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A SEMANA

Editorial

É ético servir comida podre para a categoria?

Um código de ética não é um código penal. Ele prevê comportamentos desejáveis e indesejáveis em uma determinada organização ou categoria, mas deixa a tarefa de aplicá-lo, com possíveis punições, a outras instâncias como, por exemplo, comissões de ética.

Mas, por outro lado, sendo o código a baliza destes julgamentos, acaba por refletir quem uma determinada organização considera puníveis ou não puníveis. Ou seja, as normas são feitas por um grupo visando, quase sempre, um outro.

Por esse e por outros motivos que a FUP exigiu e conseguiu ter assento em uma discussão acerca do Código de Ética da Petrobrás, que precisa ser revisto para ser compatível com este novo momento de reconstrução da Petrobrás.

É essencial que o Código realmente sirva para todos e todas, de todos os escalões da empresa. Historicamente a categoria viu comportamentos gerenciais que nunca foram enquadrados pela gestão, mesmo quando geram problemas gravíssimos de ambiência ou até mesmo prejuízos financeiros.

Agora mesmo, neste momento em que a categoria petroleira enfrenta o desrespeito absurdo que envolve a questão da alimentação, seria o caso de perguntar: é ético servir comida podre? O que acontecerá com os gerentes que permitiram que a empresa chegasse a tal ponto de degradação em um serviço tão essencial?

Em reunião com a Petrobrás, no último dia 8, sobre essa necessidade de revisão do Código de Ética com participação dos trabalhadores, a FUP começou pelo básico, reforçando a necessidade de o documento garantir o respeito à liberdade sindical e à negociação coletiva — sem a qual todas as demais questões éticas e humanitárias da empresa ficam debilitadas. A FUP também defendeu a inclusão no Código de Ética de um capítulo voltado para o papel social da Petrobrás, de referência ao chamado “sistema de consequências” e ao respeito à diversidade e à igualdade de direitos, inclusive entre trabalhadores próprios e contratados. Sigamos de olho!

Sindipetro gaúcho concentra doações

A FUP e seus demais sindicatos, entre eles o NF, continuam solidários e mobilizados junto ao Sindipetro-RS nas ações de ajuda aos atingidos pela catástrofe do Rio Grande do Sul. As entidades arrecadam contribuições para compra de alimentos, água potável, produtos de higiene, colchonetes, cobertores e outros materiais de necessidade básica. As doações podem ser enviadas para o pix  [email protected]. Até a manhã desta terça, 14, o número de mortos na tragédia havia chegado a 147, com 127 desaparecidas. As chuvas afetaram mais de 2 milhões de pessoas.

Punidos de 2016

Continua disponível o formulário para os punidos pela Operação Para Pedro, realizada em 2016 contra a insegurança no trabalho. Ocorreram perseguições e atos arbitrários contra trabalhadores de P-31, P-54, P-43, P-56 e da Transpetro. Acesso em is.gd/parapedro2016. Os casos serão levados à comissão de anistia.

P-25

Além da questão da alimentação, o NF tem recebido muitas denúncias sobre a hotelaria. Uma das mais recentes foi sobre a falta de sanitários desativados em P-25. O coordenador geral do Sindipetro-NF, Tezeu Bezerra, cobrou da gerência, que desembarcou os trabalhadores do piso atingido e anunciou obras.

Luto

O Sindipetro-NF recebeu, na manhã desta terça, 14, a informação da morte, por causas naturais, do petroleiro aposentado Joedir Sancho Belmont, que completaria 95 anos no próximo dia 4 de junho. O corpo do trabalhador foi velado no Sítio Boa Esperança, em Conceição de Macabu (RJ), onde residia. O petroleiro era filiado ao sindicato e muito querido pelos familiares, amigos e colegas de trabalho. A entidade manifesta as suas condolências neste momento difícil.

 

MEIO MARATONA O diretor do Sindipetro-NF, Luiz Carlos Mendonça, mais conhecido como Meio Quilo, está batendo um recorde entre a semana passada e esta semana. Do último dia 10 até esta quarta, 15, o sindicalista embarca em seis plataformas da Bacia de Campos, uma por dia: P-40 (dia 10), P-54 (dia 11), P-47 (dia 12), PRA-1 (dia 13), P-62 (dia 14) e P-52 (dia 15). Ele representa a entidade em reuniões de Cipa. Vale por uma Meia Maratona.

 

Manifesto e levantamento no cardápio

A categoria petroleira realiza, até o próximo dia 20, reuniões gerais nas plataformas da região para aprovação de um manifesto da entidade sobre o caos na alimentação e na hotelaria (veja ao lado), assim como elaboração de um relatório sobre as atuais condições de habitabilidade por plataforma.
O sindicato tem denunciado a gravidade da situação de diversas plataformas, onde trabalhadores encontram comida estragada, cozinhas sem higiene, falta de produtos e banheiros em condições degradadas. Ainda que um diálogo com representantes da empresa esteja sendo mantido em busca de soluções para estes problemas, o Sindipetro-NF entende que a resolução deve ser mais célere e mais compatível com a gravidade do problema.

