Nascente 1359

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A SEMANA

Editorial

Os 71 anos de uma trajetória de luta soberana

Nesta quinta, 03 de outubro, a Petrobrás completa 71 anos. Trata-se de uma trajetória muito bonita do povo brasileiro por soberania. Fundada no governo do então presidente Getúlio Vargas, ela foi resultado da campanha “o petróleo é nosso”. Foi uma luta importantíssima para firmar a convicção de que nós poderíamos sim, como nação, produzirmos o nosso próprio petróleo e garantirmos a nossa independência energética. Não foram poucos os que, na época, diziam que não seríamos capazes. Que só as empresas estrangeiras sabiam fazer. E nós, como povo, fomos lá e fizemos. Construímos essa empresa magnífica que é a Petrobrás que tanto nos orgulha.

É muito importante dizer que aqueles mesmos interesses entreguistas e privatistas, que não queriam que a Petrobrás nascesse, continuam a existir. A sociedade precisa ficar muito atenta a isso. Começamos a sofrer golpes duros nos anos 90, de Fernando Henrique Cardoso, que queria privatizar a empresa e acabou mesmo flexibilizando o monopólio estatal do petróleo e abrindo a porteira para a exploração estrangeira e para a terceirização. Até tentar mudar o nome da empresa ele tentou. Colhemos os prejuízos dessa política até hoje. Mais recentemente, nos anos Bolsonaro, várias áreas da empresa foram vendidas. Uma delas foi a BR distribuidora. A Petrobrás hoje é uma das poucas empresas de petróleo do mundo que não tem postos próprios.

A história da Petrobrás é a história da luta entre os que acreditam no Brasil, como sendo capaz de ter um estado forte e soberano, e os entreguistas e privatistas que acham que o deus mercado resolve tudo (e não têm projeto de país). A Petrobrás é a maior prova de que nós brasileiros podemos sim fazer algo grandioso, do tamanho da potência de um país tão rico. E podemos também fazer com que essa riqueza se transforme em algo em benefício de todos, não apenas de meia dúzia de empresas internacionais. Resistiremos e venceremos. Viva a Petrobrás!

 

 

O que lembrar quando estiver diante da urna

Você, petroleiro ou petroleira. Trabalhador ou trabalhadora de quaisquer outras categorias profissionais que eventualmente esteja lendo esse boletim sindical, terá um encontro com a sua consciência cidadã no próximo domingo, em mais uma eleição municipal. É um momento individual, de introspecção, mas repleto de significados e impactos coletivos.

Você poderá se lembrar de todas as barreiras que superou para chegar até aqui. Que precisou se qualificar muito para conquistar esse lugar, que estudou, virou noites, abriu mão de convívio familiar. Provavelmente terá vindo de escola pública, técnica, e terá sido orgulho da família por ter sido exemplo de mobilidade social.

Lembra também que não fez nada disso sozinho, que abraçou as oportunidades porque elas lá estavam, e que também viu muitos da sua geração não terem as mesmas chances.

Seu voto é tudo isso. É criação de novas oportunidades, é manutenção do segmento econômico que te emprega, é desenvolvimento com justiça social. Seu voto também é manifestação de consciência de classe, de valorização do ser trabalhador e se identificar como tal. É multiplicar o bem comum por meio de ações concretas, com políticas públicas, e não apenas por meio de discursos moralizantes. No domingo, o menino, a menina, que você foi, estará olhando para a sua escolha.

Aposentados

Aposentados, aposentadas e pensionistas do Sindipetro-NF têm reunião setorial nesta quarta, 02, às 9h, na sede da entidade de Campos dos Goytacazes. O sindicato disponibiliza ônibus saindo da sede de Macaé, às 6h30. Quem precisar utilizar esse transporte precisa fazer contato com o funcionário Ezequiel Andrade (22-999968096) para informar nome e número de identidade.

Redução de danos

A Escola de Redução de Danos, uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Macaé, está realizando encontros semanais no Teatro do Sindipetro-NF, em Macaé, com participação aberta à categoria petroleira e aos inscritos. As palestras acontecem sempre às quartas-feiras, das 14h às 17h30, e oferecem uma abordagem educativa e prática sobre estratégias de minimização dos danos pelo uso de drogas.

Luto

A categoria petroleira está em luto pela morte nesta segunda, 30, aos 77 anos, do companheiro aposentado Aldeci Ramos Teixeira, em decorrência de complicações da diabete e da hipertensão. Ele atuou em Imbetiba, na Base 60. O petroleiro foi velado nesta terça em Macaé, na capela do Cemitério Memorial. Era casado e teve quatro filhos. O Sindipetro-NF manifesta as suas condolências aos familiares, amigos e colegas de Aldeci. Para sempre, presente!

