Greve de 2020 completa 5 anos, com legado de conquistas

Foram 21 dias de luta e solidariedade que entraram para a história como a segunda greve mais longa da categoria petroleira. Cada companheiro e companheira que participou desse movimento emblemático pode encher o peito de orgulho e reafirmar que a luta coletiva sempre vale a pena

[Da comunicação da FUP]

No dia primeiro de fevereiro, a categoria petroleira relembra os cinco anos da histórica greve de 2020, que abriu caminho para a reabertura da Fafen PR e o retorno de parte dos trabalhadores demitidos na época. A greve foi o primeiro grande enfrentamento da classe trabalhadora no governo Bolsonaro e teve por marca a solidariedade.

Já no terceiro dia de paralisações, um grande acampamento foi montado pelos movimentos sociais em frente à sede da Petrobrás, na Avenida Chile, no Rio de Janeiro. Petroleiros, petroquímicos e diversas organizações populares permaneceram em vigília, dia e noite, realizando diversas atividades em apoio à greve.

As campanhas de doações e venda subsidiada de combustíveis a preço justos começaram também em fevereiro de 2020 e se transformaram na principal estratégia de luta da FUP e dos sindicatos para denunciar a vergonhosa política de preço de paridade de importação (PPI).

O estopim da greve foi o anúncio do fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados de Araucária, feito pela gestão da empresa no dia 14 de janeiro de 2020. Era o início do segundo ano do governo Bolsonaro, com ataques permanentes ao Sistema Petrobrás, cujo desmonte seria acelerado nos meses seguintes, em meio à pandemia da Covid-19.

O anúncio desestruturou a vida de mil empregados próprios e terceirizados da Fafen. Muitos deles atuavam há mais de 20 anos na fábrica. Vários até hoje sofrem as consequências de uma decisão arbitrária, que empurrou o Brasil para uma dependência ainda maior das importações de fertilizantes.

Os petroquímicos e petroquímicas reagiram imediatamente e acamparam em frente à Fafen, onde permaneceram por 31 dias, resistindo o quanto puderam. No resto do país, a categoria petroleira atendeu ao chamado da FUP e aprovou greve por tempo indeterminado.

No dia 31 de janeiro, cinco dirigentes sindicais (4 da FUP e 1 do Sindiquímica PR) ocuparam uma sala do Edise, no andar onde funcionava na época a Gerência de Recursos Humanos da Petrobrás, cobrando negociação para evitar as demissões. A ocupação prosseguiu durante toda a greve, com a FUP buscando incessantemente a interlocução com a empresa.

No dia primeiro de fevereiro, a categoria aderiu em massa à paralisação, em um movimento crescente que foi ganhando corações e mentes por todo o país. Os trabalhadores questionavam não só o fechamento da Fafen PR, como também o desmonte do Sistema Petrobrás e as medidas arbirtrárias da empresa em relação às tabelas de turno.

A gestão da Petrobrás jogou pesado contra os grevistas e chegou a cortar o fornecimento de água, energia elétrica e até dos alimentos recebidos pelos sindicalistas que permaneciam no Edise. Além disso, a empresa recorreu ao judiciário, que impôs multas pesadas às entidades sindicais, caso a greve fosse mantida.

A categoria não se deixou intimidar. O movimento crescia a cada dia, ganhando apoio e solidariedade país afora. Enquanto isso, as tensões aumentavam, com uma série de liminares contra a greve.

Por meio de interlocuções com parlamentares, a FUP conseguiu abrir um canal de negociação com a Petrobrás e, após um acordo mediado pelo TST, os petroleiros encerraram a greve. Dias depois, já iniciavam uma nova batalha: desta vez em defesa da vida e contra os ataques da gestão bolsonarista durante a pandemia da Covid 19.

Mesmo com toda a resistência da categoria, não foi possível evitar o fechamento da Fafen Paraná, nem a demissão dos trabalhadores. Os petroleiros e petroleiras, no entanto, jamais abandonaram essa luta.

Passados cinco anos da greve de fevereiro de 2020, todos que participaram daquele movimento emblemático podem encher o peito de orgulho e reafirmar que a luta coletiva sempre vale a pena. A reabertura da fábrica e o resgate da dignidade dos 215 companheiros quer foram readmitidos são legado dessa luta histórica.

A categoria segue mobilizada, pois ainda há muito o que reconquistar.

Petroleiros e petroleiras, luta e resistência! Sempre!

Relembre passo a passo como foi a greve de fevereiro de 2020 e sua importância na luta contra as privatizações