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A SEMANA
Editorial
Gratidão sem fim às famílias dos heróis da P-36
Nestas mais de duas décadas passadas da tragédia da P-36, todos os anos o Sindipetro-NF marca este 15 de março com atos, entre outras atividades, para homenagear os heróis que perderam as suas vidas na plataforma e reforçar a mensagem de que a luta pela segurança no trabalho é uma tarefa diária.
Em todo este tempo, nunca nos faltou a presença de familiares dos petroleiros mortos na unidade. Eles enfrentam a dor e buscam nela forças para estar conosco para reverenciar os seus e, sobretudo, prestar um serviço voluntário de valor inestimável à toda a categoria petroleira.
Quantos e quantas da categoria, nos aeroportos e em outras bases, não foram tocados pelas palavras de esposas, filhos, irmãos, destes companheiros que nos deixaram? Quanto estas mensagens e essas presenças deverão ter contribuído para o aumento da conscientização na luta pela segurança? Quantas vidas este empenho já terá salvado?
Por isso, o Sindipetro-NF, em nome de toda a categoria petroleira, manifesta aqui o seu mais profundo agradecimento a cada uma e cada um destes familiares, que deixam suas casas para estar conosco neste trabalho incessante. Jamais poderemos retribuir à altura toda a dedicação de vocês às petroleiras e aos petroleiros. E o mínimo que podemos fazer, além de agradecer, é jamais esquecer.
ACT Setor Privado
O Departamento de Trabalhadores do Setor Petróleo Privado, do Sindipetro-NF, chama a categoria a enviar sugestões e demandas para as negociações de Acordo Coletivo de Trabalho das empresas Champion, Halliburton, SLB, Baker, Wellbore e Expro. Os acordos referem-se a empresas com data-base em maio, e as sugestões dos petroleiros e das petroleiras devem ser enviadas até o dia 30 de abril para o e-mail do Departamento: [email protected]. O sindicato estimula a participação da categoria para que os acordos sejam cada vez mais melhores.
Transferências
O NF realizou no último dia 6 uma reunião setorial com trabalhadores da Petrobrás que foram transferidos de forma arbitrária na Bacia de Campos. No site da entidade está disponível um formulário (is.gd/formtransf) para que cada um informe sobre seu caso e subsidie das negociações.
Água turva no PT
A categoria do Parque de Tubos tem sofrido. “Desde o retorno ao trabalho presencial, temos tido graves problemas de abastecimento de água nas Torres Iriri e Imboassica. Constantemente temos problemas com água turva”, afirma Anderson Silva, vice-presidente da Cipa Imboassica. O NF cobra resolução.
Aposentados
De 30 de março ao dia 02 de abril o Sindipetro-NF promoverá o Seminário Petroleiro Para Sempre, reunindo aposentados e pensionistas. Estão confirmados os nomes de Norton Cardoso que fará uma palestra sobre Petros e Antonio Bráulio de Carvalho, diretor de Administração e Finanças da Funcef, que falará sobre a Anapar. É necessário fazer inscrição com a funcionária Ivana de Fátima pelo celular 22 98178-0079 até esta quarta, dia 15.
Estamos de olho
O sindicato enviou nesta segunda, 13, um ofício para o RH e Relações Sindicais da Petrobrás solicitando a intervenção e apuração sobre o aparente desvio de finalidade do gestor do SMS da UN-BC, que está aplicando um controverso formulário aos trabalhadores e, ao que tudo indica, extrapolando as suas atribuições.
VP-DL
O Jurídico do NF teve uma importante vitória no último dia 8: A Justiça acolheu a tese do Sindipetro-NF e determinou que o processo da VP-DL 1971 retorne à Vara do Trabalho de Macaé para receber novo julgamento. Em 2019, o sindicato ingressou com ação judicial coletiva para cobrar da empresa a integração da rubrica na base de cálculo.
AMS
No último dia 9, durante reunião do Grupo de Trabalho da AMS que está discutindo alternativas para o VCMH (Variação do Custo Médico Hospitalar), a FUP apresentou um estudo do Dieese sobre os reajustes do benefício ao longo dos últimos 20 anos e os impactos na renda. Até 2017, os reajustes do plano de saúde estiveram no mesmo patamar ou abaixo dos reajustes salariais, mas começaram a disparar em 2018.
VOCÊ TEM QUE SABER
Homenagem petroleira às famílias da P-36
O Sindipetro-NF marca na manhã desta quarta, 15, com Ato Público no Heliporto do Farol de São Thomé, em Campos dos Goytacazes, a passagem dos 22 anos da tragédia da P-36, que matou 11 petroleiros e levou ao fundo do mar a então maior plataforma de petróleo do mundo. O tema também será tratado no programa NF ao vivo, às 19h30.