A entidade orienta a categoria a bordo a fazer uma reunião geral na sala de cinema da plataforma, chamando todos os trabalhadores embarcados — tanto da Petrobrás quanto das empresas privadas contratadas, exceto chefia — para que seja discutida a realidade da hotelaria na unidade.

Na reunião, o sindicato indica que em cada unidade marítima seja feita a leitura e aprovação do manifesto e respondido o levantamento da situação a bordo sobre saúde, higiene, alimentação (em um formulário do Google no link is.gd/alimentacaoNF).

O sindicato destaca a importância da participação de todos os petroleiros e de todas as petroleiras, nesta questão que atinge a categoria em algo essencial à vida, à segurança e à dignidade.

Toda a pressão é necessária para mostrar a indignação da categoria e dar sustentação às ações do sindicato pela resolução imediata do problema. Embora estejam sendo realizados diálogos com áreas da gerência da empresa, a entidade avalia que são necessárias ações mais contundentes para que o problema seja tratado com a urgência devida.

O caos na alimentação atinge fortemente a Bacia de Campos, mas também ocorre em outras unidades do país. A questão é um dos itens de mobilização chamada pela FUP (veja na página 4).

Manifesto dos Petroleiros e das Petroleiras do Norte Fluminense

Acabou a nossa paciência com o caos na alimentação e na hotelaria

Nos últimos dias, a categoria petroleira tem sido humilhada com problemas inconcebíveis na alimentação e na hotelaria. O desrespeito chega a ponto de serem servidos produtos estragados, de faltarem itens e de haver falta de higiene no preparo, assim como falta de banheiros e outros problemas críticos.

O Sindipetro-NF tem encaminhado as denúncias e participado de reuniões com uma EOR (Estrutura Organizacional de Resposta), mas tanto a entidade quanto toda a categoria entendemos que a Petrobrás deve dar respostas mais urgentes a uma questão essencial para a saúde e para a segurança dos trabalhadores e das trabalhadoras.

Normas Regulamentadoras (como a NR 37) e o Acordo Coletivo estão sendo desrespeitados, assim como princípios básicos de preservação da dignidade humana. A categoria não suporta mais tamanho desleixo.

É verdade que os problemas de alimentação e hotelaria não são novos na Bacia de Campos. Como consequência das últimas gestões da Petrobrás, que impuseram contratos cada vez mais precarizados na hotelaria, que se sustentam por salários baixos e poucos benefícios, acarretando inclusive uma redução de pessoal, a qualidade  dos serviços pioraram.  Passaram a ser muito mais graves nos últimos meses, com flagrantes degradantes de comida podre, larva encontrada no prato, e de banheiros sem condições de uso.

Esta realidade produz impacto nocivo e direto nas condições de saúde e de segurança a bordo das unidades. Trabalhadores aviltados e mal alimentados têm comprometidas tanto a integridade física e psicológica individual quanto coletiva.

Tudo isso acontece em uma empresa extremamente lucrativa, que distribui dividendos generosos aos seus acionistas, e em meio a um outro conjunto grande de temas que também afligem a categoria petroleira, tanto na Petrobrás quanto nas demais empresas do setor petróleo (como as questões da Hora Extra do Deslocamento, dos Planos de Saúde nas Empresas do Setor Privado, do Equacionamento, entre muitos outros).

Assim como, a situação da Fafen-PR, cuja demora na reabertura da fábrica tem prejudicado os empregos e a saúde mental dos companheiros e companheiras. Expressamos nossa total solidariedade aos trabalhadores afetados, cujas vidas estão em suspenso devido a essa situação inaceitável. Reiteramos nossa determinação em lutar incansavelmente pela reabertura imediata da fábrica.

Ou seja, vivenciamos um tratamento desumano que vai do básico da alimentação no nosso dia a dia às questões mais estruturantes, que imaginávamos estarem muito mais avançadas em suas resoluções — dado os novos ambientes de governo e de gestão da Petrobrás instituídos há quase um ano e meio.  Neste sentido, registramos por meio deste manifesto a nossa completa indignação e a nossa disposição para a realização de mobilizações, incluindo uma greve se necessária, no exercício do direito de lutarmos pela vida e por respeito. A nossa paciência acabou.

Cenário de horror flagrado em armazenamento

Os diretores do Sindipetro-NF, Marcelo Nunes e Alexandre Vieira, participaram, na última sexta, 10, de uma inspeção conjunta com a Petrobrás numa empresa fornecedora de alimentos para as plataformas da Bacia de Campos. Os diretores ficaram indignados com o que viram e descrevem a situação do local como imprópria.

Durante a inspeção, foi observado que o ambiente de embarque dos alimentos próximo ao contêiner refrigerado estava com lama, excesso de poeira e próximo a áreas de resíduos. Adicionalmente, alimentos foram encontrados em condições inadequadas de armazenamento.

“Estou triste e indignado pela situação da categoria que está embarcada. É intolerável o que está acontecendo! – disse o diretor Alexandre, expressando sua consternação.

