e eleição da Mesa Diretora
8h às 14h – Credenciamento
9h às 12h – Painéis dos grupos de trabalho
12h às 13h – Apresentação das Teses sobre Conjuntura e Eleição da Tese Guia
13h às 15h – Almoço
14h às 15h – Credenciamento de suplentes
A partir de 15h – Trabalhos em Grupo
20h – Jantar
04 de agosto (sábado)
9h às 13h – Trabalhos em Grupo
13h às 15h. – Almoço
15h às 19h30 –Discussão das resoluções dos grupos
20h – Jantar
05 de agosto (domingo)
9 às 13h – Plenária final (discussão das resoluções dos grupos)
13h às 15h – Almoço de encerramento
A III Plenafup será realizada no Hotel Embaixador, situado à Rua Jerônimo Coelho, 354, Centro de Porto Alegre.
Energia para quê e para quem?
“Energia a favor dos povos, com justiça social e ambiental”. Mais uma vez, a FUP convida os petroleiros e petroleiras a protagonizarem um dos mais importantes debates da atualidade. Energia para quê e para quem?
Assim como nas campanhas em defesa do Sistema Petrobrás e do pré-sal para o povo brasileiro, através da retomada do monopólio estatal do petróleo, os petroleiros continuam impulsionando a luta pela soberania energética. Uma luta cujo objetivo principal é garantir que os recursos naturais sejam utilizados em benefício do povo brasileiro.
Nos diversos fóruns e seminários realizados pelo país afora com os movimentos sociais e demais trabalhadores do setor energético, a FUP tem reafirmado a urgência da construção de uma nova política para o setor, com participação efetiva de todos os atores sociais.
Através da Plataforma Operária e Camponesa de Energia – que reúne os trabalhadores do setor e movimentos sociais – nossa categoria segue pautando esse debate no governo, no Congresso Nacional e nos Estados, envolvendo também a sociedade organizada.
O Brasil é hoje auto-suficiente na produção de petróleo e uma das maiores potências mundiais em recursos energéticos. Mas, o atual modelo permite o controle privado dos bens naturais, com elevados custos econômicos e sociais para o país e a população, principalmente os mais pobres. No caso dos trabalhadores, o preço que se paga é ainda mais caro: acidentes e mortes gerados pela terceirização e pela atuação predatória das multinacionais.
Os interesses privados em um setor tão complexo e estratégico como a indústria energética colocam em risco também o meio ambiente. É a lógica do lucro, da exploração do trabalho e da mercantilização dos recursos naturais. Aquela velha cantilena capitalista de produzir cada vez mais com os menores custos possíveis. Foi agindo dessa forma que a BP e a Transocean provocaram o maior vazamento de petróleo do mundo, em 2010, no Golfo do México. A mesma ganância que levou a Chevron e novamente a Transocean a inundarem de óleo a costa brasileira, na Bacia de Campos, em 2011.
Daí a urgência de um novo modelo energético, que esteja a serviço do povo brasileiro e do desenvolvimento do nosso país, com justiça social e sustentabilidade ambiental. Que o tema da III Plenafup inspire os petroleiros e petroleiras nos debates que serão travados ao longo dos quatro dias da Plenária.
Democratização da comunicação na pauta dos petroleiros
Antes da solenidade de abertura da III Plenafup, prevista para as 19 horas de quinta-feira (02), os petroleiros participarão de um debate sobre democratização da comunicação. Foram convidados os jornalistas e escritores Altamiro Borges, presidente do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Leonardo Severo, assessor da CUT nacional e redator do jornal Hora do Povo, Leandro Fortes, repórter especial da Carta Capital e professor da Escola Livre de Jornalismo, e Fernando Morais, autor de “Os Últimos Soldados da Guerra Fria”, “Olga”, “A Ilha”, “Chatô”, entre outros livros-reportagem.
Os jornalistas irão debater temas como manipulação e partidarismo nos meios de comunicação, liberdade de expressão, o impacto das redes sociais e dos blogs como mobilizadores e formadores de opinião, entre outras questões. O evento está previsto para ocorrer entre às 14 e 18 horas, incluindo um bate papo com Fernando Morais, que autografará seu livro para os petroleiros e o lançamento da segunda edição do livro “Latifúndio Midiota, crimes, crises e trapaças”, do jornalista Leonardo Severo.
Por dentro da PLENAFUP
O Congresso Nacional (Confup) e a Plenária Nacional (Plenafup) são as principais instâncias da organização sindical dos petroleiros das bases da FUP. A cada três anos, é realizado o Confup, que tem um número maior de delegados e elege a diretoria colegiada da FUP. Entre um congresso e outro, são realizadas plenárias anuais. São nesses fóruns de deliberação que a categoria define democraticamente sua pauta de reivindicações e calendários de luta. Tanto no Confup, quanto na Plenafup, os trabalhadores aprovam a tese guia que conduzirá os debates em grupo e nas sessões plenárias. Nos grupos de trabalho, os petroleiros debatem temas relacionados a sindicalismo; previdência e benefícios; saúde segurança e meio ambiente; setor petróleo e pautas de reivindicações. A plenária final delibera sobre as propostas encaminhadas pelos grupos de trabalho, calendários e planos de luta.
Como funcionam os Grupos de Trabalho
Grupo 1 – Sindicalismo – Os delegados e delegadas discutem pontos da tese guia eleita que são referentes a Balanço das Campanhas, Organização Sindical e campanhas salariais.
Grupo 2 – Previdência e Benefícios – Os delegados e delegadas discutem pontos da tese guia eleita que são referentes a Seguridade Brasileira – Previdência Pública, Complementar e Seguridade social e a Organização dos Aposentados.
Grupo 3 – Saúde, Segurança, e Meio Ambiente – Os delegados e delegadas discutem pontos da tese guia eleita que são referentes a Políticas de SMS, de Condições de Trabalho e de Efetivo.
Grupo 4 – Setor Petróleo – Os delegados e delegadas discutem pontos da tese guia eleita que são referentes a Legislação do Setor Petróleo, Política de Primeiriza-ção/Terceirizacao, e Campanhas das Empresas do Setor Privado. Pauta de Reivindicações das empresas privadas do Setor Petróleo.
Grupo 5 – Pauta de Reivindicações – Os delegados e delegadas discutem pontos da tese guia eleita que são referentes às Pautas de Reivindicações.