Agora é greve a partir do dia 16

Capa

Campanha chega a momento decisivo

É hora de mostrar força máxima, com assembleias lotadas em todas as unidades e aprovação massiva do indicativo de Greve a partir do próximo dia 16. Só conquista quem luta

 Os petroleiros do Norte Fluminense têm assembleias a partir de hoje, nas plataformas, e durante a próxima semana (veja calendário na capa desta edição) para avaliar indicativo do Sindipetro-NF e da FUP de realização de Greve por tempo indeterminado, a partir do dia 16 de novembro, caso a empresa não apresente até o próximo dia 10 uma proposta que atenda aos trabalhadores.
 O sindicato protocola hoje, na Petrobrás e na Transpetro, ofício onde comunica a iminência da Greve, cumprindo exigência legal. No documento, a entidade também lembra as obrigações das empresas, em caso de greve, com o necessário estabelecimento de negociação acerca da produção mínima para atender às necessidades inadiáveis da população.
 O indicativo de greve faz parte do calendário que prevê a intensificação da mobilização em todas as unidades do país. Além do Dia de Luta Contra os Abusos Gerenciais realizado ontem em 28 plataformas, e do trancaço em Cabiúnas no último dia 27, já foram realizadas paralisações e mobilizações surpresa em unidades de Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo. E também continua a “Operação Gabrielli”, com o cumprimento rigoroso de todos os procedimentos de segurança previstos nas normas de SMS da Petrobrás.
 No último dia 28, a FUP realizou mais uma rodada de negociação com a empresa, levando à mesa reivindicações que haviam sido descartadas pela Gerência de RH nas reuniões anteriores. Durante mais de sete horas de negociação, a FUP também buscou avanços em pontos fundamentais para a categoria, como uma nova política de SMS que defenda a vida, melhoria dos benefícios (AMS, Petros, benefícios educacionais, entre outros), igualdade de direitos, aumento de efetivos, fim das práticas antissindicais, entre outras reivindicações, como reabertura do PCAC, extensão para todos os trabalhadores dos dois níveis concedidos aos profissionais Júnior, ATS, dobradinhas e questões da anistia.

Calendário de Assembleias

P. Campista       – Segunda, 7  – 13 h
PT                         – Terça, 8   – 7h30
Del. Campos      – Quarta, 9- 10h
Tecab (A e ADM) – Segunda, 7 – 8h
Tecab (E)             – Segunda, 7 – 16 h
Tecab (B)             – Terça, 8  – 8h
Tecab (C)             – Quarta, 9  – 0h
Tecab (D)            – Quinta, 10 –  0h

Plataformas: De sexta, 4, a domingo, 6, com retorno das atas até 12h da segunda, 7.
Indicativos: 
1 – Rejeição da contraproposta apresentada pela Petrobrás no dia 31/10/11.
2 – Aprovar greve por tempo indeterminado, com controle da produção, a partir de 16/11/2011, e fixação do prazo de 10/11/2011 para apresentação de contraproposta que atenda aos trabalhadores.

