No próximo dia 31 de março o Golpe Militar de 1964 completa 60 anos, marco que jogou o Brasil sob uma ditadura que perduraria por 21 anos, causando enorme impacto social e político para o país.
Para debater esses impactos ainda não resolvidos pelo Estado brasileiro, a Central Única dos Trabalhadores realiza nesta terça-feira (26) o painel “Ditadura Nunca Mais – A CUT na Luta por Memória, Verdade, Justiça e Reparação”.
O encontro irá retomar o processo de organização, atualização e efetivação do Relatório da Comissão Nacional da Verdade, Memória e Justiça elaborado pela central em 2015.
José Genoino, ex-deputado e ex-presidente do Partido dos Trabalhadores, fica com a abertura do painel, atualizando as questões sobre os crimes da ditadura militar no tempo presente e expondo quais são as tarefas para a classe trabalhadora nesta agenda. Genoino é historiador e foi preso político da ditadura.
Também estarão na mesa de debate o ex-ministro dos Direitos Humanos nos governos Lula 1 e 2, Paulo Vannuchi, e Jana Silverman, professora de Relações Internacionais na Universidade Federal do ABC (UFBA), com quem a CUT elaborou o relatório da Comissão Nacional da Verdade. Participa também o ex-deputado federal Luiz Eduardo Greenhalgh.
A secretária de Políticas Sociais e Direitos Humanos da CUT, Jandyra Uehara, responsável pelo debate, explica que o objetivo agora é colocar em prática as recomendações elaboradas a partir do relatório, finalizado em 2015, mas cuja execução foi interrompida pelo golpe da então presidenta Dilma Rousseff, em 2016.
“Este passado sombrio de graves violações aos direitos políticos, sociais e econômicos da classe trabalhadora continua com operadores ativos na maioria das forças armadas, atuando em conluio com a extrema direita como se viu nos acampamentos em frente aos quartéis e na tentativa golpista de 8 de janeiro”, afirma a secretária.
A atividade é aberta ao público das 14h às 17h na sede da CUT em São Paulo – rua Caetano Pinto, 575 – Brás.
O golpe de 1964
O Golpe Militar conduzido entre 31 de março e 2 de abril de 1964 foi uma conspiração realizada pelos militares contra o governo de João Goulart. O conchavo contra o então presidente foi motivado pela insatisfação das elites com os projetos realizados no governo, em especial as Reformas de Base.
Com a deposição de João Goulart realizada pelo golpe parlamentar, oficializou-se o Golpe Militar de 1964. Os militares, então, apresentaram à nação o Ato Institucional nº 1, que criava mecanismos jurídicos para justificar a tomada de poder. Pouco tempo depois, por meio de eleição indireta, o marechal Humberto Castello Branco foi eleito presidente.