A passagem, hoje, dos 38 anos da tragédia de Enchova encontra o setor petróleo em um cenário propício para a ocorrência de novos acidentes, como o que matou, no último dia 2, o petroleiro Patric Carlos, a bordo da P-19, na Bacia de Campos. Uma combinação de redução de investimentos (totais e específicos em saúde e segurança) e de redução de pessoal produzida pela Petrobrás é a principal preocupação dos trabalhadores.
O momento agrava uma situação que já é de muito risco na indústria do petróleo no Brasil. No país, 391 petroleiros morreram em acidentes de trabalho desde 1995, de acordo com a FUP (Federação Única dos Petroleiros). Destes, 318 (81%) eram empregados de empresas privadas do setor, terceirizadas da Petrobrás; outros 73 (19%) eram empregados diretos da companhia. A média desde então é de 14 mortes por ano no setor petróleo no país.
De acordo com a subseção do Dieese na FUP, os investimentos totais da Petrobrás, que já chegaram a R$ 104,4 bilhões em 2013, não passam de R$ 50 bilhões desde 2017. Isso gera repercussão na geração de empregos, na qualidade das instalações e das condições de trabalho, aumentando a insegurança nos locais de trabalho. O investimento específico em SMS, que chegou a US$ 3.144 milhões em 2011, caiu para menos da metade em 2021, quando fechou em US$ 1.270 milhões.
Relembre a tragédia
Assim como faz com a tragédia da P-36, no 15 de março, o Sindipetro-NF sempre registra a passagem da tragédia de Enchova, que em 16 de agosto de 1984 matou 37 petroleiros e deixou outros 19 feridos. Os trabalhadores estavam em uma baleeira que caiu com 50 pessoas a bordo, na operação de abandono da unidade após uma grande explosão — provocada por um vazamento em um dos poços.
Morreram na tragédia os petroleiros da Petrobrás Antônio Francisco Fernandes, Antônio Pio Sales, Antônio Ricardo Pessanha Barretto, Carmélio Pimenta do Nascimento, Claudio Luis Pacheco Santos, Daniel Fortunato, Edson Rodrigues Simões, Everton Gomes da Silveira, Flávio Pereira de Souza, Gecildo Laerte Braga, Geneci da Silva, Hélio Cerqueira, Jonas dos Santos Coutinho, José Carlos Diniz, José Carlos Ferreira, José Renato Lopes Lima, Lédio de Carvalho Gonçalves, Luís Carlos Barbosa, Marcos Rogério Medeiros Queiroz, Marcos Teixeira Cortes, Murilo Machado, Nelson Luiz de Oliveira Souza, Paulo Jorge de Oliveira, Paulo Roberto Barreto Lima, Richard Takahashi, Rigott Marcelino Barbosa e Rômulo Magno Ribeiro Lima.
Da empresa Meymar, Aldemir Soares da Silva, Álvaro Cabral, Carlos Henrique Cabral, Gelson Gueiros Campinho, José Manoel de Oliveira, Roberto de Souza, Salomão Souza Godinho e Valcir Brandão Gonçalves.
Da PRU Engenharia, Gilberto Raimundo da Silva. E da Rolls Royce, Luís Conrado Luber.
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