Editorial
Contra os abusos em todas as bases

A realização, ontem, de um Dia de Luta Contra os Abusos Gerenciais, mobilizou plataformas da região, onde grassam casos e mais casos de autoritarismo e de irresponsabilidade criminosa protagonizada por chefes carreiristas. A escolha do tema mobilizador, que se articula com a Campanha Reivindicatória, não foi aleatório. Ele está assentado em um conjunto de frequentes denúncias que o sindicato recebe contra gerentes do sistema Petrobrás.
Mas estes abusos, que infringem leis fundamentais e até mesmo normas de segurança, não são exclusividade das plataformas e nem mesmo da Petrobrás. É uma praga disseminada em todo o setor petróleo e precisa ser exterminada.
Em Cabiúnas, por exemplo, o Sindipetro-NF apura o caso de um trabalhador de uma empresa privada que teria sido demitido após ter conversado com diretores do sindicato no último dia 27, durante o trancaço na base.
Também no Tecab, a gerência geral da Transpetro têm um histórico de práticas antissindicais, inclusive contra diretores do NF, que recorrentemente estão sendo barrados no acesso ao terminal. Em abril deste ano, aconteceu com o diretor Gedson Almeida, que, ao ir a um caixa eletrônico na base foi abordado por um segurança patrimonial, que afirmou que a sua entrada só era permitida sob autorização do gerente geral.
Em agosto, os diretores Vicente Marques, Chico Zé e Gedson Almeida, além do diretor da FUP, Paulo César Martin, também foram abordados pela segurança patrimonial, por ordem do gerente geral, e igualmente foram impedidos de continuarem seus trajetos, mesmo após terem ultrapassado a roleta. No mês seguinte, o mesmo aconteceu novamente com Gedson e com os diretores Vitor Carvalho e Ilma de Souza. E, se não bastasse, no dia 31 de outubro o mesmo voltou a ocorrer mais uma vez com Gedson e com o coordenador geral do NF, José Maria Rangel.
Nada disso, no entanto, tem conseguido intimidar os trabalhadores. Ontem foi a grande mobilização nas plataformas. No último dia 27 foi o trancaço em Cabiúnas. E a qualquer momento, em qualquer outra base, uma outra mobilização virá. 
Os trabalhadores devem dedicar absoluta prioridade à luta contra este tipo de tentativa de cercear a sua organização e de atingir direitos fundamentais de qualquer ser humano. Seja em terra ou no mar, em bases operacionais ou administrativas, os petroleiros seguirão confirmando a tradição de ser uma categoria altiva e unida, que não se curva diante a chefetes de qualquer espécie.

Espaço aberto

Moção da P-40 contra atrasos dos voos

Petroleiros da P-40**

Nós, trabalhadores embarcados de  P-40, estamos indignados com os frequentes  atrasos  de voos  que ocorrem sempre e que nas últimas semanas aumentaram de 1 (um) para até (cinco) dias.  As únicas  informações  oficiais recebidas  até o momento  (31/10/2011) foram que as condições meteoroló-gicas adversas e a  pane elétrica no aeroporto de Macaé no dia 28/10/2011, estão  impedindo a normalização do transporte aéreo, além disso, o mais preocupante é a quantidade de incidentes ocorridos, pois o número de cancelamentos  devido à pane de aeronave aumentou substancialmente, caracterizando cenário  previsível de caos, instaurado.
A percepção quando no aeroporto em Macaé é que  o caos aéreo não poderia estar ocorrendo  não  poderia estar ocorrendo devido  à pane  grande quantidade de aeronaves estacionadas  em frente aos  hangares. lsso  acontece mesmo com as condições  climáticas aparentemente ótimas. Agora  vamos aos porquês;  Falta de manutenção? Greve dos pilotos? Quantidade insuficiente  de  pilotos? Planejamento incompetente  de uso das aeronaves? Greve  de funcionários?  Operação padrão do apoio  aéreo? Os porquês seriam  infinitos e não se chegaria a concluir nada, porque a  informação real não aparece como deveria.
Somente nos resta como única certeza que a ambiência a bordo está muito ruim com trabalhadores tensos, inseguros quanto ao dia de retorno para  sua família, pois  os atrasos refletem na vida de, todos os embarcados e seus familiares era terra.  E aqueles  trabalhadores terceirizados  que embarcam regime 1×1 e folgam 14 (quatorze) dias? Será que eles recebem compensações? Será  que uma pessoa tolhida  involuntariamente de sua convivência e sem ter nenhuma compensação por estar trabalhando ao Invés de 14 dias, 15, 16, 17, 18 dias, está em condições para o trabalho offshore?  O  entendimento é que não! Temos  tantas certificações e normas, fala- se em SA 8000, NR-30 e tantas  outras que regulam  o  trabalho e o  bem estar do trabalhador offshore, onde estão as aplicações práticas?  Onde está a segurança? Onde está a aplicação do SMS?
* Em Manifesto enviado ao Sindipetro-NF. ** Versão reduzida em razão de espaço. Íntegra disponível emwww.sindipetronf.org.br.