 

VOCÊ TEM QUE SABER

Bacia de Campos nos 71 anos da Petrobrás: Investimentos por mais 50 anos

Da Ascom do Ineep

A Bacia de Campos, que em 2024 completa os 50 anos de sua primeira descoberta de petróleo, está diante de desafios e possibilidades na indústria de petróleo, mas também no caminho da transição energética, atividades que terão uma contribuição significativa para a economia do país e do seu entorno. É essa a avaliação do estudo do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), realizado pelo seu pesquisador Francismar Ferreira com o histórico e expectativas para a bacia.

Intitulado “Diagnóstico da Bacia de Campos: Caracterização, desafios e possibilidades”, o trabalho é o terceiro da série do Ineep, seguindo-se ao “Diagnóstico Governança Corporativa na Petrobras – O sequestro na estatal?” e ao “Diagnóstico do segmento de exploração de petróleo e gás no Brasil”, divulgados, respectivamente, em agosto e setembro [todos disponíveis em ineep.org.br.

Caminhos

O diagnóstico aponta três caminhos para a nova Bacia de Campos: 1) desenvolvimento e avanço de projetos de revitalização visando o prolongamento da vida produtiva dos campos e, consequentemente, da bacia; 2) retomada exploratória com possibilidade de novas descobertas; e 3) ingresso da bacia em novas rotas tecnológicas e energéticas, como a geração de energia eólica offshore e a produção de hidrogênio verde.

A Bacia de Campos sustentou o aumento e o abastecimento nacional até a década passada, a partir de quando sua produção entrou em declínio em razão do amadurecimento dos campos e da redução dos investimentos. Apesar disso, ainda é a segunda maior produtora de hidrocarbonetos no país. No primeiro trimestre de 2024, a bacia respondeu por 19,5% da produção nacional, com uma produção média de 855,2 mil boe/d.

Além da queda produtiva, a Bacia de Campos passou por uma verdadeira reestruturação. A Petrobras, principal operadora da bacia, a partir de 2016, adotou um conjunto de estratégias visando maior rentabilidade no curto prazo o que implicou diretamente na redução dos investimentos da estatal e em uma intensa e extensa política de desinvestimentos em que foram privatizados dezenas de campos de produção e importantes infraestruturas.

Alerta

O Ineep considera que o desenvolvimento de projetos de revitalização para a Bacia de Campos é importante e fundamental para o futuro. No entanto, alerta para o fato de que o Plano Estratégico da Petrobras até o momento não articula de forma consistente esses projetos com a indústria nacional. Afinal, nota-se nos projetos em andamento a instalação de plataformas afretadas que foram construídas fora do país, abdicando assim da força de trabalho e dos fornecedores nacionais em sua construção. Esse processo acaba, em certa medida, rompendo com o histórico papel da Petrobras de indutora do desenvolvimento, especialmente no norte fluminense, onde liderou a estruturação de toda uma cadeia de petróleo e gás e a conformação de uma economia do petróleo”, afirma.

 

Nesta quinta tem Dia de Luta contra exposição ao benzeno

O 5 de outubro, no próximo sábado, é Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno, uma substância química altamente tóxica e cancerígena. A data tem raízes na luta petroleira contra a exposição ao produto, já que faz referência à morte, ocorrida em 2004, do petroleiro Roberto Viegas Kappra, técnico de operações da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em decorrência de leucemia mieloide aguda – uma das consequências do benzenismo.

O movimento sindical petroleiro, assim como aqueles que representam diversas outras categorias expostas ao benzeno, reivindicam o retorno da Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz) — como mostrou matéria do Nascente na semana passada —, e o combate rigoroso aos seus riscos. O produto é utilizado na indústria química como um solvente e um intermediário em várias reações químicas, como na fabricação de plásticos, resinas, borrachas, corantes, detergentes e fibras sintéticas.

Criada em 1995, a CNPBz tinha como missão regulamentar, fiscalizar o uso da substância e, em especial, reduzir a exposição dos trabalhadores e da população em geral ao benzeno. No governo anterior, de Jair Bolsonaro, a 972, de 21 de agosto de 2019, revogou 75 portarias, publicadas entre 1998 e 2018, que criavam comissões tripartes em funcionamento que abarcavam diversas áreas, entre elas a CNPBz.

 

Transpetro: Não deixe o voto em Cláudio para a última hora

Começou no último dia 26 e segue até este domingo, 06, a eleição do representante dos trabalhadores e das trabalhadoras no Conselho de Administração da Transpetro. A FUP e seus sindicatos, entre eles o Sindipetro-NF, orientam o voto em Cláudio Nunes (3333), técnico de operação do Terminal de Cabiúnas (TECAB), que tem uma trajetória de 17 anos na empresa, sempre defendendo os interesses da categoria e o fortalecimento da Transpetro.

 

 

Setor Privado: NF volta a pressionar sobre aditivos

O Sindipetro-NF vai voltar a cobrar da Petrobrás o cumprimento do compromisso, assumido pela empresa, de incluir aditivos em todos os contratos de empresas prestadoras de serviço, para que garantam planos de saúde para seus funcionários e dependentes.