Neste ano, além de lembrar os heróis brigadistas que perderam as suas vidas na tragédia, o sindicato fará uma homenagem aos familiares destes trabalhadores mortos, em agradecimento por estas mais de duas décadas de participações em atividades do sindicato em defesa da vida.
Ao longo deste tempo, a entidade priorizou a luta pela segurança e obteve muitas conquistas importantes, entre elas a que garante a participação do sindicato nas comissões que investigam os acidentes. Ainda assim, a segurança continua a não ser prioridade para a Petrobrás e demais empresas do setor petróleo, exigindo atuação firme da categoria petroleira na vigilância sobre as condições dos locais de trabalho.
Eleições NF 23: Inscrições de chapas até às 17h desta sexta
Termina nesta sexta, 17, o período de inscrições de chapas nas eleições para a diretoria colegiada e o conselho fiscal do Sindipetro-NF, para o mandato 2023-2026, conforme edital divulgado pela Junta Eleitoral responsável pelo pleito. A inscrição poder ser feita de segunda a sexta feira, das 9h às 17h, na sede do Sindipetro-NF em Macaé.
Acessando o link pelo qr code acima (is.gd/eleicoesnf23) é possível ter acesso às matérias do site do Sindipetro-NF que já trataram das eleições. Entre elas está a que traz o edital com todas as datas referentes ao pleito.
Entrevista: Obstáculos nunca param, diz liderança
Vitor Menezes
Diretora do Sindipetro-NF desde 20217, Jancileide Morgado atua em várias frentes de batalha no movimento sindical e nos movimentos sociais, unindo reivindicações classistas com lutas identitárias. No sindicato, faz parte do Departamento do Setor Privado e traz, neste mês da mulher, uma visão específica sobre as demandas das petroleiras empregadas em empresas privadas da indústria do petróleo na região.
Confira a conversa do Nascente com a sindicalista.
Nascente – Na última semana, muito se falou sobre o percentual estagnado de mulheres petroleiras na indústria do petróleo. A que você atribui essa estagnação?
Jancileide – Falta de espaço para as mulheres atuarem na Indústria Petróleo e Gás nas suas profissões. Difícil ter a oportunidade, por exemplo, de trabalhar na área offshore por causa de um ambiente onde trabalham muitos homens, com poucos camarotes para mulheres. Nunca vai desembarcar um homem para dar lugares às mulheres no camarote.
Nascente – No movimento sindical, no Coletivo de Mulheres Petroleiras, as demandas das petroleiras da Petrobrás ganham visibilidade. Mas, nas empresas do setor privado, onde você atua, o que você destaca como principais reivindicações das mulheres?
Jancileide – Temos avançando nos acordos coletivos nas empresas do Setor Privado, levando as pautas que são do Coletivo das Mulheres Petroleiras. Por exemplo: uma empresa concederá dois períodos especiais de 30 minutos de descanso por dia para as suas empregadas para que elas possam amamentar até os seis meses de idade de seus filhos recém-nascidos. As partes podem convencionar a flexibilização dos períodos de descanso, de forma unificada no início ou no final da jornada, para que melhor atenda às necessidades da empregada. Em outra conseguimos auxílio creche também para o homem solteiro, viúvo, separado judicialmente e também quem for adotar. Uma outra ainda deu 8 dias ao ano para levar seus filhos ou filhas ao médico.
Nascente – Também no movimento sindical debate-se há muitos anos o que fazer para que se tenha mais mulheres sindicalistas. Você, como liderança sindical, que obstáculos enfrentou e quais ainda enfrenta?
Jancileide – Como a categoria é maioria de homens, no movimento sindical não seria diferente. Os obstáculos nunca param e todos os dias temos que enfrentar. Temos essa dificuldade de encontrar mulheres para o sindicalismo. A mulher já tem uma jornada bem pesada e vir para mundo sindical seria mais um [peso].
Nascente – Além de muito atuante nos movimentos das mulheres, você tem presença forte nas lutas LGBTQIA+. Você vê conexão entre estas lutas? São enfrentamentos semelhantes?
Jancileide – Sim tem conexão e o enfrentamento são os mesmos, pois também nossa luta é contra o preconceito, a exclusão, a violação de seus direitos e a dificuldade de acesso à educação e ao mercado de trabalho. E queremos Igualdade e Direitos.