A diretoria do Sindipetro-NF irá encaminhar denúncia para a Operação Ouro Negro e órgãos competentes solicitando interdição da empresa de hotelaria e vai seguir cobrando da Petrobrás uma maior fiscalização nos contratos de hotelaria.

“O direito a uma alimentação digna faz parte do direito universal e não podemos aceitar as atuais condições dos alimentos”, afirma Nunes.

 

SAIDEIRA

Alimentação é uma das pautas nacionais para mobilização

A Diretoria Colegiada do Sindipetro-NF se reúne na tarde desta quarta, 15, para avaliar as possíveis formas de participação da sua base no calendário nacional de mobilização divulgado pela FUP nesta semana. A Federação chamou seus sindicatos filiados a realizarem assembleias para deliberar sobre estado de greve e realização de protestos. Entre as pautas listadas pela FUP está o caos na alimentação, que também atinge a outras bases do país.

Uma “reivindicação urgente é a melhoria da qualidade da alimentação dos trabalhadores de unidades operacionais, principalmente das áreas offshore, que estão enfrentando uma série de problemas de saúde, como intoxicações, e até mesmo deficiência nutricional”, divulgou a Federação.

As mobilizações também têm como objetivo aumentar a pressão pelo retorno dos trabalhadores da Fafen-PR, por solução para os equacionamentos da Petros, pelo fim dos descontos abusivos da AMS, pela resolução de pendências do ACT e pela anistia aos demitidos políticos da Petrobrás.

O Sindipetro-NF divulgará o resultado da reunião da sua Diretoria Colegiada com as orientações à categoria no seu site e redes sociais nesta semana.


NÃO AOS AFRETAMENTOS O Sindipetro-NF recebeu em sua sede de Campos dos Goytacazes, no último dia 9, o secretário municipal de Petróleo, Gás e Inovação Tecnológica, Marcelo Neves, para reunião com o coordenador geral da entidade, Tezeu Bezerra, e com o coordenador do Departamento Administrativo, Guilherme Cordeiro. O sindicato e a Prefeitura de Campos estão preocupados com os efeitos do afretamento de plataformas na indústria do petróleo. Neves e os diretores sindicais definiram uma agenda de reuniões e de outras atividades para fortalecer o debate sobre as questões que envolvem a indústria do petróleo e seus efeitos para a região.

 

NORMANDO

A chuva e os canalhas

Carlos Eduardo Pimenta*

A catástrofe sócio climática vivida pelo Rio Grande do Sul é mais um exemplo de como a tragédia é um motor para uso oportunista e hipócrita dos canalhas de plantão.

Os dados Defesa Civil do Rio Grande do Sul são aterradores, mais de 619 mil pessoas tiveram que deixar suas residências, 447 dos 497 municípios do estado foram afetados, aproximadamente 2,1 milhões de pessoas foram atingidas direta ou indiretamente pelas chuvas, 806 feridos, 127 desaparecidos, 147 óbitos.

Além desses dados assustadores, temos as estimativas da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul que apontam o comprometimento de 87,2% dos empregos industriais da região, 86,4% dos estabelecimentos industriais no estado foram diretamente impactados pela chuva e 83,3% da arrecadação de ICMS com atividades industriais. Os negócios estão parados, as escolas e universidades com aulas suspensas, o aeroporto Salgado Filho fechado por, no mínimo, trinta dias.

Ou seja, um impacto econômico e social inestimável.

Não obstante toda a desgraça e a dificuldade no auxílio aos impactados, temos a ação dos canalhas de plantão que aproveitam o ambiente de desgraça para espalhar desinformação. Seja qual for o motivo, esses indivíduos se utilizam da tragédia para promover agendas pessoais ou políticas, distorcendo fatos e criando pânico adicional entre a população já devastada. Propagam boatos sobre a atuação estatal, sugerem teorias conspiratórias sobre a destinação e/ou controle das doações recebidas e, em alguns casos, até mesmo lucram com esquemas fraudulentos de arrecadação de fundos.

A desinformação é uma arma poderosa que mina os esforços de recuperação e socorro. As falsas notícias podem levar ao descrédito das autoridades competentes, dificultando a coordenação e a distribuição de recursos. Além disso, cria um ambiente de desconfiança e medo, que só agrava o sofrimento das vítimas.
As fake news sempre derivam da descontextualização de um fato verdadeiro e sua propagação faz parte de uma tática bastante eficiente da extrema direita brasileira para controlar a narrativa de um determinado evento. No caso das enchentes, figuras conhecidas como o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o influenciador digital Pablo Marçal e o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG), se prestam a esse papel. Destaca-se que todos já estão sendo investigados pela Polícia Federal e um inquérito para investigar as fake news sobre as enchentes no Rio Grande do Sul, sob a relatoria da ministra Cármen Lúcia, já está em curso perante Supremo Tribunal Federal.

É imperativo que, em momentos como este, a população busque informações de fontes confiáveis e verifique a veracidade das notícias antes de compartilhá-las. O papel da mídia responsável e das autoridades é crucial para combater a desinformação e assegurar que as pessoas recebam informações precisas e úteis.

* Assessor jurídico do NF e da FUP. [email protected]

 

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