Teatro do NF foi palco do primeiro Seminário sobre diversidade “Nas Cores da Luta” da categoria petroleira

A noite do dia 30 de junho entrou para a história da categoria petroleira do país, por ser a data em que foi realizado o primeiro Seminário de Diversidade “Nas Cores da Luta” e o palco foi o teatro do Sindipetro-NF. Toda a cerimônia foi conduzida pela diretora Bárbara Bezerra e o publicitário do sindicato Glauber Barreto, que leu uma carta que escreveu ao pai, quando contou sobre suas escolhas.

O evento começou com os dois lembrando a importância do mês de junho e a história do dia 28 de junho. “Junho é o Mês do Orgulho e da Diversidade, momento de se orgulhar de ser quem se é e da identidade que se possui. Também é o mês de celebrar a luta contra a discriminação e pressionar o poder público a garantir direitos de cidadania dos LGBTQIA+” – disse Bárbara. 

A primeira atividade foi uma mística, onde pessoas do público levantaram placas com frases lgbtfóbicas e causaram impacto no público, que logo em seguida aplaudiu, ao ver o outro lado das placas com frases de acolhimento.

A mesa de abertura política reuniu representantes do PT – Leopoldo Antunes, do PC do B – Conceição de Maria, do Sindipetro Unificado de SP e dos Coletivos LGBTQIA+ da FUP, CUT e do PT – Tiago Franco, da FUP e do Coletivo de Mulheres Petroleiras – Andressa Delbons, o Coordenador do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra e a diretora Jancileide Morgado. Todos ressaltaram a importância do seminário para a história do movimento.

Tiago Franco lembrou em sua fala que “por um longo tempo, as demandas por tratamento igualitário a trabalhadoras e trabalhadores LGBTQIA+ foram completamente ignorados no âmbito das organizações sindicais, porém nas últimas décadas, alguns direitos começaram a ser incorporados a Acordos Coletivos de Trabalho e normas internas das empresas, como por exemplo: o tratamento igualitário por casais homoafetivos no que se refere a direitos previdenciários, de saúde e licença maternidade/paternidade, o direito ao uso do nome social no ambiente de trabalho e compromissos por parte das empresas de tratamento não discriminatório. Estes direitos posteriormente foram ratificados pelo Poder Judiciário e garantidos, em tese, à toda classe trabalhadora LGBTQIA+ em trabalho formal”.

Apesar dessas conquistas, ainda são insuficientes para garantir a cidadania plena e uma ambiência sem opressão e discriminação por conta de sexualidade e identidade de gênero, por isso a Frente Petroleira LGBT sugere a inserção de demandas nas pautas de reivindicações da categoria e a inclusão dessas demandas nas bandeiras de luta de nossos sindicatos (veja todas abaixo). 

O Coordenador do NF, Tezeu Bezerra, lembrou da vitória que é realizar esse seminário numa região extremamente conservadora e lembrou que “quem defende de fato a família somos nós, a família do amor, que quer ser feliz, onde não há regras de um formato ou composição. A pauta da diversidade é nossa e essa luta é diária, por mais amor e liberdade!” – disse.

Leide foi a responsável por fechar essa etapa política, por ser a pessoa que mais se empenhou para que esse seminário acontecesse. Leide comentou o fato de estar emocionada por ter conseguido realizar o Seminário e ver o teatro do sindicato colorido com pessoas maravilhosas.

Em seguida, todes assistiram a apresentação da artista transformista Luna Galtiery, que dançou ao som de Never Enough, tema do filme O Rei do Show. 

Que participou também da mesa do Seminário com Dani Balbi, professora, pré-candidata a deputada estadual pelo PCdoB e Diana Figueiredo, que é petroleira offshore da Petrobrás.

Dani Figueiredo denunciou que o Brasil sempre foi um país conservador e LGBTQIfóbico e que esses agentes do conservadorismo não tinham coragem de colocar nas ruas as suas pautas, até o governo Bolsonaro assumir. Também falou do interesse das elites em retirar direitos da classe trabalhadora. “A luta da classe trabalhadora e dos sindicatos precisa incorporar as pautas pela diversidade e do movimento lgbt, porque o Brasil justo, soberano e feliz, que gera riquezas e tem condição de gerir seus ativos é o país que enfrenta todas as formas de opressão” – falou  

Diana Figueiredo contou como foi seu processo de transição já dentro da empresa e emocionou todes presentes com sua luta, que passou pela reivindicação de poder dormir no camarote feminino a bordo, até ter seu nome social alterado e a criação de botões no sistema do RH para atualização de documentos.  “Como é difícil ser mulher nessa empresa! Enquanto não havia feito a transição meu trabalho estava a contento, mas depois, quando mudei, passei a não atender e perdi minha função. Sofri assédio moral e sexual de quem eu menos imaginava!” – contou emocionando a todes presentes. Chegando algumas pessoas a ficar com os olhos marejados diante da luta das três.

No encerramento, responderam perguntas do público e receberam um cesta com presentes do Sindipetro-NF. E como a festa não pode parar, ainda houve aapresentação grupo All Dance no palco do teatro e do grupo As Mulatas e DJ Lewá na quadra de esportes.

 

Demandas do movimento LGBTQIA+  da categoria petroleira:

 

– Criação de comitês de diversidade nas empresas que tenham a tarefa de promover ações de conscientização para toda a força de trabalho.

– Capacitação da ouvidoria para tratar e investigar de forma eficaz denúncias de LGBTfobia.

– Censo de trabalhadores LGBTQIA+ nas empresas, para acompanhamento de indicadores de ambiência e tratamento justo na evolução da carreira.

– Garantia de hormonioterapia trans custeada pelo Benefício Farmácia.

– Tratamento de todas as cirurgias do processo de resignação de gênero como caráter terapêutico/reparador e não estético.

 Nos sindicatos:

– Incluir nas fichas de filiação questões de sexualidade e identidade de gênero

– Abrir ou aumentar os espaços dedicados a essas pautas nas publicações dos sindicatos

– Promover a criação de coletivos LGBTQIA+ 

– Trabalhar a formação dos dirigentes para que sejam agentes da transformação civilizatória que precisamos alcançar para afastar as ameaças fundamentalistas que nos cercam, isso inclui o compromisso em reavaliação constante das condutas e tratamentos interpessoais, buscando uma comunicação que transmita para toda a categoria que o sindicato é um espaço acolhedor para todos e todas.