Nada é mais urgente, neste ano de 2022, do que eleger o ex-presidente Lula para que retorne à Presidência da República, assim como governadores, senadores, deputados federais e estaduais que deem sustentação à reconstrução pela qual o Brasil precisa passar a partir de 2023. Esta é a síntese das avaliações dos integrantes da mesa de abertura do 18º Congresso dos Petroleiros e Petroleiras do Norte Fluminense, que acontece de modo híbrido – presencial no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, e transmitido ao vivo pelo Youtube e pelo Facebook.
Ainda que reconheçam a importância das pautas corporativas das categorias e bases sociais que representam, as lideranças que abriram o Congresso ressaltaram que de nada adiantaria a luta por direitos em acordos coletivos – que deve continuar a acontecer – sem que uma grande mudança política aconteça no país, que tem sido devastado pelo governo Bolsonaro.
Integraram a mesa, de modo presencial, o presidente da CUT-RJ, Sandro César; o representante do MST, Silvano Leite; o presidente do Sindicato dos Bancários de Macaé, Paulo Alves; a presidenta do Sindicato dos Servidores de Macaé, Miriam Seso; o representante do PT (Partido dos Trabalhadores), José Maria Rangel; o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar; e o coordenador geral do NF, Tezeu Bezerra.
A representante do PCdoB (Partido Comunista do Brasil), Conceição de Maria, participou por meio de uma saudação ao vivo pelo zoom; e enviaram vídeos gravados o representante da CNRQ, Geralcino Teixeira; do Dieese, Rogério Campanati; e da representação dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras, Rosangela Buzanelli.
Eleição mais séria desde a redemocratização
Para o presidente da CUT-RJ, esta eleição “é a mais séria que a classe trabalhadora vai disputar desde a redemocratização do País”. Ele lembrou que é preciso ter lado, é preciso fazer escolhas, e que o povo sabe disso, defendendo que o movimento sindical ganhe as ruas no trabalho de convencimento da população sobre a importância desse momento.
Representando o MST, Silvano destacou a parceria histórica do Sindipetro-NF com o movimento dos trabalhadores rurais sem terra. “Nos 26 anos de atuação do MST na região, todos contam com a presença do Sindipetro em nossas lutas, e nós nas lutas dos petroleiros”, disse, também lembrando os grandes desafios das mobilizações para defender as riquezas nacionais, como aquelas que buscam proteger as empresas estatais dos ataques privatizantes.
Outra parceria histórica dos petroleiros é com os bancários, como ressaltou Paulo Alves, que esteve entre os que lembraram o papel do Sindipetro-NF e também afirmou que este é um momento difícil. “Temos um grande desafio, que é o retorno do presidente Lula ao poder . Temos que voltar às bases, aos colegas. O inimigo tem força, tem dinheiro, tem o governo. Não vai ser fácil. Temos que formar uma grande frente”, disse o sindicalista.
Miriam Seso, do Sindiserv, foi a que mais emocionou os delegados e delegadas do Congrenf, por meio de uma fala também muito emocionada sobre as eleições na sua entidade, que teve o apoio do Sindipetro-NF. Há apenas dois meses à frente de um sindicato que, por 18 anos, foi comandado por direções patronais, ela afirma que a presença e a solidariedade do NF foi fundamental para a vitória. Além dos desafios da categoria em Macaé, ela também identifica que o cenário do país impõe uma grande participação das lideranças e da população para “reconstruir o Brasil”.
O coordenador da FUP, Deyvid Bacelar, enumerou três grandes desafios para este ano: a negociação dos acordos coletivos da Petrobrás e das empresas privadas do setor petróleo; a luta contra o desmonte e a privatização da Petrobrás – que em sua avaliação ainda merece muita atenção especialmente pelo atual governo ver no seu fim uma “janela de oportunidade” para entregar a empresa -; e “a eleição das nossas vidas”, na qual é preciso eleger Lula e uma grande bancada para o Congresso Nacional.
Petrobrás cobiçada desde sempre
Representando o PT (Partido dos Trabalhadores), José Maria Rangel, que é diretor do Sindipetro-NF e ex-coordenador da entidade e da FUP, citou uma fala do ex-presidente João Goulart, em 1964, em que já era apontada a ameaça contra a Petrobrás e às conquistas do povo brasileiro, para demonstrar que a luta é antiga, longa e que vive agora um momento decisivo.
“A Petrobrás é cobiçada desde sempre. Vamos usar o verbo certo: o governo atual não quer privatizar a Petrobrás, quer vender a Petrobrás, e a gente sabe como isso acontece, como aconteceu com a BR Distribuidora. Por isso, nada é mais importante do que a eleição presidencial. O Brasil vai definir o que vai querer. E só votar não adianta, tem que votar e pedir voto “, defende Rangel, lembrando que não cabe ser “morno” ou “neutro” neste momento.
“Eu sei que a discussão da Petros, da AMS, é importante. É nosso DNA. Mas nós avançamos na categoria petroleira. Nós demos um passo para nos tornamos sindicatos cidadãos, que não fechamos os olhos para a fome, para o desemprego, para as pessoas que estão nas filas dos hospitais”, avaliou.
Encerrando a mesa, o coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, deu por aberto os trabalhos do 18º Congrenf, mas não sem antes mandar também a sua mensagem de que “tem que botar os bolsonaristas de volta para o esgoto de onde não deveriam ter saído”. Para ele, “aumentou a responsabilidade da classe trabalhadora na luta contra o fascismo e o entreguismo”.
[Fotos: Rui Porto Filho / Para Imprensa do NF]