Cinco anos de uma das maiores greves da categoria petroleira

Greve de 2020 completa 5 anos: a maior greve da categoria petroleira desde 1995

 

O que motivaria trabalhadores e trabalhadoras a se unirem de forma voluntária para paralisar totalmente ou de forma parcial sua atividade de trabalho? Após a Reforma Trabalhista do Governo Temer é difícil imaginar algo assim. Talvez isso acontecesse por melhores salários. Sim, uma greve só aconteceria por motivos financeiros em nossos tempos, indica o senso comum. Mas há cinco anos, petroleiros e petroleiras de todo país provaram que o amor ao próximo ainda move as pessoas na direção certa. Em 2020, após o anúncio do fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, a Fafen-PR, a categoria petroleira parou por 20 dias. Tudo isso em busca da manutenção do emprego dos 396 trabalhadores que foram desligados após a decisão arbitrária.

 

A greve histórica teve início no dia 1 de fevereiro de 2020. A ocupação do Edisen no Rio por diretores da Federação Única dos Petroleiros (FUP) foi um marco desse movimento. “Nos chegamos ao nosso limite. Infelizmente essa gestão que assumiu a Petrobrás tem práticas que vão ao encontro com o que o Governo Bolsonaro tem feito no nosso país. Essa gestão bolsonarista anuncia a demissão sumária de 1.000 trabalhadores e trabalhadoras na Fafen Paraná,” disse o Coordenador Geral da FUP, Deyvid Bacelar, em entrevista direto do prédio da Petrobrás dando início a paralisação.

 

Ao começar a greve, os sindicatos anunciaram a paralisação inicial de 15 unidades de refinarias em 10 estados do país. No dia 13 de fevereiro, o quadro era de uma paralisação de 113 unidades da estatal em 13 estados, representando um número de mais de vinte mil trabalhadores em greve. A greve se tornou a maior greve na empresa desde 1995, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que também tinha planos de privatizações na estatal.

 

Petroleiros e a dor do povo brasileiro

 

Uma das maneiras encontradas pelo grevistas de protesto, foi a venda, em algumas cidades do país, do botijão de gás na faixa de 35 a 40 reais, bem abaixo do preço comum no país na época. Em Campos (RJ), centenas de botijões de gás foram vendidos pelo valor de R$40,00.

 

 

O fim da greve, mas não da luta

 

A pauta foi ampliada ao longo da greve. Além da manifestação ser contrária ao fechamento da fábrica no Paraná e as medidas de privatização, o cumprimento por parte da Petrobrás do acordo coletivo de trabalho (ACT) foi outro tema presente no impasse. Segundo os trabalhadores e trabalhadoras, o ACT não vinha sendo cumprido pela estatal.

 

Após muito dias de embate e mobilizações, no dia 20 de fevereiro a FUP anunciou a paralisação temporária da greve para maior diálogo e negociação com a empresa. Sindicalistas e Petrobrás fizeram um acordo no Tribunal Superior do Trabalho e a greve foi encerrada.

 

A vitória veio porque a luta continuou

 

No acordo feito entre a Petrobrás e FUP ficou decidido que as demissões fossem mantidas, por outro lado pautas como pagamento de hora-extra e tabela de turnos foram revisados pela empresa. A conquista final da categoria petroleira só veio com a chegada do Governo Lula.

 

Em agosto do ano passado, a vitória da greve de 2020 ficou completa. A Fafen-PR, que estava inativa há pouco mais de quatro anos, em início de julho de 2024, teve de volta parte dos trabalhadores demitidos. 215 ex-funcionários da fábrica reiniciaram suas atividades, e a expectativa é que sejam gerados mais de 2 mil empregos desde então. O retorno da produção está previsto para maio deste ano.

 

O Sindipetro-NF na greve de 2020

 

No Norte Fluminense, a greve se manteve, até o indicativo de suspensão provisória aprovado com adesão histórica. Foram 36 plataformas mobilizadas, de 39. Bases de terra movimentadas com concentrações e cortes de rendição em Cabiúnas.

 

As ações na Bacia de Campos, feitas pelo Sindipetro-NF, foram fundamentais para suspender as demissões na Fafen-PR, revertendo também as que já haviam sido aplicadas contra 144 trabalhadores. Além disso, a greve forçou a gestão da Petrobrás a negociar com a Comissão da FUP.