PCH-1: Acidente gravíssimo por muito pouco não foi ainda mais trágico

Nos contatos com familiares e trabalhadores impactados pelo acidente em PCH-1, na manhã do último dia 21, diretores e diretoras do Sindipetro-NF têm percebido uma recorrência: o relato de que poderia ter ocorrido uma tragédia de dimensões ainda maiores. Tem sido comum a lembrança do caso P-36, em 2001, quando uma explosão na plataforma matou 11 trabalhadores.

Pelo menos dois acasos evitaram consequências ainda mais trágicas. O primeiro é o de que acidente aconteceu em um horário de troca de turno, às 7h25, quando havia poucos petroleiros na área. O segundo, o fato de que um helicóptero que estava chegando para buscar trabalhadores para desembarque atrasou 10 minutos, e poderia estar no helideck no momento da explosão.

Por outro lado, condições objetivas provocaram o grande número de atingidos por queimaduras e inalação de fumaça. São impressionantes os relatos sobre a precariedade da plataforma e as inerdições de várias rotas de fuga, que se tornaram obstáculos para que os trabalhadores atingissem com segurança o ponto de encontro.

Muitos trabalhadores, que sequer estavam no ponto específico da explosão, encontraram como única rota passar por dentro da fumaça e, em alguns casos, até mesmo por dentro do fogo, para buscar salvamento.

Também são dramáticos os relatos sobre as dificuldades de resgate ao trabalhador que caiu no mar, fugindo da explosão. Há informações preliminares de que a Petrobrás não estava preparada para o resgate e nenhum protocolo foi seguido. Inicialmente uma tentativa de trabalhadores voluntários buscaram o resgate por cordas. Depois, uma embarcação se aproximou e, mesmo não sendo de resgate, retirou o petroleiro da água.

Este petroleiro, da empresa Engaman, é o que apresenta o quadro mais grave de lesões. Ele continua internado na UTI do Hospital da Unimed, em Macaé, com queimaduras de primeiro, segundo e terceiro graus, além de politraumatismo. Outros três também estão em tratamento na UTI e, quatro, em quartos (totalizando oito ainda internados na manhã desta quarta, 23).

A recepção dos petroleiros acidentados nos aeroportos também está sendo objeto de análise do sindicato, com muitos relatos sobre falta de condições adequadas para o caso. A informações, que precisarão ser confirmadas, de que feridos com queimaduras precisaram passar por detectores de metal, como passageiros comuns, e que nem mesmo o controle aéreo sabia que o voo trazia vítimas de uma explosão.

Todas as circunstâncias do acidente, dos resgates e da recepção das vítimas nos aeroportos serão examinadas na comissão de investigação do acidente, que terá como representante do Sindipetro-NF a diretora Bárbara Bezerra, mas as informações preliminares já estão sendo reunidas pela entidade para que sejam tomadas as medidas cabíveis de cobranças e responsabilização.

Para a entidade, o que aconteceu em PCH-1 é absolutamente inaceitável, sobretudo em uma indústria altamente lucrativa e que já tevem padrões elevados de segurança. A diretoria do NF tem avaliado que o acidente é consequência direta do desmantelamento da Petrobrás nos últimos anos e não é um caso isolado. Muitas outras plataformas e áreas operacionais em terra têm apresentado falhas graves de segurança.

Os desinvestimentos em unidades e os cortes de investimentos em segurança das instalações e dos trabalhadores estão dando sucessivos avisos de que grandes tragédias são iminentes, o que tem sido recorrentemente denunciado pelo Sindipetro-NF em diversos fóruns e instâncias.

Uma das pautas da Greve de Advertência do dia 26 de março deste ano é justamente a da cobrança por um ambiente de trabalho que garanta a saúde e a segurança dos trabalhadores, tanto dos empregados da Petrobrás quanto das demais empresas do setor petróleo. Para a entidade, a vida deve estar acima do lucro.

No tópico “Fim dos acidentes, mortes e adoecimentos no Sistema”, do documento com as reivindicações petroleiras protocolado na empresa, a FUP (Federação Única dos Petroleiros) afirma que “foram 6 fatalidades no Sistema Petrobrás no final de 2024. A empresa tem o dever de garantir a vida e a integridade dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam no Sistema Petrobrás, sejam prestadores de serviços ou com vínculo direto.”