Leia a integra da Carta de P-40 aos trabalhadores e aos participantes da Conferência Internacional Sindical – Segurança no Trabalho Off-shore:
CARTA ABERTA AO TRABALHADORES DA BACIA DE CAMPOS E AOS PRESENTES A CONFERÊNCIA SINDICAL INTERNACIONAL DE SEGURANÇA NO TRABALHO OFFSHORE
Estamos vivendo uma época de crise, uma crise do sistema capitalista, onde vemos que a busca descontrolada e voraz pelo lucro traz a miséria, fome e morte para milhões de pessoas no mundo, no meio deste panorama estamos nós, base dessa cadeia produtiva, a ‘matéria-prima’ assalariada, onde a partir de muita luta e resistência requeremos ao longo da história, nosso direito ao trabalho seguro, digno e condizente aos lucros que proporcionamos e aos riscos em que estamos submetidos.
Todos nós, inseridos no meio industrial petrolífero, estamos expostos aos perigos de forma igual, a doença relacionada ao trabalho não enxerga nome de empresa no macacão, mas sim, ela é decorrente das condições do trabalho em si, nós trabalhadores temos compromissos profissionais com o ‘patrão’, mas o nosso principal compromisso deve ser com a preservação da vida, quando falamos de vida, falamos na vida saudável, saudável não somente no ambiente de trabalho, mas também no ambiente familiar, onde nossa forma de trabalho que é atípica nos traz complicações também na vida social. Nós temos esse compromisso, mas infelizmente não temos a reciprocidade dos gerentes onde colocam como prioridade a produção em vez dos interesses do trabalhador, colocam a máquina em primeiro plano, mas querem que sejamos máquinas, ou seja a saúde da gestão em detrimento à saúde ocupacional.
A cada ano que passa as empresas batem recordes de lucros, o que deixam seus acionistas felizes e também o mercado financeiro agitado, enquanto os índices de acidentes na industria de petróleo continuam a amedrontar os trabalhadores e seus familiares. Não bastou P-36, não bastou quedas de helicópteros, como também não vai bastar interdições de plataformas, somente com a união dos trabalhadores, conseguiremos conquistar nossos objetivos.
Assim como falavam para os jovens egípcios que a mudança nunca iria acontecer, ouvimos também isso sobre nossa situação, mas no Egito a revolução acontece hoje, e nas plataformas ela está prestes a acontecer, pois não agüentamos mais esse sistema que mutila e mata seus trabalhadores. Tomemos essa data de lembrança de uma tragédia como um convite à participação da nossa causa trabalhista para a construção de uma relação de trabalho mais justa, onde não somente só um lado ganha tudo enquanto o outro fica com as migalhas.
“Trabalhadores Uni-vos!!! ” Karl Marx
Trabalhadores de P-40
