Há dez anos, em um 24 de fevereiro de 2015, em um momento de ataques extremos à Petrobrás, um ato histórico na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) iniciou uma virada política até então inimaginável que faz com que a companhia, atualmente, esteja voltada para novos investimentos e para o cumprimento do seu papel como agente do desenvolvimento social e econômico do Brasil.
O noticiário do país estava tomado pelo lavajatismo. Praticamente todas as noites, no Jornal Nacional, a Petrobrás era representada por um duto que jorrava dinheiro de corrupção. Na política nacional, o ambiente era de construção do Golpe que viria a tirar a presidenta Dilma da Presidência da República em 2016.
O Ato da ABI teve a coragem de defender a Petrobrás em um momento em que a empresa estava sendo massacrada, e junto com ela a imagem dos próprios petroleiros. Por isso foi instituído o uso do jaleco laranja, que havia sido utilizado inicialmente na base do Sindipetro-NF nas lutas pela segurança de voo — por ser de cor contrastante ao mar e contribuir nas operações de resgate. A vestimenta se tornou um manto de resistência petroleira e, além de ser adotada por todas as bases, passou a ser oferecida a autoridades, lideranças políticas e celebridades aliadas das lutas populares.
Matéria da Imprensa da FUP mostrou, na época, que uma faixa com a inscrição “Somos 200 milhões de petroleiros! Por uma Petrobrás 100% pública”, na fachada da ABI, recepcionou os participantes. “Dentro do prédio, o auditório lotado com mais de 550 pessoas fervilhava em aplausos e gritos em defesa da Petrobrás e da soberania nacional. Do lado de fora, outras centenas de pessoas acompanhavam ao vivo pelo telão o ato histórico realizado pela CUT e pela FUP, com participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de diversos intelectuais e lideranças de movimentos sindicais e sociais”, relatou a federação.
Além de Lula, o ato contou com presenças de peso como o escritor Eric Nepomuceno, os jornalistas Luis Nassif e Hildegard Angel, o físico Luiz Pinguelli Rosa, o ator Antônio Pitanga, os cineastas Luiz Carlos e Lucy Barreto, o cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, o ex-ministro de Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, o presidente do Clube de Engenharia, Francis Bogossian, o líder do MST, João Pedro Stédile, o presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos da OAB, Wadih Damous, a presidente da UNE, Vic Barros, além de toda a Executiva Nacional da CUT, da Direção Colegiada da FUP, de representantes da CTB, do MAB, da UBES, de partidos políticos do campo da esquerda, sindicatos de diversas categorias e de movimentos populares.
“Em vez de ficarmos chorando, vamos defender o que é nosso. Vamos defender a Petrobrás, porque defender a Petrobrás é defender o Brasil. Defender o Brasil é defender os trabalhadores brasileiros. Defender os trabalhadores é defender a democracia. E defender a democracia é defender a continuidade de um processo de revolução social que aconteceu neste país nestes últimos anos”, disse Lula, no ato.
Foi lançado o manifesto “Defender a Petrobrás é defender o Brasil” e anunciado uma sequência de atos e manifestações de rua em defesa da Petrobrás, como a que viria a ser realizada no mês seguinte, em São Paulo, no vão livre do Masp.
Neste mesmo ano de 2015, em julho, a categoria petroleira realizou uma plenária histórica, a 5ª Plenafup, com o tema “Defender a Petrobrás é defender o Brasil”, em Guararema (SP), na Escola Florestan Fernandes. De forma inédita, os delegados e delegadas aprovaram uma pauta de reivindicações, a chamada Pauta pelo Brasil, que priorizava a defesa da Petrobrás como empresa pública. A plenária também contou com a participação do então ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
[Fotos: Ricardo Stuckert]