Figuraça da semana

Máscaras de gás para manter a produção

Aconteceu novamente. Como denunciou a FUP nesta semana, a gerência da Reduc manteve, por cinco dias, a produção da Caldeira de CO, com trabalhadores utilizando na área conjuntos autônomos de respiração, devido a um vazamento contínuo de monóxido de carbono na tubulação que alimenta a fornalha. A mesma prática gerencial foi verificada na P-35, na Bacia de Campos, após a contaminação de 22 trabalhadores em setembro. A produção na plataforma só foi paralisada após denúncia do Sindipetro-NF, que provocou o embarque de fiscais da SRTE (Superintendência Regional do Trabalho e Emprego) na unidade. Daqui a pouco vão incluir no briefing de segurança a mensagem de que “em caso de acidente, máscaras de oxigênio cairão para manter a produção”.

Um caso que não é isolado

P-08 é um exemplo típico dos abusos das gerências

 Faz tempo que o Sindipetro-NF recebe, por vezes em meio a atas de assembleias, por vezes em manifestos indignados, e por vezes listado entre ítens das pendências de segurança, relatos sobre atitudes gerenciais que ferem a dignidade do trabalhador e expõem todos a riscos. Há um contingente significativo de gerentes desequilibrados na região, tanto em terra quanto no mar, que procuram transformar o ambiente de trabalho em um inferno. Entre os muitos casos relatados, está o de P-08, plataforma de onde o sindicato recebeu denúncias, nesta semana, de assédio moral.
 Um trabalhador com 26 anos de empresa foi destratado por um gerente identificado como Bráulio, em meio a uma reunião no último dia 24. O chefe queria que o trabalhador priorizasse uma atividade na plataforma, em detrimento de orientações de outros gerentes e até mesmo incorrendo em descumprimento contratual com uma empresa privada envolvida. 
 O petroleiro sofreu um pico de pressão, dor de cabeça e taquicardia, e foi orientado pela enfermagem a permanecer no camarote até se restabelecer. O episódio foi relatado em uma emocionada carta enviada pelo petroleiro ao NF, e as providências contra o gerente estão sendo exigidas pelo sindicato. 
Transferência e assédio
 Não é o único episódio lamentável envolvendo gerentes autoritários em P-08. Durante assembleia no último dia 30, outro caso foi informado pelos trabalhadores ao sindicato. Foi o de um trabalhador que, após ter atuado na unidade desde a sua implantação, e ser considerado por todos como muito dedicado e competente, foi arbitrariamente transferido para outra plataforma pela razão oficial de “trocar experiências”, e pela razão real de perseguição — já que, em razão de sua larga experiência, o trabalhador foi acusado de exercer uma “coordenação paralela”.
 “Além dessa covarde traição, o colega ainda sofreu assédio moral por parte do gerente de base, Jorge Artur Fialho Amorim, que afirmou por três vezes, na presença de testemunhas, que foi um erro permitir a permanência dele na unidade”, relataram os trabalhadores ao NF.
 O caso também foi descrito pelo trabalhador atingido para a ouvidoria da Petrobrás. No documento, além de detalhar o seu próprio infortúnio, o petroleiro teve a preocupação de registrar que ele não é o único atingido na unidade. 
 “A atual gestão de P-08 tem sido contemplada com um dos piores índices de satisfação da Bacia de Campos, fruto das injustiças e transferências arbitrárias promovidas pelo corpo gerencial. Fica claro que o problema de insatisfação da unidade é motivado pelas atitudes, principalmente, do gerente setorial Jorge Artur e seus comandados”, disse o petroleiro.
Reação
 Casos como o de P-08, além de receberem o devido tratamento específico do Sindipetro-NF, passarão a integrar um mapeamento mais amplo sobre os assédios gerenciais, uma vez que o problema se mostra epidêmico. O Dia de Luta Contra os Abusos Gerenciais, realizado ontem, é apenas o começo desta luta, que inclui mobilização dos trabalhadores, denúncias aos órgãos fiscalizadores e ações jurídicas.

