Rosângela Buzanelli*
O Brasil se tornou um dos principais países do mundo a receber investimentos das grandes petroleiras em projetos direcionados à transição energética. O jornal O Globo publicou nesta semana uma reportagem que mostra um crescimento de quase 1.600%, nos últimos quatro anos, no aporte em pesquisas de fontes renováveis no país, com foco em descarbonização para combater as mudanças climáticas.
A Petrobrás deu importantes passos, mais recentemente, com iniciativas e investimentos na descarbonização de suas operações e em novos negócios relacionados a fontes de energia de baixo carbono. A companhia tem a ambição de se tornar net zero até 2050.
O acréscimo de investimentos na transição energética, que abrange a descarbonização das operações e fontes renováveis e de baixo carbono, foi significativo a partir do “PE-24-28” e deverá manter tendência de aumento para o PNG 25-28 (Plano de Negócios e Gestão).
Os investimentos em descarbonização e renováveis estão concentrados na geração de energia eólica (onshore e offshore), energia solar, biocombustíveis, biorefino, “hidrogênio verde” e captura e armazenamento de carbono. Entre essas iniciativas, está a planta piloto de produção de hidrogênio “renovável”, também conhecido como “hidrogênio verde”, que será construída na Unidade Termoelétrica do Vale do Açu (UTE-VLA), no Rio Grande do Norte.
O hidrogênio renovável será gerado por meio da eletrólise, que utiliza a corrente elétrica para quebrar as moléculas de água, separando o hidrogênio e o oxigênio. E será produzido a partir de fonte renovável, no caso energia solar da termelétrica, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para o aquecimento global.
O projeto piloto é uma parceria com o Instituto Senai de Inovação em Energias Renováveis (Senai ISI-ER), com quem a companhia assinou termo de cooperação em fevereiro passado. A execução da obra vai ficar a cargo da empresa brasileira WEG. A Petrobrás estima que a unidade esteja pronta para começar a operar no início de 2026.
Serão os testes iniciais para avaliar o hidrogênio renovável produzido, que será usado para gerar energia. E também para a análise de novos estudos sobre a utilização da mistura de “hidrogênio verde” e gás natural na operação de microturbinas.
Pesquisas e testes conceituais para a utilização de hidrogênio como combustível em veículos leves pela Toyota e pesados pela EHM (Efficient Hidrogen Motors) divulgados recentemente na imprensa, ainda em estágio conceitual, podem ampliar as alternativas já disponíveis.
O desafio de fato é descarbonizar nossas operações e produtos (escopos 1, 2 e 3) e buscar as energias renováveis e de baixo carbono que sejam ambiental e socialmente responsáveis. Fato é que o petróleo ainda será necessário por décadas e que várias alternativas podem ser ainda mais impactantes ao planeta. Portanto, a resposta mais adequada à nossa equação não será a transição energética, mas a diversificação energética.