Café da manhã sindical no Parque de Tubos mobiliza categoria na luta pelo teletrabalho

Petroleiros e petroleiras da base do Parque de Tubos, em Macaé, participam nesta manhã de um café promovido pelo Sindipetro-NF. A ação é mais um protesto contra as mudanças unilaterais feitas pela Petrobrás no teletrabalho. O objetivo é dialogar sobre o tema e manter a mobilização para pressionar a companhia a rever a sua posição.

“Começou por volta das 6h30. Cerca de 80 pessoas pararam para tomar um café e bater um papo com os diretores sindicais. Se informaram como está a relação com a empresa sobre o teletrabalho, sobre o fato de a empresa não querer negociar. Os sindicatos precisam ser mais ouvidos. Foi uma atividade muito boa. Durou até 8h30. E esse tipo de ação é muito importante, porque a gente fala de teletrabalho e sobre outras demandas também, é sempre importante estar mais próximo da base”, explica o diretor sindical Anderson Silva, lotado na base do PT e um dos que participaram do café da manhã.

Na semana passada, o NF realizou um trancaço nas duas entradas da base de Imebetiba, também em Macaé. Os acessos permaneceram fechados por cerca de duas horas. Também ocorreram atos nos escritórios da Petrobrás em Vitória/ES, Salvador/BA e Natal/RN, entre outras bases. Além disso, o sindicato realizou plantão no grupo de WhatsApp do Teletrabalho na tarde desta terça, 18, para esclarecer dúvidas e orientar os trabalhadores.

O assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP, Carlos Eduardo Pimenta, explica no boletim Nascente desta semana que “a Petrobrás decidiu reduzir os dias de teletrabalho de três para dois por semana. A mudança gerou reação dos trabalhadores, que veem no teletrabalho uma forma de equilibrar a vida pessoal e profissional. A redução pode resultar em maiores custos logísticos e menos tempo com a família, destacando a importância do diálogo e da negociação nesse contexto”.

O advogado acrescenta que “a luta pela manutenção do teletrabalho é, na verdade, uma busca por condições de trabalho que harmonizem a produtividade almejada pela Petrobrás e o bem-estar dos trabalhadores. A flexibilidade no ambiente de trabalho tornou-se um aspecto valorizado por muitos, e a adaptação das políticas de teletrabalho às novas realidades do mercado de trabalho é essencial para manter a motivação de todos”.

O tema do teletrabalho tem sido debatido e amadurecido pela categoria petroleira, por meio das suas entidades representativas, desde a implantação de um projeto piloto para a adoção do modelo. Um histórico abaixo relembra alguns dos principais momentos dessa trajetória.

O teletrabalho na Petrobrás

2018

Projeto Piloto de teletrabalho começa a ser implementado na Petrobrás, primeiro no RH da sede, no Rio de Janeiro, e depois se expande para outras áreas da companhia. Também foi implantado na Transpetro.

2019

Petrobrás apresenta projeto piloto de teletrabalho, e a FUP pontuou uma série de questões que precisavam ser levadas em consideração antes de qualquer ação da companhia. A FUP também criticou o fato de os gestores implantarem a modalidade sem discussões ou negociações prévias com os sindicatos.

2020

Com a pandemia de Covid-19, os petroleiros da área administrativa cumpriram isolamento. Em junho, a Petrobrás anuncia que manteria metade dos trabalhadores em teletrabalho permanente, por no máximo 3 dias por semana. A FUP pressionou para negociar o formato. Em agosto e setembro, a FUP realiza pesquisa online com mais de 2.000 questionários, para entender a opinião da categoria. Os dados apontaram que 92% queriam que o regramento fosse negociado com os sindicatos, 87% defendiam mais transparência nos critérios de adesão ao teletrabalho, e 81% queriam previsão sobre o tempo de permanência. Em novembro, o Sindipetro-NF lança pesquisa com o Dieese sobre teletrabalho na Bacia de Campos.

2021

Criado o GT do teletrabalho, ampliando os debates entre a FUP e a Petrobrás.

2023

Em abril, a Diretoria Executiva da Petrobrás aprova, em caráter piloto, a possibilidade de teletrabalho de cinco dias por semana para empregados com deficiência registrados na companhia, conforme previsto na legislação sobre Pessoas com Deficiência (PCDs) e com base na análise da área de Saúde da empresa.

2024

Em julho, a FUP apresenta uma proposta completa de regramento do teletrabalho como cláusula no ACT, mas a empresa opta por manter o modelo anterior. Ainda neste ano, com a troca da presidência da Petrobrás, o tema volt a ganhar força.

2025

Em janeiro, a Petrobrás altera unilateralmente o sistema de teletrabalho na empresa.

 

[Fotos: Luciana Fonseca / Imprensa do NF]