Abuso até mesmo em dia de luta

 O Sindipetro-NF recebeu ontem denúncia dos trabalhadores da PCH-1 de que as gerências da unidade e do flotel acoplado à plataforma realizaram uma operação de grande risco sem as providencias de segurança previstas nos procedimentos de segurança da empresa. 
 A manobra foi de transferência de uma peça com 30 toneladas de peso do flotel para a plataforma.  A peça é um novo deck que está sendo instalado na unidade.
 Como era dia de mobilização, e essa atividade não está diretamente relacionada com a segurança e habitabilidade, a transferência não foi acompanhada pelos operadores e pelo pessoal da Petrobrás de movimentação de cargas.
 As análises preliminares de risco não envolveram todos os participantes da operação, tendo sido feita pelo fiscal de bordo do flotel. Também não houve um planejamento de movimentação da carga, como é previsto em movimentações como esta. Um possível acidente poderia atingir oleodutos e gasodutos de PCH-1 que estão logo abaixo do local da manobra.

Um terminal de irregularidades

Tecab acentua práticas antissindicais e leva riscos aos trabalhadores

Os petroleiros da base de Cabiúnas estão enfrentando uma série de problemas na relação com a gerência geral do terminal. Indiferente aos constantes acidentes na unidade, e mantendo uma postura arrogante na relação com o sindicato, a empresa tem protagonizado casos de práticas antissindicais e de desleixo em relação à segurança dos trabalhadores.
 Como registrado no editorial desta edição do Nascente, a gerência do Tecab tem um histórico de tentativas de bloqueio do acesso de diretores do NF à unidade. Em várias ocasições, diretores sindicais foram abordados pela segurança patrimonial, que afirma que o diretor só pode prosseguir após autorização da gerência geral.
 O sindicato também foi informado de que, até o momento, não está devidamente comprovado que a brigada contratada, após muita reinvindicação do sindicato e dos trabalhadores, tenha efetivamente bombeiros civis profissionais. Além disso, estes profissionais não receberam ainda os salários correspondentes aos três meses de treinamento e os adicionais de trabalhador de turno.
 Em outra atitude que coloca a segurança em risco, a empresa alterou um anexo do procedimento de emissão de PT´s, com o objetivo de facilitar o planejamento, a emissão e a execução das permissões de trabalho após a Operação Gabrielli, numa demonstração de que são os gerentes que descumprem (ou alteral) as normas de segurança.
 E, como o mau exemplo vem da Transpetro e da Petrobrás, outras empresas também avançam sobre os trabalhadores. O sindicato apura o caso de um trabalhador da Sprink que teria sido demitido no último dia 28, após o trancaço na unidade, em razão de ter conversado com diretores do Sindipetro-NF.

PCH-1 exerce Direito de Recusa para voos da Omni

 Petroleiros de PCH-1 anunciaram nesta semana que passaram a exercer o Direito de Recusa em relação aos voos operados pela empresa taxi aéreo Omni.
 “A nossa decisão se fundamenta nas últimas ocorrências de pane em aeronaves da referida empresa em curto espaço de tempo, destacando a ocorrência de alto risco no dia 18/10/2011 em PGP-1, tendo o voo abortado após o pouso na unidade, por estar faltando dez parafusos na carenagem e apresentando uma fissura, o que entendemos como uma falta grave no que diz respeito à qualidade de manutenção”, registraram os trabalhadores.
 Os petroleiros da unidade também lembraram ocorrência em SS-37, em 21 de outubro, quando o helicóptero PR-MEM “só não caiu no mar por destreza do piloto”, além de outro na P-43 (PR-OMH) em 26 de outubro, por vazamento de óleo.
Casos chamam atenção
 “Entendemos que o número de anormalidades na Omni tem se destacado em disparidade com as outras companhias de taxi aéreo, o que nos faz entender que suas aeronaves não possuem o mesmo nível de segurança em comparação às de suas concorrentes”, disseram os petroleiros em manifesto que teve a íntegra publicada no site do Sindipetro-NF.