O coordenador do Departamento de Saúde do Sindipetro-NF, Alexandre Vieira, informou nesta semana que ouviu relatos, de trabalhadores, de que empresas como a Estrutural, Tecinsp e Infotec não estão garantindo o plano de saúde aos familiares dos empregados. Em razão do plebiscito sobre os MTAs, o sindicalista tem embarcado em várias unidades da Bacia de Campos.

 

SAIDEIRA

Campos recebe exposição que lembra tragédia em plataforma

Para dar continuidade à memória da passagem dos 40 anos do acidente na plataforma de Enchova, ocorrido no dia 16 de agosto de 1984, um dos com maior número de vítimas na indústria do petróleo brasileira — 37 mortos e 19 feridos —, o Sindipetro-NF irá promover a exposição “Enchova: Marcas da tragédia – 40 anos depois”, na sede de Campos dos Goytacazes, que conta a história do acidente.

A exposição será inaugurada nesta quarta, 02, às 9h, e ficará aberta até 31 de outubro, das 08h30 às 17h30 — após esse horário, das 17h30 às 19h, a visita será permitida apenas com agendamento. Qualquer pessoa poderá visitar a exposição.

Em Macaé, a exposição ficou um mês na sede do sindicato na cidade e chamou atenção de professores do IFF e cursos de treinamento da região que levaram muitos alunos para visita.

“Essa exposição é excelente para mostrar para os alunos como é a realidade do trabalho nas plataformas, já que a grande maioria nunca embarcou”, comentou o instrutor Antonio Carlos Brito, de uma empresa de treinamento de Macaé. Ele contou que, na época do acidente, fazia um curso no Rio e seu irmão trabalhava na plataforma. Quando soube ligou imediatamente para casa, para ter notícias do irmão, mas felizmente sua mãe disse que ele estava de folga em terra. Ao retornar para sua casa em Campos, Brito teve a notícia que o amigo Paulo Roberto Lima havia morrido no acidente.
A mostra apresenta imagens de jornais e revistas da época, depoimentos de sobreviventes e destaca a importância da plataforma na década de 1980, além de prestar uma homenagem às vítimas.

 

NORMANDO

Fogo na Democracia 2

Normando Rodrigues*

No dia seguinte àquele em que sua desavisada colunista estabeleceu a regra de três entre Flávio Dino e Alexandre de Moraes, e entre o golpe circense de 8/jan/23 e as queimadas de 24, o sisudo “Estadão” se posicionou.

A voz da autoproclamada “elite quatrocentona” foi clara: louvor à destruição ambiental e ataque aos “excessos” de Dino, por se imiscuir na proteção à natureza. Tudo em nome do Ogronegócio.

O compromisso da grande mídia com o escravismo, a desigualdade social, os juros altos e o lucro dos banqueiros e, claro, com a soja e o boi no pasto antes florestado, é manifestação cristalina de consciência de classe. Apenas para não irmos muito longe, voltemos à temporada de incêndios de setembro de 21.

Na ocasião, o inconfiável Macron criticou a destruição da floresta tropical sob Bolsonaro e o Estadão saiu célere em defesa de seu fascista de “fácil escolha” aos brados de que “não há soja na Amazônia”, mentira que não resistiria a 3 minutos de consulta no Google, reveladora do cultivo extensivo do grão em MT, TO, MA, PA, RO, AM e RR.

Voltemos à regra de três, Xandão/Dino, golpistas/incendiários. Por menos que gostemos da comparação, há um desagradável denominador comum que a valida. Chama-se “impunidade”.

Assim como as “meras manifestações” (segundo os parlamentares fascistas que as querem anistiar) do 8/jan são tipificáveis em preceitos penais protetores do estado democrático de direito e do patrimônio público, os incêndios florestais desse findo inverno de 24 foram intencionais, concertados e são criminosos, ainda que verificados dentro dos latifúndios dos próprios incendiários.

Muito ao contrário das infelizes falas sobre a “inexistência de legislação adequada”, lamentavelmente vindas até da boca do presidente Lula, não faltam instrumentos jurídicos à União para combater o Ogronegócio destruidor.

A lei 8.629/93 possibilita a desapropriação dos latifúndios calcinados e seus artigos 6° e 9° excluem da categorização de “produtiva” as terras irracionalmente incendiadas.

O que realmente falta é vontade política de enfrentar o Ogronegócio, hipertrofiado em sua representação na Câmara dos Deputados e turbinado politicamente como não se via desde a revolução burguesa de 1930.

Para completar a impunidade legitimidora da regra de três, às centenas de descerebrados presos por conta do 8/jan, corresponde a irrisória dúzia (ante milhares de incêndios) de atoleimados foguistas presos. Todos, bagrinhos.

Os verdadeiros responsáveis pelos atentados à democracia e ao planeta vivo seguem soltos e felizes. E no domingo disputarão as prefeituras do Rio e de São Paulo com os Ramagens, com os Amorins, com os Nunes… e até com certo Pablo Lamaçal.

* Assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP. [email protected]

 

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