Nascente – Uma das grandes lutas das mulheres no mundo do trabalho é pelo respeito ao direito de ter salários iguais para funções iguais, entre homens e mulheres. Qual a situação do setor petróleo privado em relação a essa equidade?
Jancileide – Como negociamos acordo coletivo, quem tem a mesma função tem salários iguais, mas não vejo mulheres na indústria de petróleo e gás em cargos de liderança, como uma supervisora de Mecânica, Elétrica. Mas nos cargos de RH a maioria são mulheres que estão na negociação dos acordos coletivos.
RITA NO NF – Rita Von Hunty, que participou no último dia 11 de evento no Teatro do Sindipetro-NF, organizado pela Outra Produções e ACS Produções com apoio cultural da entidade, recebeu da diretoria do sindicato o jaleco laranja da categoria petroleira, símbolo de lutas pelo país. Ela falou sobre a “Importância do Teatro para construção de Patrimônio e Memória”. Único teatro em funcionamento na cidade de Macaé, o espaço do NF tem se tornado referência fundamental na cena cultural do município.
MÊS DA MULHER – Continua no próximo 23, com a Mostra Feminina de Cultura do Sindipetro-NF, no Teatro do NF, a programação do Mês da Mulher no sindicato. A programação completa e orientações sobre como participar estão disponíveis no site da entidade. Nas fotos, registros de algumas das atividades realizadas, como café de manhã na base, apresentação teatral na sede do NF e palestra na Petrobrás. A programação se estende até o final do mês, com Seminário dia 30 com o tema “A nossa liberdade está na união”.
NORMANDO
Seis lenços de seda
Normando Rodrigues*
Ano de 1988, no Congo, colônia belga. O magnata do uísque irlandês James Jameson queria ver canibais em ação e para tal comprou uma garota de 10 anos de idade e a serviu aos carregadores escravizados de sua expedição.
Amarrada a uma árvore, a criança foi aos poucos fatiada e, ainda viva, viu suas partes devoradas, até que lhe cortaram a cabeça.
Jameson registrou em desenhos cada etapa da canibalização da menina, pela qual pagara seis lenços de seda.
Foi um caso de curiosidade antropológica semelhante à de Bolsonaro, que se dispôs a comer carne de índio, e ambos os episódios se fundam na boa convivência entre liberalismo e escravidão, forjada por John Locke, Adam Smith e Thomas Jefferson, e presente no discurso de juízes do STF, segundo os quais “o sindicato atrapalha”.
O escravizado é uma “coisa”, um “recurso” não “humano” passível de jornadas de 16h de trabalho, espancamentos, choques elétricos e tornozeleiras eletrônicas para impedir fugas. Daí a esse “recurso” ser servido em postas ainda pulsantes é uma variação de grau e modo, não de princípios.
Abolida no papel no mesmo ano em que Jameson pagou seis lenços de seda pela menina feita refeição, a escravidão nunca deixou de ser praticada em Pindorama, o que só admitimos em 1995. De lá, para cá, o golpe de 2016, perpetrado “com o Supremo, com tudo”, e o governo fascista parido em 2018, a incentivaram.
O resultado são escravistas flagrados pelo Ministério Público do Trabalho no arroz em Uruguaiana (RS), no café com “alto padrão de sustentabilidade” em Manhumirim (MG) — os donos receberam de Bolsonaro o auxílio emergencial — e nos vinhedos do Sul. Destes últimos, Salton, Aurora e Garibaldi fecharam com o MPT um termo de ajuste de conduta, sem participação alguma dos trabalhadores (“sindicatos atrapalham”) que “coisas” eram e objetos permaneceram.
O trio escravista pagará pelo flagra 7 milhões de reais, dos quais 5 a místicas iniciativas de “recomposição do dano coletivo”, a critério dos procuradores. O total representa menos de 0,5% do faturamento de Salton, Aurora e Garibaldi em 2020.
O trabalho escravo segue um bom negócio, protegido da desapropriação de terras e meios de produção prevista na Constituição, e apoiado por associações patronais e parlamentares de suas regiões, e pelos 36% que votaram no canibal Bolsonaro.
36% que apreciam arroz de Uruguaiana com gosto de correntes, café Klem com aroma de suor de cativo, espumantes gaúchos com bolhas de choque elétrico e uísque Jameson com sabor de carne de garotinha pré-adolescente.
A cabeça da menina congolesa custou seis lenços de seda. Cada cabeça dos escravizados em vinhedos, uns 9,6 mil reais.
Dá pra comprar seis lenços de seda Gucci.
* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.
[email protected]
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