Insegurança em navio da OGX

 O Portal G1 informou na terça, 1, que o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) identificou irregularidades no OSX-1, navio-plataforma da OSX, empresa de Eike Batista. “A plataforma, no entanto, não poderá operar até sanar as falhas de segurança e saúde do trabalho apontadas em inspeção prévia realizada última quinta-feira por uma equipe de auditores e pelo Ministério Público do Trabalho (MPT)”, informou a matéria.
 Entre os problemas encontrados estão instalações elétricas e andaimes inadequados, equipamentos de proteção individual (EPI) sem certificados, falta de segurança em espaços confinados, falhas no sistema de combate a incêndio e gás e falta de treinamento para operação da caldeira.
 Em maio de 2010, dois trabalhadores morreram e dois ficaram feridos em um acidente em uma plataforma semi-submersível operada pela Brasdril, que presta serviços para a OGX, em Cabo Frio.

Curtas

P-15 na SRTe
O Sindipetro-NF protocolou na SRTE (Superintendência Regional de Trabalho e Emprego), na terça, 1, ofício contendo denúncias sobre várias pendências de segurança na plataforma P-15 e de alteração em ata de Cipa, após o documento ter sido aprovado em reunião extraordinária da comissão.

Caos aéreo
O NF tem reunião hoje, às 9h, com o gerente da US-TA, Ricardo Albuquerque, para apresentar a visão do sindicato sobre o caos aéreo que se instalou na região. Além dos atrasos e transferências nos voos, continuam a ser registradas diversas ocorrências em aeronaves. Entre as mais recentes está o de uma aeronave da Senior que levava trabalhadores do Farol de São Tomé para a P-31 mas, sem explicações, pousou na P-25 e desembarcou os petroleiros.

Halliburton
Petroleiros da Halliburton aprovaram indicativo do NF de rejeição da proposta da empresa em assembleia no último dia 1º, que reunir cerca de 250 trabalhadores. Entre os motivos para a rejeição estão o índice de reajuste abaixo da inflação e o fato de a empresa não resolver a  jornada dos trabalhadores que trabalham somente na base.

Curtinhas

** Petroleiros da P-53 denunicaram no último dia 31 uma série de problemas a bordo com a empresa de hotelaria Dall Empreendimentos e Serviços LTDA. 
** De acordo com os trabalhadores da unidade, há problemas com a qualidade dos serviços de limpeza e dos alimentos apresentados, além de outros ítens contratuais.
** O professor Carlos Antônio Levi da Conceição lança no próximo dia 10, às 19h, no Solar dos Mellos, em Macaé, o livro “Do Índio Goitacá à Economia do Petróleo: Uma Viagem pela História e a Ecologia da Maior Restinga Protegida do Brasil”.

Normando

Petrobrás condenada por assédio

O que afinal é assédio moral? Às vésperas de uma greve, na qual, de antemão, sabemos que os gerentes da Petrobrás farão ameaças e agressões aos trabalhadores, é importante divulgar ao menos uma decisão da Justiça do Trabalho a respeito da discriminação e assédio a que foi submetida uma petroleira.
Como narrou a juíza na sentença, não se tratou de mero abuso de poder por parte das chefias, mas de sistemático assédio por parte de um gerente de plataforma sobre a moça, que dia após dia, ao longo de quase três anos, foi excluída de reuniões e deixada sem tarefas na distribuição do serviço, dentre outras agressões.
A vilania do gerente de plataforma, quando denunciado junto à ouvidoria, foi ao ponto de construir uma versão de maus tratos da petroleira para com trabalhadores prestadores de serviço — relatos vagos, certamente obtidos na base de intimidações e de outros meios impublicáveis —, o que foi ridicularizado e desmentido pelas provas produzidas no processo.
A Petrobrás foi condenada a determinado valor. Porém, como sempre, por mais absurdamente errada que esteja, por mais perdido que seja o processo, recorrerá, se possível até o STF. Mas, como todas as provas lá estão, ao fim e ao cabo perderá.
E o gerente? Em razão de seus caprichos de macho, e vaidades de mando, receberá alguma punição? Indenizará à Petrobrás o prejuízo?
Quinhentos anos atrás Leonardo Da Vinci afirmava que os que não punem a maldade a apóiam. Sairá a Petrobrás da Idade Média gerencial para algumas luzes renascentistas, ao menos?

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]